A fabricante de celulares BlackBerry, que vem lutando nos últimos anos para recuperar o espaço perdido para iPhone e Android, será vendida e deve fechar o capital. A empresa comunicou, na segunda-feira (23), ter assinado uma carta de intenção para vender a companhia por US$ 4,7 bilhões (ou US$ 9 por ação) a um consórcio liderado pela Fairfax Financial - hoje dona de 10% da empresa canadense. Os números da fabricante serão analisados pela compradora nas próximas seis semanas.
Durante esse período, a empresa poderá avaliar também outras ofertas. Mas, se desistir da proposta da Fairfax, terá de pagar uma multa de US$ 0,30 por ação - ou US$ 157 milhões.
Após divulgar a notícia ao mercado, na tarde de ontem, as ações da companhia tiveram uma forte alta de 5,38%, cotadas a US$ 9,20. Mas o pregão fechou com os papéis a US$ 8,82. A visão do mercado é de que, mesmo que a operação seja concluída, o futuro da BlackBerry permanece incerto. A empresa foi a pioneira do mercado de smartphones e ganhou fama, principalmente no segmento corporativo, por causa da preocupação com a segurança de seu sistema. Mas, diante de um mercado tão dinâmico e da chegada de competidores mais ágeis, a empresa perdeu espaço e acumulou problemas financeiros.
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No segundo trimestre deste ano, a BlackBerry perdeu o terceiro lugar para a Microsoft, segundo a consultoria Gartner. Sua participação caiu de 5,2% para 2,7%. Na semana passada, ao revelar a estimativa de faturamento de US$ 1,6 bilhão para o segundo trimestre do ano fiscal (bem abaixo dos US$ 3 bilhões previstos anteriormente), a empresa comunicou a demissão de 4,5 mil pessoas, 40% do seu quadro de funcionários. Thorsten Heins, presidente da BlackBerry, disse na ocasião que a companhia estava implementando mudanças operacionais difíceis, mas necessárias, para se posicionar numa indústria mais madura e competitiva e caminhar em direção ao lucro.
Neste ano, a empresa lançou dois aparelhos no primeiro semestre: o Z10, de tela sensível ao toque, e o Q10, com teclado físico. Este último era visto pelo mercado como o modelo que poderia trazer bons resultados à fabricante, pois a presença do teclado o aproximava dos modelos que consagraram a marca no mercado. Mas lojistas já reportaram à imprensa americana que a demanda pelo aparelho estava perto de zero. Ainda assim, a empresa seguiu seu cronograma. Na quarta-feira passada, lançou o Z30, para concorrer com o iPhone 5S, da Apple, e com o Galaxy S4, da Samsung.
Brasil
No País, a BlackBerry, assim como no resto do mundo, também perdeu relevância. Em 2010, com uma fatia de 20,9%, segundo a Gartner, a fabricante só perdia para a Nokia, dona de 47,3% do mercado brasileiro. De lá para cá, o cenário mudou completamente. A participação da BlackBerry caiu para 18,8% em 2011, 7% em 2012 e 3,2% em 2013. No segmento corporativo, o aparelho continua com credibilidade, diz o analista de mercado Fernando Belfort, da Frost&Sullivan. Mas a escolha das empresas também têm de levar em consideração os dispositivos que os executivos querem usar. Considerando todo o mercado de celulares, a fatia da BlackBerry é de 1,2%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.