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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assim como autoridades dos governos da Rússia, Coreia do Sul, França e inclusive China condenaram o sexto teste com bomba nuclear realizado pela Coreia do Norte neste domingo. A China é o maior parceiro comercial de Pyongyang.

O governo da Coreia do Norte confirmou na tarde de hoje (horário local) que realizou com sucesso o teste de uma bomba de hidrogênio mais avançada, carregada em um míssil de longo alcance. Segundo emissora estatal, o teste foi ordenado pelo líder do país, Kim Jong Un.

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Trump reagiu ao que chamou de "grande teste nuclear" afirmando que a Coreia do Norte é uma nação "desonesta" cujas "palavras e ações continuam sendo muito hostis e perigosas" para os EUA. Em seu perfil no Twitter, disse que o país asiático "se tornou uma grande ameaça e constrangimento para a China, que tem tentado ajudar mas com pouco sucesso". Trump afirmou ainda que a "Coreia do Sul está percebendo, como eu disse, que sua conversa de apaziguamento com a Coreia do Norte não funcionará". "Eles só entendem uma coisa", complementou, sem dar mais detalhes.

O presidente francês Emmanuel Macron condenou a ação "nos termos mais fortes possíveis". Em comunicado oficial, convocou os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para reagir rapidamente à nova violação das leis internacionais por Pyongyang. Macron disse que a comunidade internacional deve tratar a nova provocação de Pyongyang com a "máxima firmeza" a fim de trazê-lo de volta ao caminho do diálogo e dissuadi-lo dos programas nuclear e de mísseis.

O ministro de Relações Exteriores da Rússia afirmou em comunicado que o teste merece a "máxima condenação". Defendeu também diálogo imediato e negociações como as únicas formas de resolver os problemas da península da Coreia, incluindo o nuclear. O ministro reafirmou estar pronto para participar das negociações, inclusive "no contexto da implementação do plano russo-chinês". Por esta proposta, a Coreia do Norte suspenderia seus testes nucleares e de lançamento de mísseis e, em troca, EUA e Coreia do Sul suspenderiam seus exercícios militares conjuntos.

O ministro de Relações Exteriores da China também condenou o teste em comunicado, expressando "firme oposição e forte condenação" à atividade e demandando que a Coreia do Norte "pare de tomar ações equivocadas que deterioram a situação".

A Coreia do Sul afirmou que pretende responder à Coreia do Norte com as medidas mais severas possíveis. O diretor do Departamento Nacional de Segurança do país, Chung Eui-yong, afirmou que o presidente Moon Jae-in buscará todas as medidas diplomáticas disponíveis, incluindo novas sanções do Conselho de Segurança da ONU. Segundo Eui-yong, Moon também discutirá com o governo dos EUA formas de utilizar os "meios estratégicos mais fortes" de que dispõem os norte-americanos para isolar completamente Pyongyang.

Mais cedo, o gabinete presidencial da Coreia do Sul informou que o conselheiro do departamento de Segurança Nacional dos EUA, H. R. McMaster conversou por telefone durante 20 minutos com Chung Eui-yong uma hora após o teste.

Para um especialista em Coreia do Norte da China, o teste foi conduzido para prejudicar o ambiente do encontro dos Brics, grupo formado pelas principais potências emergentes globais: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. As lideranças destes países se reunirão na segunda e na terça-feira na cidade de Xiamen, no sul da China. Para ele, a Coreia do Norte tem demonstrado que não teme qualquer pressão, o que deixa poucas opções para outros países. Fonte: Associated Press.

As autoridades de Guam, que está na alça de mira da Coreia do Norte, distribuíram folhetos informativos sobre como reagir em caso de um ataque nuclear. Os panfletos foram elaborados pelo Escritório de Defesa Civil e Segurança Interna de Guam, território ultramarino dos Estados Unidos que sofreu ameaças do regime de Pyongyang nos últimos dias.

O folheto aconselha os cidadãos a fazerem uma lista de "potenciais abrigos de concreto" perto de suas residências, escolas ou locais de trabalho. Além disso, pede para as pessoas, em caso de um ataque nuclear, não olharem diretamente para a bola de fogo formada pela explosão, que poderia deixá-las cegas.

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Os cidadãos de Guam também são exortados a "se atirar no chão e cobrir a cabeça com as mãos", uma vez que a onda do impacto pode demorar até 30 segundos para chegar aos pontos mais distantes do eventual ataque. "Quando possível, tomem um banho com água e sabão em abundância, mas sem esfregar a pele", diz o panfleto informativo, que ainda insta as pessoas a não usarem condicionador para evitar que a radiação adira aos cabelos.

