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O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) aprovou nesta segunda-feira (8), durante reunião do Conselho Deliberativo, a adoção de uma 3ª versão do software Ginga, ferramenta que possibilitará a interatividade das TVs que recebem o sinal digital. Na comparação com as demais versões (Ginga A e B), o Ginga C terá, além de maior capacidade de armazenamento de dados, uma estrutura de hardware que o colocará em condições de conexão com a internet.

“Por meio de um complemento opcional, o Ginga C dará maior capacidade de armazenamento para o setup box. Dessa forma terá mais espaço para manter os aplicativos residentes e para baixar mais conteúdo. É o primeiro passo para uma real integração da radiodifusão com a internet”, disse à Agência Brasil o presidente do fórum, Roberto Franco. O Fórum do SBTVD é composto por representantes do setor de radiodifusão, fabricantes de equipamentos e acadêmicos.

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Segundo Franco, apesar de respaldado por técnicos durante reuniões anteriores, o novo equipamento preocupava a chamada “indústria da recepção” – empresas do setor eletroeletrônico a quem caberá a fabricação dos setup boxes. Na votação feita na reunião, as especificações para o Ginga C foram aprovadas por 7 votos a 4.

“Essa preocupação [das empresas] é legítima e comum a qualquer sistema em fase de implementação, e foi fundamentada nos novos desafios e nos riscos de incompatibilidade com os perfis A e B do Ginga”, explicou Franco. Um grupo de trabalho foi montado a fim de identificar e solucionar o quanto antes eventuais problemas apresentados pelo software. “Estou seguro de que o risco de haver problemas será baixíssimo”, completou.

A TV digital brasileira faz parte do Projeto Brasil 4D, que é coordenado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Por meio dos televisores, será possível o acesso do cidadão a informações e serviços públicos. A ideia é levar essa ferramenta a cerca de 14 milhões de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família. Parte dos custos terá como origem os cerca de R$ 3,6 bilhões em recursos obtidos como forma de compensação, pagos pelas empresas de telefonia móvel que venceram a licitação da faixa de 700 megahertz (Mhz).

De acordo com o coordenador do Brasil 4D, André Barbosa, as empresas vinham se queixando do custo a mais que o Ginga C acarretaria. “No entanto o próprio mercado mostrou que o custo será praticamente o mesmo, com o equipamento custando em média apenas US$ 1 a mais [do que o setup box usado para os Ginga A e B]”, disse.

Entre os benefícios proporcionados pelo equipamento estão a possibilidade de consultas sobre vagas de emprego, capacitação profissional, e serviços públicos nas áreas de saúdem educação, segurança e transporte, além de serviços bancários.

O Brasil 4D já recebeu diversos prêmios. Entre eles, o Prêmio da Sociedade de Engenharia de Televisão (SET), na categoria Projeto de Interatividade para Televisão; o Prêmio Frida 2014; uma menção especial pela contribuição para a TV aberta no encontro La Cumbre TV Abierta 2013; e a menção honrosa do Prêmio Celso Furtado 2014.

A partir de 15 de fevereiro, 300 famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família no Distrito Federal vão usar a televisão para acessar benefícios e serviços dos governos federal e distrital. Poderão fazer consultas a vagas de emprego, oportunidades de capacitação profissional; ter acesso ao calendário de vacinação, além de acessar conteúdos e serviços bancários e de aposentadoria. Tudo pelo controle remoto da TV.

As famílias farão um teste do Projeto Brasil 4D, coordenado pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A expectativa é que em dez anos o projeto alcance as mais de 13 milhões de famílias beneficiárias do programa. O teste será acompanhado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que irá fazer uma pesquisa de campo e divulgar um documentário sobre o projeto.

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Os testes começaram no ano passado em João Pessoa, onde 100 famílias tiveram acesso à plataforma Ginga, criada e desenvolvida no Brasil. Por meio de um conversor, na tela da TV, os moradores tiveram acesso a oferta de empregos, a cursos de capacitação e a orientações para obtenção de documentos, além de informações sobre serviços e benefícios do governo federal, como aposentadoria, campanhas de saúde e os programas Bolsa Família e Brasil Carinhoso, entre outros.

Segundo o coordenador e idealizador do Projeto Brasil 4D, o superintendente de Suporte da EBC, André Barbosa, na cidade, foi constatada economia de R$ 12 mensais por família. "As famílias economizaram por não ter que pegar ônibus e ir até os lugares para procurar emprego ou capacitação, conseguir informações. Fizeram tudo pela TV", explica. Ele calcula que, quando o projeto estiver em vigor, a economia possa chegar, em dez anos, a um total de R$ 7 bilhões.

A intenção é levar os benefícios da internet a famílias de baixa renda que ainda não têm acesso à banda larga, explica Barbosa. O projeto funciona em parceria com empresas de telefonia, pela tecnologia 3G, usada em telefones móveis. Tudo deve ser custeado pelo governo.

O Projeto Brasil 4D deve ser testado na cidade de São Paulo em abril e maio. Os temas oferecidos serão saúde e educação. Os usuários poderão agendar consultas no Sistema Único de Saúde (SUS). Participarão do teste 2,5 mil famílias no primeiro semestre e mais 2,5 mil no segundo semestre.

Entre os parceiros no projeto estão o Banco do Brasil, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Caixa Econômica Federal, o DataSUS, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Totvs, HMATV, Oi, a Telebras e o governo do Distrito Federal.

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