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Hussain Aref Saab, ex-diretor do antigo Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov) da Prefeitura de São Paulo, foi denunciado nesta quinta-feira (28) pelo Ministério Público Estadual (MPE) sob a acusação de 48 crimes de lavagem de dinheiro supostamente praticados para ocultar por meio da compra de 113 imóveis o recebimento de propinas de construtoras. Além dele, os promotores do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec) denunciaram Ana Paula Saab Zamudio, sua filha, por 32 crimes de lavagem.

O criminalista Augusto de Arruda Botelho, que defende Aref, afirmou que não havia tido conhecimento dos termos da denúncia e, por isso, não se manifestaria sobre a acusação contra seu cliente. O órgão dirigido pelo acusado de 2005 a 2012, durante as gestões dos então prefeitos José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), era responsável pela instrução, análise e decisão dos pedidos de licença para construção e reforma de edificações de médio e grande portes.

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Segundo a denúncia, assinada pelos promotores Joel Carlos Moreira da Silveira, Marcelo Mendroni, Arthur Lemos de Pinto Júnior e Roberto Bodini, a partir da nomeação de Aref para o cargo, "é possível constatar o início de um processo paulatino de acumulação de vultoso acervo patrimonial, constituído basicamente de bens imóveis e ativos financeiros".

Conforme antecipado nesta quinta pelo portal estadao.com.br, a denúncia afirma que esse processo de acumulação consistiu na compra de 113 imóveis de 2005 a 2012 no Estado. Seriam apartamentos, garagens, salas comerciais, terrenos e prédios, dos quais 65 foram registrados no nome do servidor e 48 em nome da empresa SB4 Participações, da qual Aref é o sócio majoritário. "O enriquecimento de Hussain (Aref), a toda evidência, não teve como causa a percepção de seus vencimentos, que jamais poderiam alicerçar tamanho incremento patrimonial, mas, sim, a criação de um sistema paralelo de atuação voltado à obtenção de vantagens ilícitas recebidas ou exigidas no exercício das funções do cargo."

As investigações dos promotores teriam obtido provas de que Aref interferia na tramitação de processos administrativos das mais variadas maneiras para obter o pagamento de propinas. "Hussain (Aref) recebia vultosas quantias para dispensar o cumprimento de exigências legais, acelerar a tramitação de processos e aprová-los", escreveram os promotores.

 

Carro-forte

Uma das testemunhas ouvidas em sigilo pelo MPE contou que até um carro-forte chegou a ser alugado para transportar R$ 640 mil em espécie pagos por um shopping center de São Paulo para Aref a fim de que ele aprovasse obras de expansão do estabelecimento.

Ao todo, quatro shoppings centers são citados na denúncia como supostos pagadores de propina - todos eles eram de responsabilidade na época dos supostas pagamentos feitos pela empresa Brookfield. A reportagem procurou a assessoria da empresa, que não respondeu até as 21 horas de ontem. Aref começou a ser investigado na gestão Kassab, depois que a Corregedoria da Prefeitura recebeu uma denúncia contra o servidor.

No caso da SB4 Participações, os promotores afirmaram na denúncia que a empresa foi usada para dissimular a propriedade dos bens. A empresa tem Aref como detentor de 70% do capital social e os demais sócios - a mulher e os dois filhos do servidor público - têm 10% cada um.

Para o Gedec, a participação da filha de Aref na dissimulação dos bens foi "imprescindível". Ela "estava incumbida da administração e gerência da empresa, bem como interveio pessoalmente nas compras dos bens registrados em nome da SB4 Participações".

Processos

Contra Aref, existem dois outros processos em andamento na Justiça. No primeiro deles, ele responde a dez acusações de corrupção passiva (pedir propina) e a um crime de concussão (exigir propina) na 1.ª Vara Criminal de São Paulo. O outro é uma ação civil pública na qual o ex-diretor do antigo Aprov é acusado de improbidade administrativa em razão do enriquecimento ilícito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A aposentada Marlene Rigotti Silva, de 72 anos, mora desde 2005 em um casa interditada na ua Lúcio Pavon, em Moema, a dois quarteirões do edifício na Avenida Iraí, cuja garagem atingiu o lençol freático. Hoje, a interdição é só no papel. Desde o ano passado, ela fez uma reforma de R$ 100 mil, mas ainda não pode vender o imóvel, porque continua a constar o risco de desabamento na Prefeitura. Outros vizinhos estão na mesma situação.

Do total gasto, R$ 72 mil foram pagos, por força de um acordo judicial, pela construtora do edifício. "A Prefeitura interditou a garagem, o corredor. Mas não saí da casa." A administração municipal diz que a interdição é só na parte externa e que, para que a reforma seja levada em consideração, Marlene precisa apresentar um laudo que comprove a segurança do imóvel.

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O ex-diretor do antigo Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov) de São Paulo Hussain Aref Saab ignorou o afundamento de imóveis em Moema, na zona sul, e retardou em ao menos cinco anos a restrição ao tamanho dos edifícios no bairro, enquanto moradores reclamavam de danos causados pelo solo frágil da região.

É o que aponta sindicância da Prefeitura. Desde 2001, o bairro sofria de problemas com o rebaixamento do lençol freático pela construção excessiva de subsolos de prédios. Com o atraso em publicar a nova portaria, de 2005, Aref, segundo a sindicância, "favoreceu indevidamente as construtoras e incorporadoras que atuaram no local", o que "agravou a situação do lençol freático e dos terrenos com baixa resistência", aponta a Procuradoria-Geral do Município. Na época, ele também era diretor do Departamento de Planejamento e Normatização Territorial (Deplano).

