Tópicos | Agnelo

Na gravação que a Polícia Federal recebeu na noite de ontem das deputadas distritais Celina Leão (PSD) e Eliana Pedrosa (DEM), o lobista Daniel Almeida Tavares acusa diretamente o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de ter recebido pelo menos seis pagamentos do empresário Fernando de Castro Marques, dono do laboratório União Química, quando era diretor da Agência Nacional De Vigilância Sanitária (Anvisa). Na conversa com Celina Leão, Tavares afirmou que cada pagamento era de R$ 50 mil ou R$ 100 mil, entregues por ele mesmo na casa de Agnelo.

O depoimento teria sido gravado na casa de Eliana Pedrosa e transcrito não literalmente, mas em forma de depoimento policial. O lobista, no entanto, não quis assiná-lo. De acordo com a deputada, ao sair de sua casa depois da gravação, alegando que iria buscar documentos e então voltaria para assinar o depoimento, Tavares pediu a ela dinheiro ou um emprego porque teria que sair de Brasília. "Disse a ele que não trabalhávamos daquela forma e ele então não voltou mais", disse.

##RECOMENDA##

A transcrição do texto foi distribuída na tarde de ontem pelo deputado Chico Vigilante, líder do PT na Câmara Legislativa. O deputado pretendia defender o governador, alegando que o depoimento foi tomado "clandestinamente em um domingo" e por isso não tinha validade. Eliana afirmou que foi procurada nesse dia por Tavares, que afirmava estar correndo risco de vida e, por isso, imediatamente fez contato com Celina Leão (PSD), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa.

No depoimento, Daniel revela que a relação financeira entre Agnelo e Fernando Marques é antiga. O empresário também teria "cedido" uma cota de R$ 100 mil reais em combustíveis e era ele, Tavares, o responsável por entregar os vouchers no comitê de campanha do candidato. Em 2010, na eleição para o governo do DF, Marques teria contribuído de novo, com mais R$ 200 mil para o caixa dois da campanha.

Ainda de acordo com o lobista, os dois teriam se afastado quando Agnelo não foi eleito para o Senado, mas se reaproximaram quando o governador foi escolhido para uma diretoria da ANVISA - justamente a que concedia os Certificados de Boas Práticas de Fabricação (CBPF), exigido de todos os laboratórios, e que interessava diretamente à União Química. Tavares explica que Marques entrava com os pedidos de licença e Agnelo pedia dinheiro, que era então entregue em sua casa.

O lobista acrescenta, ainda, que o empresário depositava o dinheiro em sua conta bancária e ele fazia as retiradas para os pagamentos. Em uma das vezes, em vez de entregar os R$ 50 mil enviados, ficou com R$ 5 mil. Agnelo, então, teria lhe telefonado várias vezes cobrando o dinheiro que faltava. Em janeiro de 2008, Tavares depositou os R$ 5 mil diretamente na conta do governador. Essa é a transferência bancária já comprovada que, segundo Agnelo, era o pagamento de um empréstimo.

Em meio à maior crise política desde o início de sua gestão, o governador do Distrito Federal (DF), Agnelo Queiroz (PT), exonerou 51 delegados - 43 deles chefes de departamentos - e dirigentes da Polícia Civil, inclusive a diretora-geral, Mailini Alvarenga. As demissões, publicadas hoje no Diário Oficial, ocorrem depois do vazamento de conversas telefônicas entre Queiroz e o policial militar João Dias, delator do suposto esquema de desvio de recursos que derrubou o ministro do Esporte, Orlando Silva, na semana passada.

As escutas revelam intimidade entre o governador e o militar, a quem Queiroz trata por "meu mestre" e se dispõe a ajudá-lo a maquiar a prestação de contas de convênios, no valor de R$ 3,4 milhões, que duas ONGs dele obtiveram do Programa Segundo Tempo. Dias teve as contas rejeitadas e o Ministério cobrava a devolução do dinheiro. Por meio de nota, o governador tentou minimizar a crise, alegando que não se trata de demissão em massa, mas de "reacomodações" naturais em razão da mudança na cúpula.

