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O presidente da Boa Vista SCPC, Dourival Dourado, se disse surpreso com os dados positivos revelados pela Pesquisa Perfil do Inadimplente, divulgada nesta quinta-feira (16), pela empresa. Na avaliação dele, o levantamento mostra que o consumidor está mais atento e cauteloso em contrair dívidas. De acordo com o executivo, com perspectivas mais complicadas para o futuro, o consumidor pisou no freio na contratação de crédito e está procurando resolver as pendências que já tinha.

"Ficamos impressionados com o positivismo dos números em relação ao comportamento do consumidor inadimplente. Principalmente pelo fato de que, no passado, a consciência de manutenção do nome limpo não era muito clara", avaliou Dourado, durante teleconferência para divulgar a pesquisa. Ele afirma que, diante de uma perspectiva de inflação aumentando, nível de consumo do mercado reduzindo e o risco de perder o emprego, o consumidor tem "colocado as barbas de molho" e procurado quitar as dívidas antigas.

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O economista da SCPC Flávio Calif acrescentou que a empresa trabalha com um cenário para o próximo ano marcado por um mercado de trabalho "mais apertado" e juros altos. Diante disso, mesmo com um comportamento mais cauteloso do consumidor e do otimismo dele em relação à capacidade de pagar suas dívidas, Calif afirma que a empresa projeta um aumento da inadimplência no País para cerca de 7%, ante previsão de crescimento de 6,6% em 2014.

Para os próximos quatro anos, o presidente da SCPC prevê que a concessão de crédito deve crescer a taxas menores. "Se você olhar a expansão do crédito de pessoa física, em 2009/2010 era de 20% a 25%. Este ano a expectativa é de 5%", comentou Dourado. Ele avalia que o Brasil está encontrando seu equilíbrio, com consumidores mais cautelosos e instituições financeiras mais seletivas na hora de conceder o crédito. O executivo prevê que, independentemente de quem seja o novo presidente, a eleição não deve ter reflexo direto ou relevante no crédito e inadimplência.

"O ano de 2015, independentemente de quem seja eleito, será de realinhamento de políticas, o que já vem sendo demonstrado pelas pesquisas, com consumidor mais cauteloso, procurando reduzir seu nível de endividamento", afirmou o presidente da SCPC Boa Vista. Dourado defende que é preciso promover alguns ajustes, principalmente nas contas públicas, o que vai melhorar a confiança na economia.

Mesmo diante de um quadro de baixa confiança na economia, pesquisa sobre o perfil do inadimplente divulgada nesta quinta-feira (16), pela Boa Vista SCPC mostra que os consumidores estão mais otimistas em relação à sua situação financeira e suas dívidas, tanto hoje quanto para os próximos meses. O levantamento, referente ao terceiro trimestre e feito com aqueles que têm alguma conta vencida e não paga registrada no SCPC, indica que o consumidor está mais atento e cauteloso em contrair dívidas futuras.

A pesquisa mostra que a percepção sobre a relação recebimentos versus gastos para os próximos 12 meses melhorou para 93% dos inadimplentes no terceiro trimestre, ante 90% nos três meses anteriores. De acordo com a SCPC, foi a maior porcentagem registrada nas últimas 12 pesquisas realizadas. Ao mesmo tempo, os que responderam que a percepção piorou diminuíram dois pontos porcentuais, para 2%. Já os inadimplentes que disseram que a situação continuou igual diminuíram de 6% para 5%.

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A percepção atual em relação à sua situação financeira também melhorou para 41% dos entrevistados, ante 40% no trimestre anterior. Aqueles que consideram que essa relação continua igual também aumentaram cinco pontos porcentuais no período, para 43%, ao mesmo tempo em que os que acham que piorou diminuíram de 22% para 16%.

Outro dado positivo revelado pela pesquisa é o de que aumentou (de 41% para 48%) o porcentual dos inadimplentes cuja renda familiar está comprometida com pagamento de dívidas em até 25%, ao passo que diminuiu (de 26% para 19%) o daqueles cujo comprometimento é de mais de 50%. Apesar disso, a pesquisa revela que recuaram aqueles que consideram que as dívidas atuais diminuíram em relação ao ano passado, aumentando os que acham que continuam iguais e diminuindo levemente os que acham que aumentou.

O levantamento traz como positivo também que o valor das dívidas tem diminuído. Segundo a pesquisa, cresceram um ponto porcentual as proporções dos que informaram ter dívidas até R$ 500; de R$ 500 a R$ 1 mil; de R$ 2 mil a R$ 3 mil e de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Enquanto isso, diminuiu a parcela daqueles que possuem contas em atraso entre R$ 4 mil e R$ 5 mil e se manteve o porcentual dos que têm dívidas acima de R$ 5 mil.

Pagamento de dívidas

Enquanto o valor da dívida diminuiu, cresceu o número de inadimplentes que pretende quitar totalmente suas dívidas: de 74% para 78%. De acordo com a pesquisa da SCPC, 66% dos entrevistados pretendem pagar suas contas nos próximos 30 dias, porcentual maior do que o registrado no trimestre anterior (59%), ao passo que diminuíram as proporções daqueles que querem pagar entre 30 e 90 dias e acima de 180 dias.

A quantidade de contas que causaram a restrição também diminuiu. De acordo com a pesquisa, aumentou o porcentual dos que informaram terem apenas uma conta a pagar, enquanto diminuiu o daqueles que têm quatro dívidas. A proporção daqueles que possuem duas, três ou mais de quatro contas que causaram restrição permaneceram estáveis.

A pesquisa mostrou ainda que a principal forma de pagamento que o levou o consumidor a contrair dívidas passou a ser o carnê/boleto, seguido por cartão de crédito, cheque e empréstimo pessoal. No trimestre anterior, o cartão de crédito era o principal meio de endividamento dos consumidores. Já o produto ou serviço que mais gerou dívida continuou a ser a aquisição de móveis e eletrodomésticos. O desemprego também continuou como principal motivo que fez com que o consumidor não pudesse pagar a dívida.

O porcentual de cheques devolvidos por falta de fundos atingiu 1,98% em agosto, apresentando queda em relação ao mês anterior, quando a proporção foi de 2,15%, informou a Boa Vista SCPC, nesta quarta-feira, 17. Em agosto do ano passado esse nível era de 1,84%. O número absoluto de cheques devolvidos (1,200 milhão) caiu 13,6% em agosto ante julho, e o total de cheques movimentados (60,53 milhões) recuou 6,4%, no mesmo período.

No acumulado de 2014, o porcentual de cheques devolvidos sobre os cheques movimentados atingiu 2,05%, ante 2,01% registrado no período equivalente em 2013. O número absoluto de cheques devolvidos teve queda de 8,6% na mesma base de comparação. O total movimentado apresentou baixa de 10,3%. Na divisão por tipo de emissor, o total de cheques devolvidos caiu 11,0% nas pessoas físicas e -1,9% nas jurídicas.

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Os dados da Boa Vista SCPC mostram que os brasileiros vêm usando cada vez menos o cheque. No acumulado dos oito primeiros meses de 2010, por exemplo, foram movimentados 761,19 milhões de cheques, enquanto neste ano o total é de 511,50 milhões, uma redução de 32,80%.

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