Tópicos | Águas-vivas

O modo como as águas-vivas e as lampreias se deslocam, sugando a água para se mover pra frente, pode ajudar na concepção de um novo tipo de submarinos, que demandem menos energia - é o que diz um estudo publicado nesta terça-feira (3).

"Nossas pesquisas mostram que as medusas e as lampreias aspiram a água para poder ir pra frente em vez de empurrar contra a água que fica para trás, como imaginávamos", disse à AFP John Dabiri, da universidade norte-americana de Stanford, co-autor do estudo publicado pela revista Nature Communications.

A descoberta "coloca em xeque todas as nossas hipóteses anteriores", segundo o engenheiro. Essa constatação poderia, eventualmente, permitir "conceber veículos submarinos que de deslocam com uma eficácia energética inédita", segundo ele.

Já se sabia que as águas-vivas e as lampreias eram capazes de mover-se rapidamente sem gastar muita energia, mas não se sabia a razão. "Se o mecanismo de aspiração observado nos animais puderem ser aplicados a veículos subaquáticos, seria possível obter poupanças de energia significativas", argumenta o engenheiro.

As lampreias são uma espécie de peixe muito antiga, que ondulam como uma enguia, e as águas-vivas são seres moles sem cérebro ou espinha dorsal, que habitam os oceanos há milhões de anos, antes mesmo da formação dos continentes.

Para a definição da locomoção, os investigadores estudaram a pressão da água que circunda os animais. "Ao medirmos, pela primeira vez, a pressão que esses animais têm sobre a água ao redor, nós demonstramos que o seu mecanismo de nado é muito diferente do que pensávamos", explicou John Dabiri.

De acordo com o seu modo de movimento, o animal cria na água que o circunda, uma alta ou baixa pressão. Mover o corpo para o lado cria uma alta pressão, de modo que a rotação do corpo cria turbilhões que são acompanhadas por uma pressão baixa.

No caso de a pressão elevada, o animal pode ser utilizado para a propulsão, enquanto uma baixa pressão puxa os animais para a frente como se tivesse sido sugado. "Nossos resultados indicam que estes nadadores, de alto desempenho, usam principalmente o mecanismo de baixa pressão", apontou Dabiri.

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