##RECOMENDA##

Segundo o governador, a Operação Shaolin, que o investigou denúncias de desvio de recursos do Programa Segundo Tempo em 2010, quando ele disputava a eleição, foi concebida num ambiente de espionagem criminosa praticada por grupos da Polícia Civil "contaminados por forças políticas do passado". Essa ala, explicou, era ligada aos ex-governadores Joaquim Roriz (PSC), que disputava o pleito, apesar de vetado pela Lei da Ficha Limpa, e José Roberto Arruda (então DEM), preso e cassado na operação Caixa de Pandora.

Para ele, "apesar de todo esforço e do excelente quadro" da corporação, a diretora-geral não conseguiu enquadrar os revanchistas. "Esses pequenos grupos ainda insistem em cometer desmandos, transformando o que deveriam ser investigações em fatos políticos, criando artificialmente denúncias", disse. "Estes, sim, serão afastadas do poder por estarem envolvidas em denúncias e não se conformarem com a mudança de gestão na condução do governo", enfatizou.

Na mesma edição do Diário Oficial, o governador nomeou 29 delegados para outras funções. Alguns ainda serão reaproveitados, mas os demais devem ficar na "geladeira", ou mesmo responder processo administrativo. O Ministério Público teme que a mudança radical cause prejuízo a várias investigações em curso contra o crime organizado, corrupção e desvios de dinheiro público.

Os vazamentos de escutas para atingir o governador não eram a única queixa contra Mailini. No cargo desde o início do ano, ela era acusada de falta de pulso para conter a onda de insubordinação em toda a cadeia de comando da instituição, que está em greve geral há mais de uma semana, com adesão até de delegados. "A mudança na corporação é no sentido de superar uma série de movimentos grevistas, como o de agora", observou Queiroz.

No lugar de Mailini, assumiu o comando da instituição o experiente delegado Onofre de Moraes, há 34 anos na casa, que prometeu dar sequência ao programa de profissionalização iniciado pela antecessora. "(A mudança) Não pode ser interpretada como retaliação, pelo contrário, é um gesto até para preservar a ex-diretora", acrescentou o governador.

A Polícia Civil do DF é a mais bem paga do País, com salários que variam de R$ 7,5 mil - agente em início de carreira - a R$ 21 mil - delegado especial. É conhecida também como uma das mais insubordinadas, além de exposta à excessiva partidarização de seus membros, cinco deles exercendo mandatos parlamentares e outros ocupando postos chaves no Poder Executivo.

Técnica, Mailini tinha problema de relacionamento com eles. Ex-diretores, como os delegados Durval Barbosa, delator da Caixa de Pandora, e Celso Ferro, ambos aposentados, montaram na instituição uma poderosa máquina de grampos que, volta e meia, é usada para chantagear políticos e pressionar governos eleitos.

O governador do Distrito Federal (DF), Agnelo Queiroz, oficializou hoje a exoneração de toda a cúpula da Polícia Civil. Ao todo, 43 delegados-chefes, sete diretores de departamento e a diretora-geral, Mailine Alvarenga, foram afastados.

A mudança, segundo delegados, é uma reação à divulgação de escutas telefônicas que captaram conversas de Agnelo com o policial militar e lutador de Kung Fu João Dias Ferreira, delator dos desvios de verbas no Ministério do Esporte.

##RECOMENDA##

As escutas, autorizadas judicialmente, foram gravadas pela própria Polícia Civil no âmbito da Operação Shaolin, que investigou supostos desvios de dinheiro público que deveria ir para uma organização ligada ao PC do B, ex-partido de Agnelo. O conteúdo dos diálogos, revelado no fim de semana pela revista Época, mostra a existência de uma proximidade entre Agnelo e Dias. O governador sempre negou qualquer relação mais próxima com o PM.

De acordo com as escutas, Ferreira recorreu a Agnelo, então diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que o ajudasse a montar sua defesa em processo que responde na Justiça Federal por irregularidades na execução de convênio do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Na ação, o policial é cobrado a restituir cerca de R$ 3,2 milhões aos cofres públicos.

Agnelo e Dias vinham sustentando que seu relacionamento se restringiu a 2006, quando os dois foram candidatos do PC do B ao Senado e à Câmara Legislativa do DF, respectivamente. O inquérito com as interceptações telefônicas fazem parte de ação penal que tramita na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando