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Recife é a primeira cidade do Nordeste a receber a exposição Múltiplo Leminski, resultado de anos de pesquisa e catalogação de toda a obra de Paulo Leminski e que será aberta ao público na capital pernambucana nesta sexta-feira (28). A mostra, cuja curadoria ficou a cargo da família do artista, está instalada na Torre Malakoff, Bairro do Recife, e ficará em solo recifense até o dia 30 de maio. Convidadados e representantes do poder público, comoo secretário de Cultura, Marcelo Canuto, participaram nesta quinta (27) do lançamento da exposição, que contou com a presença da poeta Alice Ruiz, viúda de Leminski, além das filhas Aurea Ruiz e Estrela Ruiz

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A exposição no Recife terá um elemento inédito: A curadoria optou por destacar com um espaço exclusivo a obra Catatau, ficcçe ão do poeta curitibano que se passa na capital pernambucana (apesar de Leminski nunca ter pisado no Recife) durante o período de Maurício de Nassau. O livro conta como seria a visita do filósofo René Descartes em terras pernambucanas. Segundo Aurea Ruiz, filha de Leminski e coordenadora geral da mostra, a sala trará outros detalhes interessantes sobre Catatau. “Vamos mostrar os originais, o processo de criação, o primeiro conto que originou o livro, que se chama Descartes com lentes. Vai ter também o vídeo do ExIsto, baseado no livro e uma leitura bastante autoral do diretor Cao Guimarães”, revela ao LeiaJá a filha do poeta que admirava escritores e poetas pernambucanos como Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto.

Todos os demais espaços da exposição contam detalhes das outras facetas do multiartista curitibano. “Alguns espaços a gente fundiu as facetas, como por exemplo, jornalismo e publicidade. Inclusive são duas profissões que surgiram em momentos diferentes da vida dele e que praticamente foi o que manteve a renda dele. Enquanto ele estava escrevendo poemas, compondo, traduzindo, isso não gerava renda. A publicidade e o jornalismo não são menos importantes e ele fez isso durante muitos anos e fez bem”, comenta Aurea Ruiz.

'Recife tem tudo a ver com Leminski', diz filha do poeta

Mas além de escritor, poeta, jornalista e publicitário, Paulo Leminski interagiu com inúmeras outras linguagens como haikaísta, tradutor, biógrafo, ensaísta, contista, romancista, autor de experimentações verbais e visuais, roteirista de histórias em quadrinhos, judoca, professor, e compositor. A exposição traz ainda mais de mil objetos pessoais de Leminski que pertecem ao acervo particular da família, tais como a máquina de escrever, livros escritos e traduzidos por ele, obras que faziam parte da biblioteca particular, fotos, cadernos, recortes de jornais, entrevistas, cartas, poesias escritas em guardanapos, originais manuscritos e datilografados, histórias em quadrinhos e vídeos, entre outros.

Há também um espaço voltado para a garotada com atividades inspiradas nos dois livros de Leminski para o público infantil, que são Guerra dentro da gente e A lua foi ao cinema. As crianças vão poder conhecer as músicas de Pirlimpimpim, disco gravado por Guilherme Arante com músicas dele e letras de Leminski. E a curadoria vai entregar aos pequenos a revista Tio Lema, trabalho que visa despertar o interesse pela obra de Leminski. Ainda no quesito música, na próxima sexta (28), na Praça do Arsenal, Bairro do Recife, em frente à Torre Malakoff, será realizado o show Essa Noite Vai Ter Sol, com canções de Paulo Leminski interpretadas pela filha mais nova, Estrela Leminski. 

Serviço

Exposição Múltiplo Leminski

Torre Malakoff (Rua do Bom Jesus, Bairro do Recife)

28 de março a 30 de maio

Terça a sexta-feira | 10h às 18h

Sábados | 15h às 20h

Domingos | 16h às 18h

Gratuito

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A exposição Múltiplo Leminski, resultado de anos de pesquisa e catalogação de toda a obra de Paulo Leminski, chegou ao Recife e abre as portas para o público nesta sexta-feira (28), na Torre Malakoff, Bairro do Recife, onde está sediada. Com coordenadoria geral de Aurea Ruiz, e curadoria de Estrela e Alice Ruiz, respectivamente filhas e viúva do artista, a exposição busca ampliar o conhecimento do público sobre a vida e obra de Leminski. Além de espaços específicos para cada vertente do poeta curitibano, a mostra conta com uma área voltada para a obra Catatau (1975), ficção que se passa no Recife de Maurício de Nassau e conta com a participação do filósofo René Descartes. Aurea Ruiz recebeu a reportagem do Portal LeiaJá e contou sobre a exposição e algumas surpresas guardadas para o público. Confira:

