O Cine PE Festival Audiovisual de 2017 foi adiado. A diretora do evento, Sandra Bertini, se manifestou, em nota, sobre a desistência de alguns cineastas de participar da programação por discordar do direcionamento político de alguns filmes anunciados pelo festival.
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“Jamais houve quaisquer formas de politização das programações, pois uma simples pesquisa sobre as edições passadas, facilmente será revelado que o Festival sempre se pautou em mostrar tendências, linguagens, estéticas e ideologias”, afirma a nota. O texto também diz que o festival sempre pautou suas programações “pelo respeito aos valores básicos da liberdade, quais sejam o direito de expressão, o respeito à pluralidade e o combate ao instrumento da censura”.
Segundo Sandra Bertini, a produção foi surpreendida com as desistências e a retirada dos filmes a menos de 15 dias da realização do evento. Argumenta ainda que os títulos serão substituídos por outros que também se inscreveram, mas não foram selecionados na primeira programação divulgada. A reprogramação por conta das substituições “demanda por um tempo superior ao prazo do período de realização agendado, de tal modo que, pelo dever da prudência que sempre inspirou o Festival, será necessária postergar a execução do evento”.
O Cine PE se prepara para realizar sua 21ª edição, que tem como homenageados os atores Rodrigo Santoro e Cássia Kiss, além do crítico de cinema pernambucano Luiz Joaquim.
Ainda não há uma nova data prevista para a realização do Cine PE.
Leia a íntegra da nota de Sandra Bertini, diretora do Cine PE:
"A Direção do Cine PE, em função das manifestações contrárias à programação do evento, que proporcionaram a retirada de alguns dos filmes selecionados, dirige-se ao público em geral, para esclarecer os pontos e comunicar as seguintes decisões:
1. Que ao longo de 20 anos de realizações, que tornaram o Festival uma das referências nacionais do setor, todas suas programações, indistintamente, foram pautadas pelo respeito aos valores básicos da liberdade, quais sejam o direito de expressão, o respeito à pluralidade e o combate ao instrumento da censura;
2. Que, por isso mesmo, jamais houve quaisquer formas de politização das programações, pois uma simples pesquisa sobre as edições passadas, facilmente será revelado que o Festival sempre se pautou em mostrar tendências, linguagens, estéticas e ideologias, da forma mais coerente possível, por entender e evidenciar que o conceito da diversidade dever ser de todos e para todos;
3. Que apesar dessas manifestações se colocarem em tempo impróprio da pré-produção do evento, posto que a surpresa por essa represália, evidentemente, proporcionou um ônus fora do planejamento, torna-se cabível, pelo verdadeiro princípio democrático, respeitar-se as decisões tomadas;
4. Que essa situação implica na substituição dos títulos por outros que também fizeram suas inscrições de modo espontâneo, que estejam em ordem classificatória da Curadoria e que ainda se revelem dispostos a entenderem os valores que são a essência de quem faz arte e cultura – a liberdade de produzir e o sentimento de consideração pelas obras realizadas, na maioria das vezes, com enormes esforços;
5. Que essa adequação da situação à nova grade de programação, por razões técnicas e burocráticas, demanda por um tempo superior ao prazo do período de realização agendado, de tal modo que, pelo dever da prudência que sempre inspirou o Festival, será necessária postergar a execução do evento, cuja nova data será divulgada oportunamente;
6. Que, por fim, destacamos e enaltecemos o papel da Curadoria, a quem foi confiada a árdua missão do processo seletivo dos filmes, justo por ela reconhecer a importância do respeito à pluralidade, desde a criação à difusão, enquanto princípio basilar a ser perseguido, irrevogável e indistintamente, quaisquer que sejam os produtos artístico-culturais."