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Desde 2013 no Brasil, a americana Tommy Hilfiger registrou um aumento de participação de artigos de vestuário infantil no volume total de vendas. No ano passado, a fatia de produtos da linha Kids respondeu por 11,7% do faturamento da marca em 280 lojas multimarcas espalhadas pelo País. Foi um avanço de 2,4 pontos porcentuais em relação a 2015.

Na loja conceito (flagship) da marca instalada na Rua Oscar Freire, em São Paulo, no bairro Jardins, o avanço da participação da linha infantil passou de 3,9% das vendas, em 2015, para 4,8% no ano passado.

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"Estamos de olho no gosto desse novo consumidor, que começa a opinar sobre o produto cada vez mais cedo, influenciado pelas mídias sociais", afirmou a compradora e gerente da marca TH Kids no Brasil, Ghiselle Abreu.

A coleção infantil da marca está escalonada para três faixas de público: de três meses a um ano; de um ano a 7 anos; e de 8 anos a 16 anos. A gerente da marca explicou que até três anos de idade quem decide a compra é a mãe, o pai e o tio, por exemplo. "A partir de cinco anos, a decisão de compra é das crianças", observou.

Apesar do desempenho positivo da linha infantil, a empresa não tem planos, neste momento, de expandir a oferta desses itens para as 14 lojas próprias.

Ghiselle explicou que a linha infantil tem muitos itens - ocupa uma área de 40 metros quadrados - e por uma questão de falta de espaço físico haveria dificuldade de incluir a coleção numa loja comum. Hoje, a coleção Kids é vendida também na loja conceito.

A publicitária Lilian Nahat pediu demissão há três anos para abrir um negócio próprio: uma loja de produtos veganos, que vende de pasta de dente à carne de soja para churrasco. O veganismo exclui todas as formas de exploração e crueldade com animais para alimentação, vestuário e outras finalidades.

Lilian, que inicialmente era vegetariana e depois se tornou vegana, percebeu uma lacuna no atendimento a esse consumidor. "Eu tinha muita dificuldade de encontrar diferentes tipos de produtos veganos em uma mesma loja", explicou. Além disso, quando encontrava um item vegano num supermercado comum, tinha de gastar tempo lendo as especificações do rótulo escrito em letras miúdas.

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Não há dados sobre quantos consumidores veganos existem no País, mas os brasileiros vegetarianos somam 16,5 milhões, aponta a diretora de Varejo e Shoppings do Ibope Inteligência, Márcia Sola. E os veganos são, neste caso, um nicho dentro de outro nicho de mercado.

O Empório Mais Verde tem mais de mil itens expostos em 25 metros quadrados. Lilian conta que escolhe pessoalmente os produtos, conferindo as indicações que constam nos rótulos e entrando em contato com os fornecedores.

Animada com o desempenho da loja, Lilian contou que o número de clientes cresceu 12% no ano passado, mesmo num ano de crise para o comércio. Lilian ainda não vende pela internet, mas já tem planos de abrir a segunda loja dentro de dois anos.

A mais longa e profunda recessão que se abateu sobre o País atingiu em cheio o varejo e mudou a forma de o brasileiro consumir. "Com a crise, parecia que o mundo ia acabar. Não acabou, mas se transformou", disse Márcia Sola, diretora de Varejo e Shopping do Ibope Inteligência.

No início do mês, a especialista apresentou a uma plateia de empresários do setor de comércio e serviços um estudo sobre a perspectiva do varejo para os próximos cinco anos.

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Durante o 2º Simpósio de Varejo e Shopping, realizado pela Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop) em Punta Del Este, no Uruguai, Márcia apontou as cinco principais tendências de consumo que devem se consolidar no varejo até 2022. Algumas delas, já em curso, foram captadas por lojistas, que estão se adaptando às mudanças para conquistar novos mercados (veja exemplos abaixo).

Na opinião do presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, grande parte dos lojistas não captou essas tendências porque, nos últimos tempos, esteve ocupada em enfrentar os desafios do dia a dia. Com dois anos seguidos de crise e queda nas vendas, Sahyoun explicou que os empresários do setor - sobretudo os pequenos, que são a maioria nos shoppings - tiveram de correr atrás de capital de giro para fechar as contas do mês.

Em função dessa conjuntura complicada, os investimentos em novos segmentos foram deixados de lado pela maioria dos pequenos lojistas. No entanto, o presidente da Alshop acredita que há um potencial de mercado escondido nas tendências apontadas pelo estudo.

"A crise mudou o comportamento do brasileiro na hora de ir às compras", observou a diretora do Ibope Inteligência, apontando para o avanço do consumo de produtos reciclados ou usados. Quando a economia ia bem, lembrou a especialista, o consumo estava relacionado com artigos novos. Com a crise, o produto reciclado com cara de novo vem ganhando a cena, destacou.

Enquanto o volume de vendas de mercadorias novas caiu 6,1% no ano passado, a maior retração da série iniciada em 2001, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vários sites e lojas físicas de produtos de segunda mão cresceram na faixa de dois dígitos.

Além do aperto no bolso, a venda de itens reciclados foi impulsionada por uma nova visão de mundo, isto é, de um consumo mais consciente. "Reciclar é uma tendência que veio para ficar", disse Márcia.

A segunda tendência identificada foi o avanço de consumidores com mais de 60 anos. Em 1997, essa faixa etária reunia 13 milhões de pessoas. Neste ano, 26 milhões; em cinco anos, serão 32 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, segundo a especialista.

Esse público já representa 14% da população, detém 22% da renda e é a faixa etária que mais vai crescer nos próximos 20 anos. "O varejo trata mal esse consumidor, que tem dinheiro e tempo para gastá-lo", observou Márcia. Como até hoje o comércio e a indústria estiveram voltados para o público jovem, salvo raras exceções, não existem produtos adequados para os que têm mais de 60 anos. "Eles querem mais do que planos de saúde e cruzeiros de navio, querem ser desafiados."

No polo oposto, a diretora do Ibope Inteligência ressaltou o avanço do mercado infantil como outra tendência ainda pouco explorada no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, um terço das vendas da Target, a maior rede de lojas de departamento do país, é de itens para crianças.

Diferentemente do passado, as crianças são hoje o centro das famílias. "Elas influenciam a decisão de compra dos pais", afirmou Márcia. Parte dessa mudança, segundo ela, se deve ao fato de o pai e a mãe trabalharem muitas horas por dia e se sentirem culpados pela ausência.

Uma tendência importante identificada pelo estudo são os nichos de mercado. Hoje, por exemplo, mais da metade dos brasileiros (53%) está acima do peso e 18% são considerados obesos - o que significa um universo 34 milhões de pessoas. "O varejo não faz provavelmente nada com essa informação", alertou a especialista. Por falta de produtos feitos sob medida para esses consumidores, muitos preferem comprar em sites internacionais. "O futuro é o mercado de nicho, o varejo especializado. O consumidor não quer nada adaptado."

A quinta tendência revelada pelo estudo - o bom atendimento - pode parecer óbvia, mas não é para muitos varejistas. Com o avanço do comércio eletrônico e das redes sociais, quando o consumidor vai a uma loja física, ele já tem muitas informações sobre o produto que deseja comprar. Por conta disso, espera algo a mais, isto é, ter uma boa experiência de compra. "O vendedor é o embaixador da marca e poucos lojistas estão preparados", finalizou a especialista.

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