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Segundo a sindicância, Aref manteve com uma servidora, já morta, "encaminhamentos sucessivos, exclusivos e sem qualquer objetividade" do processo para restringir novas obras, depois que técnicos contratados pelo Município constataram os problemas na região, em 2000. A consequência foi a interdição de 70 casas depois que a Construtura Unihope iniciou uma garagem de dois pisos no subsolo de um prédio da Avenida Iraí, atingindo o lenço freático, em 2005. Procurada, a Unihope diz que "todos os problemas já foram sanados".

Diretor do Aprov de 2005 até abril de 2012, antes de o órgão ser extinto, Aref ficou conhecido pela denúncia de enriquecimento ilícito e suposta corrupção. Ele tinha renda mensal de cerca de R$ 20 mil, mas adquiriu 125 imóveis no período, acumulando patrimônio de R$ 50 milhões. Essa denúncia levou a um outro processo administrativo na Prefeitura para cassar a aposentadoria de Aref. O benefício é pago ao ex-diretor desde 2003.

No caso ligado ao Aprov, o Tribunal de Justiça, em agosto, considerou que a pena de cassação de aposentadoria não caberia mais para Aref, o que não impediria, porém, a investigação das irregularidades enquanto ele ocupava um cargo comissionado da Secretaria de Habitação do Município. O novo processo administrativo, aberto em fevereiro pelo Departamento de Procedimentos Disciplinares do Município, é uma maneira de a Procuradoria conseguir a cassação de aposentadoria de Aref, no valor de R$ 4.929.

Liminar negada. No dia 14, o Tribunal de Justiça (TJ-SP) negou um pedido de liminar (decisão antecipada) para suspender o novo processo administrativo aberto contra Aref, que sustenta que sua aposentadoria não pode ser cassada. Ele também alega que os atrasos na publicação da portaria para evitar o rebaixamento do solo em Moema não podem ser mais punidos, pois qualquer falta disciplinar naquele período já prescreveu. Procurados, os advogados do ex-diretor do Aprov não se pronunciaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acusado de enriquecimento ilícito, com um patrimônio estimado em R$ 50 milhões, o ex-diretor do Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov) da Prefeitura de São Paulo Hussain Aref Saab manteve a aposentadoria da administração municipal. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou um recurso da Prefeitura da capital paulista para cassar o benefício de R$ 4.929,00 como funcionário público municipal aposentado.

A decisão, de agosto, considera que a pena de cassação de aposentadoria não cabe para Aref, uma vez que ele deixou o serviço público em 2003 - a denúncia contra ele abrange o período de 2005 a 2012, quando estava como diretor do Aprov, um cargo comissionado da Secretaria Municipal de Habitação. A função original de Aref era assistente de políticas públicas na Prefeitura da capital.

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A Justiça ressalvou, porém, que a sindicância aberta na Prefeitura paulistana ainda poderá apurar o caso internamente para ter outras sanções criminais e por improbidade. O ex-diretor do Aprov da Prefeitura de São Paulo havia entrado em 2012 com um mandado de segurança para sustar o processo administrativo contra ele. Em primeira instância, havia perdido, mas conseguiu reverter a sentença em 2013. Enquanto esteve à frente da chefia das aprovações dos grandes empreendimentos da cidade, entre 2005 e 2012, Aref comprou 125 imóveis. O ex-diretor do Aprov da Prefeitura é suspeito de ter facilitado a aprovação de reformas em shoppings centers e de novos condomínios, sob pagamento de propina.

O Ministério Público Estadual (MPE) decidiu investigar oficialmente o prefeito Gilberto Kassab (PSD) no caso dos supostos pagamentos de propina a agentes municipais, como o ex-diretor do Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov) Hussain Aref Saab. Após ouvir sete testemunhas e acumular documentos, notas fiscais e outras provas, o MPE transferiu na sexta-feira o processo para o setor responsável pela investigação de crimes de prefeitos.

A assessoria de Kassab afirmou que não há nenhum indício que justifique o pedido de apuração contra ele e ressaltou que é "uma irresponsabilidade criminal a mais hipotética alusão ao seu nome". A Prefeitura diz ainda que a investigação sobre as irregularidades apontada no Aprov foi determinada pelo próprio prefeito, com base em denúncias anônimas.

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A investigação antes estava a cargo do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que encaminhou o caso para a Câmara Especializada em Crimes Praticados por Prefeitos, um setor específico dentro do Ministério Público que atua na investigação dos chefes dos Executivos municipais. O promotor Yuri Castiglione, do Gaeco, sugeriu à Câmara que tome de novo depoimentos de duas testemunhas que citaram o nome de Kassab durante as investigações. Esse grupo é subordinado diretamente ao procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, e chefiado pela procuradora Márcia Montenegro. Ela já investiga Kassab no caso da inspeção veicular, no qual são apuradas supostas fraudes no contrato com a Controlar. Ambos negam as acusações.

A menção não traz provas ou documentos que comprovem a participação do prefeito. Segundo a própria testemunha, a opinião de Chapela tinha base apenas nos altos valores que seriam destinados a Aref - o relato diz que ao menos R$ 4 milhões teriam sido pagos em subornos pelo Pátio Higienópolis. Aref e o shopping negam.

Chapela é o proprietário da Seron Engenharia, empresa que era subcontratada pela BGE para lidar com regularizações urbanísticas. Segundo ex-funcionárias da BGE, essa era uma das empresas que emitiam notas frias para encobrir o pagamento das propinas. Ele não foi localizado pela reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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