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Ideia do projeto

Nosso desejo era levar essa exposição para Curitiba, porque já havia acontecido outras duas exposições em São Paulo, uma no Sesc Consolação e outra no Itaú Cultural. A gente passou um tempo tentando convencer a cidade de que isso era importante, conseguir mostrar a capacidade de produção do Leminski. E aí surgiu um convite do Museu Oscar Niemeyer (MON) pra gente fazer a exposição lá. Ficamos muito felizes, mas não imaginávamos que eles queriam fazer a exposição na maior sala do museu, que é o Salão Nobre O Olho, com mil e poucos metros quadrados de área. Quando fomos chamados pra fazer essa exposição foi realmente uma loucura, e a gente falou que ia ter que mergulhar em todas as facetas do Leminski, mostrar e revelar para o publico um pouco mais de cada uma, algumas mais conhecidas e outras menos, mas tentar abranger todos os aspectos da produção literária, musical, publicitária, jornalística e a relação dele com a cultura zen. 

Espaço dedicado à obra Catatau

Aqui na Torre Malakoff a gente tem uma sala especial, no caso da obra Catatau, que é uma coisa que não aconteceu em outras exposições. Primeiro porque Catatau é um livro que Recife e Olinda teriam inspirado meu pai a imaginar a história fictícia de como seria se René Descartes tivesse vindo numa comitiva de Maurício de Nassau, aportado aqui e visto aquela fauna e flora, essa coisa tropical da brasilidade, e a relação que ele teria com algo que era praticamente o oposto do que ele acreditava e defendia. A rigidez dele começa a se desfazer a partir do momento que ele entra em contato com o calor, a água e natureza. E a gente está fazendo uma sala especial para o Catatau. Estamos mostrando os originais, o processo de criação, o primeiro conto que originou o Catatau que se chama Descartes com lentes. Vai ter também o vídeo do ExIsto, um filme feito baseado no livro e que é uma leitura bastante autoral do diretor Cao Guimarães. E é bem legal porque conta no elenco com o ator João Miguel e dentre as cidades que receberam locação do filme uma delas é o Recife. Então você vê João Miguel como seria Descartes em 1600 e pouco, como um holandês, andando no Recife de hoje. Essa é uma das coisas que complementam a exposição pra gente trazer esse conteúdo e ampliar a visão e conhecimento que as pessoas podem ter da obra do Leminski.

Espaços da exposição

Alguns espaços a gente fundiu as facetas, como por exemplo, jornalismo e publicidade. Inclusive são duas profissões que surgiram em momentos diferentes da vida dele e que praticamente foi o que manteve a renda dele. Enquanto ele estava escrevendo poemas, compondo, traduzindo, isso não gerava renda. A publicidade e o jornalismo não são menos importantes e ele fez isso durante muitos anos e fez bem. 

Acervo familiar

Trabalhamos com todo esse legado há muito tempo porque desenvolvemos vários projetos neste sentido. Por exemplo, eu tenho um que é o acervo digital do Paulo Leminski, onde vamos oferecer todo o trabalho dele digitalizado, e a partir disso conseguimos fazer muita coisa. Na hora de montar a exposição Múltiplo Leminski, eu, minha mãe e a Alice Estrela, que crescemos no meio disso tudo, fomos bem intuitivas. Minha mãe, por exemplo, viu isso nascer e sabe como se desenvolveu, o resultado final, ela sabia o que ele pensava sobre determinados assuntos. Então acho que isso está tão inserido dentro da gente que acho que foi muito tranquilo pensar em cada faceta e ambientação dentro daquilo que a gente queria.

Recife é, culturalmente falando, uma excelência no Nordeste. Ela tem essas multilinguagens, uma coisa que é natural na cultura, e isso tem muito a ver com o Leminski também. São vários fatores na verdade para que viéssemos para cá primeiro, não houve uma busca e uma decisão simples. Dentro do Nordeste a gente imaginou que começar por aqui seria um ótimo começo por causa do Catatau, da cultura, da forma como as pessoas são antenadas. A gente fica imaginando o que será que as pessoas sabem do Leminski e aqui no Recife você tem a sensação de estar em casa, porque você fala nele e todo mundo já leu, já sabe o que ele fez. É impressionante. É uma cidade que a gente se sente com segurança e confortável de ser bem recebida pelo público.

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