A data dia 15 de outubro como o Dia do Professor foi oficializada no Brasil em 1963, através do decreto federal 52.682 que estabeleceu o feriado escolar. Esse foi também o dia em que, em 1987, o imperador Pedro I decretou a criação do ensino elementar no País. O decreto, que inclui diversas questões como o currículo escolar e o salário dos professores e como seriam contratados, só foi cumprido 120 anos depois.
Hoje em dia, apesar de inúmeros avanços, a categoria sofre em muitos aspectos. Baixos salários, descumprimento da lei do piso salarial, infraestrutura precária em muitas escolas públicas e falta de planos de cargos e carreiras são reclamações recorrentes dos docentes, que de tempos em tempos recorrem à greve como forma de reivindicar uma escola de melhor qualidade. A luta não se limita apenas ao ensino básico. Neste ano, os professores das instituições de ensino superior da rede federal passaram semanas em greve e encerraram a mobilização sem serem plenamente atendidos.
##RECOMENDA##Esses problemas têm afastado estudantes dos cursos de pedagogia e licenciatura. De acordo com a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, ligado ao MEC, há um déficit de 300 mil professores na escola pública do Brasil. O número representa cerca de 15% do total de dois milhões de educadores em atividades em todo o País.
“Os adolescentes sonham em ter status e estabilidade. Ser professor não está enchendo os olhos de ninguém”, frisou a diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Correia. Segundo ela, a política de terceirização adotada atualmente não supre as carências. “Nós precisamos preencher as vagas com professores concursados. A terceirização deve ser usada para situações emergenciais”, recomendou. “Esse déficit gera um desgaste nos profissionais. O professor não pode nem ficar doente, porque quando fica, os alunos não têm aula. Os pais estão certos de reclamar a falta de aula, mas não podem colocar a culpa no professor, mas sim na má gestão da rede, que não tem estrutura para providenciar uma substituição”, ressaltou.
A falta de pagamento do piso salarial também é uma reclamação. Atualmente, o pagamento mínimo deveria ser de R$ 1.187 para professores que têm uma jornada de 40 horas semanais, mas nem todos os estados cumprem a determinação. “O DF paga acima do piso, mas quando comparamos o salário dos professores com o de outras categorias, percebemos que temos umas das menores remunerações”, analisou Rosilene Correia. “Sem contar que a estrutura da escola nem sempre é boa. Não tem quadra, biblioteca, laboratórios. Claro que temos escolas muito boas, mas elas não representam a realidade da maioria”, finalizou.