Ícaro Silva usou suas redes sociais, nessa quinta-feira (26), para rebater as polêmicas falas do dramaturgo Aguinaldo Silva, sobre Beyoncé e o racismo. Como argumentos, o ator apontou a ausência de representatividade negra nas novelas do autor. “Não nos conhecemos e é provável que isso nunca aconteça, dado que já sou muito grande para os papéis medíocres reservados aos pretos em suas obras”, afirmou em trecho.
O autor fez comentários sobre o fato da cantora pop ter se tornado a quarta pessoa e primeira mulher negra a usar um Diamante Tiffany. “Para mim, justiça social só quando qualquer mulher, independente da raça, idade, religião ou fama puder usá-lo. Isso acontecerá algum dia?”, questionou Aguinaldo em suas redes sociais, onde pouco depois afirmou que Beyoncé não é um bom espelho para outros negros e a taxou como integrante da “elite opressora branca”.
##RECOMENDA##Em seu texto, Ícaro exaltou sua mãe em referência aos valores e a forma que foi criado por ela. “Me sinto no dever de te apresentar Jô do Espírito Santo, uma mulher preta, nordestina e periférica, que criou dois filhos na favela, sob violência constante, com um salário de faxineira”, diz para Aguinaldo.
“Jô, que tinha 25 anos quando me deu à luz, me ensinou tudo sobre exaltar e celebrar os nossos em sua ascensão. Me ensinou a torcer por todo e qualquer preto que estivesse posto à prova, como você tenta agora fazer com a imensurável Beyoncé”, emendou de forma direta, criticando as falas do autor contra a cantora pop.
Ícaro fez questão de mostrar que a cultura negra importa e deve ser passada de geração em geração, exaltando tudo que venha a fazer alusão a sua cultura, já que há pessoas como Aguinaldo, que são contrárias a esse tipo de pensamento.
“Graças à educação antirracista de Jô, minha referência de infância é a Biba de Cinthya Rachel e não a Xuxa de Maria Meneghel. Graças à educação antirracista da minha mãe, aprendi que haveria aqueles que se usariam de sua língua ferina e seu privilégio branco para tentar diminuir nossas conquistas e apontar nosso lugar”, declarou.
Logo depois, o ator deixou explícito a visão que tem das novelas do dramaturgo, que não contemplam a história negra. “Seu olhar viciado sobre a sociedade brasileira, expresso em novelas ainda hoje tão embranquecidas, não contempla nossa história, tampouco nosso tamanho”, afirmou.
Em alusão ao fato de Beyoncé ter se tornado a quarta pessoa da história e a primeira mulher negra a usar o Diamante Tiffany, Ícaro disse que espera ver a cantora nadando em diamantes como esse e não apenas ela.
“Eu quero Beyoncé carregada de diamantes, Aguinaldo. Quero ve-la coberta da cabeça aos pés das pedras mais preciosas já roubadas do continente africano pelos europeus. Quero ver Beyoncé nadando em um cofre de diamantes como se fosse tio Patinhas, quero ter que usar óculos escuros pra ver Beyoncé, quero que “Beyoncé” seja sinônimo de diamante de 30 milhões de dólares. E o dobro eu desejo para toda e qualquer mulher preta nesse planeta! Beyoncé é o presente e cada vez mais o futuro, Aguinaldo”, desabafou Ícaro.
O ator finalizou seu discurso ligando Beyoncé a uma série de artistas brasileiros negras, relacionando-as ao fato de que Aguinaldo não consegue entender por conta uma de uma “ignorância racista”.
“Beyoncé é Joelly, Jô, Taís, Pathy, Aline, Sheron, Cris, Jéssica, Sofia, Lellê, Iza, Uriass, Drika, Tassia, Linn, Liniker, Alcione, Eliana Pittman, Carol, Indira e Elza. Beyoncé sou eu. Algo que você não consegue identificar e que nunca soube representar. A Elite Preta que o racismo te impede de sequer reconhecer e que torna obsoleta qualquer representação falha proveniente da ignorância racista”, concluiu.
[@#podcast#@]