Popularmente conhecida como uma doença que provoca tremores nas mãos, o Parkinson vai além deste sintoma. É uma doença que afeta o sistema nervoso central, que deixa de produzir dopamina, substância responsável pela movimentação do corpo, e ocasiona rigidez nos movimentos, lentidão, queda na percepção olfativa e tremores, afetando, principalmente, a execução dos movimentos rotineiros de um indivíduo.
“Essa pessoa vai precisar, daí em diante, ter sempre junto a si um acompanhante, uma pessoa que a auxilie a se trocar, a partir a comida, a dar remédio. Além disso, a primeira batalha é o próprio indivíduo aceitar que tem o Parkinson”, revela Terezinha Veloso, presidente da Associação Pernambucana de Parkinson (ASP-PE), e responsável por cuidar do marido, José, que possui a doença há anos.
##RECOMENDA##Ao todo, quase 300 pessoas frequentam o local, que promove palestras semanais, atividades de lazer e passeios turísticos com o grupo. “A socialização dessas pessoas é muito importante, pois eles podem desenvolver depressão, e muitos chegam aqui com este quadro, e toando medicamentos. Eles não podem se abalarem”, explica Terezinha Veloso.
No local, há espaço para palestras, sala de convivência, cozinha, espaço para lazer com jogos como dominó, bazar e loja com produtos feitos pelos associados para serem vendidos. Na associação, a maioria dos frequentadores são homens com idade acima de 60 anos, embora o Parkinson que possa afetar qualquer faixa etária e sexo, e seu tratamento é feito com remédios, distribuídos no local.
O diagnóstico deve ser feito por um neurologista, que, a partir dos sintomas apresentados pelo paciente, vai descartar outras doenças. “Não existe um exame para identificar a doença, o médico só vai conseguir identificar através do exame clínico e do histórico familiar”, explica.
Nesta sexta-feira (11), Dia Nacional do Portador de Parkinson, a ASP fará uma programação especial de lazer com os frequentadores. Uma palestra sobre Direitos dos Idosos com Parkinson também foi feita. “Eles possuem os mesmos direitos dos idosos, previstos no estatuto deste público. Para terem garantidos estes direitos, minha recomendação é que tenham sempre o laudo médico consigo, pois eles são isentos de tributos e, ao se aposentarem pelo INSS comprovando a doença, tem acréscimo de 25% no valor a ser recebido, para que possam custear seu acompanhante”, explica Luciana Dantas, promotora de justiça da pessoa idosa no Recife.
Outra dificuldade relatada pelos frequentadores da ASP é a falta de médicos nas unidades de saúde e a demora para a marcação de consultas. “De que adianta abrir mais postos e unidades se não há médicos?”, questiona Severino Joaquim de Souza, 73 anos, conhecido como “Seu Biu”, que há quatro meses teve o diagnóstico de Parkinson confirmado, e começou a frequentar a ASP. “Percebi que podia ter o Parkinson porque minhas mãos começaram a tremer, mas agora está mais controlado porque tomo remédio e frequento o centro. Aqui assisto a palestras e participo dos eventos, assim como também participo das atividades de um movimento cristão”, conta.
“Eu já tinha tremores desde pequeno, quando foi diagnosticada uma neuroplastia, e tive uma série de problemas que contribuíram para que o Parkinson aparecesse”, afirma Laércio Cruz, 77 anos. Ele relata que sente rigidez nos músculos, estalos em articulações, tremores e desequilíbrio para andar, mas não desanimou com a doença. “Para pegar ônibus é complicado quando você usa muletas e não pode correr, mas temos que seguir. Já trabalhei muito, gosto de ler, baixo livros na internet, busco temas que tenho interesse em conhecer, como o próprio Parkinson”, revela Cruz, que já foi balconista, representante comercial e dono de loja de livros no centro da cidade. Para ele, o mais importante no tratamento é se comunicar com os outros. “Isso é qualidade de vida, a pessoa sai do claustro e se mistura aos demais”, acredita.
Apelo por uma sede
A associação funciona no segundo andar de um edifício no bairro de Santo Antônio e foi criada há 13 anos, por três médicos que buscavam garantir os direitos das pessoas que tinham essa doença. Atualmente, a associação se mantém com auxílio de voluntários e enfrenta uma batalha para conseguir sua sede.
“Conseguimos um imóvel na Rua da Aurora, cedido pelo Estado, para montarmos a associação no local. Acontece que o imóvel está ocupado, então tivemos que buscar outra opção, pagamos aluguel, condomínio e outras taxas”, diz a presidente da ASP-PE. O grupo foi orientado a buscar a Defensoria Pública e a Procuradoria, ou mesmo um advogado que se sensibilize com a causa. “Não podemos desistir, temos nosso espaço garantido, mas precisamos de pessoas possam agilizar o processo”, finaliza Terezinha Veloso.