Apesar de todas essas precauções, as autoridades de Guam garantem que a ilha está segura contra possíveis agressões da Coreia do Norte, que fica a cerca de 3,5 mil quilômetros de distância. O Japão, situado no meio do caminho, também diz ter condições de derrubar qualquer míssil que cruze seu espaço aéreo.

Com pouco mais de 160 mil habitantes, Guam fica no Oceano Pacífico e abriga importantes bases militares dos EUA na região, por isso entrou na mira de Pyongyang, que afirma ter um plano para atacar a ilha com pelo menos quatro mísseis Hwasong-12.

Os Estados Unidos embarcaram em uma ambiciosa modernização de sua bomba nuclear B61, essencial para o futuro de seu arsenal e para dar continuidade aos esforços de redução de armas, mas especialistas criticam seu custo proibitivo e sua inutilidade.

Mantida com a Força Aérea desde o final dos anos 1970, a bomba é lançada por avião, ao contrário dos mísseis lançados dos silos ou dos submarinos, com os quais Washington conta em bom número. Isso continua sendo imprescindível, disseram funcionários da Defesa em uma audiência na Câmara de Representantes na semana passada.

"O B61 é a única arma em nosso arsenal que cumpre ao mesmo tempo missões táticas e estratégicas", declarou o chefe do Comando Estratégico, general Robert Kehler.

O poder de cada bomba, disponível em quatro modelos, pode ser regulado para ir de 0,3 a 360 quilotoneladas, o equivalente a 360.000 toneladas de TNT. Esse é o único tipo de bomba que os americanos podem armazenar - cerca de 180 unidades - no continente europeu, especificamente nas bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia.

O projeto consiste em reunir em um único modelo - o B61-12 - os diferentes tipos de bombas B61 para fazer "uma bomba nuclear tudo-em-um", assim como em aperfeiçoar a segurança e reduzir os custos de manutenção, afirmou o analista da Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês), Hans Kristensen.

Ainda assim pretende-se dotá-la de um kit de orientação para torná-la mais precisa, reduzindo a quantidade de material físsil necessário para destruir um alvo.

Combinada com a futura aposentadoria da bomba B83, a mais poderosa no arsenal dos Estados Unidos (1,2 megatonelada), esta modernização permitirá dividir por seis a quantidade total de material físsil das bombas lançadas por aviões, comemora Donald Cook, o número dois da Administração de Segurança Nuclear (NNSA, na sigla em inglês).

Derrapada inflacionária - Ainda em fase inicial, o programa de modernização já apresenta problemas. Estimado em US$ 4 bilhões há dois anos, um novo cálculo estabelece seu custo atual em US$ 8,1 bilhões, segundo Medelyn Creedon, encarregada dos Assuntos Estratégicos do Pentágono. Já um painel do Pentágono acreditar que custará entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões.

Esse aumento já suscitou a oposição de alguns senadores, que denunciaram os excessos do programa e reduziram em um terço o orçamento de US$ 537 milhões inicialmente destinado ao projeto para 2014. "Os argumentos contra a modernização da B61 são simples: é indisponível, desnecessário e inútil", afirma Kingston Reif, do Boletim de Cientistas Atômicos.

O diretor de Pesquisa da Associação de Controle de Armas, Tom Collina, também acredita que a Força Aérea está sendo muito ambiciosa em tempos de austeridade fiscal. Ele lembra que a instituição já deve financiar os desenvolvimentos dos caças F-35 e de um novo bombardeiro de longo alcance, além de ter a intenção de solicitar a fabricação de um novo míssil de cruzeiro nuclear para 2030.

Em relação à vontade do presidente Barack Obama de buscar uma redução das armas nucleares táticas na Europa, Collina avalia que "não faz qualquer sentido gastar bilhões para modernizar armas, das quais o presidente já disse que quer se desfazer".

E, acrescentou Collina, essa modernização pode ser contraproducente diante da perspectiva de conversas com Moscou. Apesar do objetivo declarado por Washington, os russos, que se apoiam em sua vantagem nuclear, especialmente pela relativa fraqueza de suas forças convencionais, podem se irritar, explicou Collina à AFP. "Não sei qual será sua resposta, mas, sem dúvida, não será positiva", acrescentou.

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