Foi-se o tempo em que vassoura, varinha de condão, caldeirão e chapéu preto eram símbolos atribuídos à imagem e característica de bruxas e bruxos no mundo. Muitos não sabem, mas atualmente essa legião de feiticeiros existe e é composta por pessoas que levam uma vida comum e podem ser encontradas em diversas partes do mundo, seguindo os fundamentos da bruxaria como religião.
Pensando em mostrar os mistérios desse mundo, o Portal LeiaJá traz, nesta segunda-feira (31), data em que se comemora o Halloween, as histórias atuais desses personagens e o universo contemporâneo de suas crenças, rituais, tradições e de que forma eles lidam com o preconceito.
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Como surgiu
Citada desde os primeiros séculos de nossa era, a prática da bruxaria ganhou cada vez mais adeptos no mundo, com divisões e estudos em grupos. Durante a Idade Média, os seguidores foram implacavelmente caçados pela Inquisição, vítimas de intolerância e desconhecimento da cultura.
A bruxaria chegou a ser reavivada na década de 1950, por meio do pesquisador Gerald Gardner, que criou a Wicca, uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa Ocidental que afirma a existência do poder sobrenatural.
De acordo com o pesquisador e jornalista Arthur Vinícius, a prática entre os grupos ainda se mantém reservada, em decorrência da herança histórica do preconceito e perseguições que existiam há tempos atrás e ainda são presentes.
“A bruxaria continua com o passar dos tempos, com celebrações em grupos espalhados por todo o país, mas a maioria dos encontros ainda acontece na surdina, de modo que as pessoas não saibam o que acontece. Os elementos das tradições espalhadas pelo mundo geralmente são retirados da cultura pagã, que consiste em tradição religiosa politeísta”, explica Arthur.
Ele acrescenta ainda que, diferente de como é definida por muitos, a bruxaria não é voltada para a idolatria satânica e nem ao exercício de promover o mal, Além de também não haver normalmente sacrifícios animais durante os rituais.
Divisões
Como em outras religiões, na bruxaria os grupos se dividem e possuem influências em comum, mas exercem suas próprias diretrizes. Além da Wicca, em todo o mundo existem outros grupos de bruxaria e suas divisões, como druidismo, bruxaria cerimonial, tradição picta, ecletismo, bruxaria eclética e outras infindáveis com suas práticas peculiares que envolvem as divindades da natureza, politeísmo e uso da magia, por meio de energias.
Em sua grande maioria, os seguidores são guiados pela lei “Sem a ninguém prejudicar, faça o que desejar", no entanto, existem várias vertentes e caminhos, que podem ou não seguir esta lei à risca.
O Portal LeiaJá escolheu um dos segmentos da religião, a Bruxaria Eclética, e acompanhou a tradição em que se comemora a renovação de um novo ciclo, intitulado de Festa da Colheita.
Bruxaria Eclética
Bruxos ecléticos são definidos como seguidores que não buscam um caminho específico de tradições, mas sentem-se livres para agregar aspectos e culturas distintas.
Em Paulista, um grupo formado por seis bruxos se reuniu, neste último sábado (29), para celebrar a “nova data”, que consiste o 'Samhain', uma espécie de ano novo pagão e início de um ciclo. A festa surge como agradecimento de todas as coisas boas e ruins ocorridas até o fim do período.
O sacerdote e líder Samhain Kleidouchos, 25 anos, explica que as bruxas são consideradas pessoas com sabedorias oriundas dos espíritos, natureza e divindades, e que o uso da magia e feitiços contribuem com essa identificação.
“Muitas pessoas não gostam nem se identificam como bruxas, pois esta palavra ainda tem um significado pejorativo muito forte, e quando se fala em bruxa, o senso comum pensa na velha feia com verruga no nariz mexendo o caldeirão e que 'adora o demônio', coisa essa que claramente não fazemos nem reconhecemos.”
Antes deste último ritual que acompanhamos, os membros devem estar “limpos”, isto é, só podem consumir comidas leves, bem como abdicar de carnes e bebidas alcoólicas. Todos devem estar preparados para ter contato com os espíritos fisicamente, psicologicamente e espiritualmente.
Uma das bruxas do grupo, Merit Heru, de 26 anos, ressalta que a tradição seguida no Halloween vai de acordo com o calendário sabático, que consiste em oito feriados no ano, com exaltação aos deuses e deusas.
Elementos
Na execução de todos os rituais há a necessidade de correspondências, que são definidas como elementos que trazem mais forças para a crença pagã. Velas, varinhas, pedras, cores roxa e laranja, e todas as montagens incluídas no altar, compõem a força específica para celebração das divindades.
“A magia não é nem bem nem mal, o que vai ditar é a vontade de quem a pratica. De um modo geral, buscamos sempre a evolução espiritual, temos consciência de que estamos aqui neste mundo a serviço dos deuses e da natureza, por isso, buscamos sempre fazer o bem, contudo, eu não irritaria uma bruxa...”, finaliza Samhain.
Confira a entrevista na íntegra que o Portal LeiaJá realizou antes do ritual com os bruxos ecléticos:
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