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Após ser encontrada em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na última sexta-feira (24), Julia Nascimento, de nove anos, disse à Polícia Civil que fugiu de casa porque não queria "deixar os pais tristes". Na manhã desta segunda-feira (27), o delegado Frederico Castro deu detalhes sobre a investigação e informou que a própria criança ligou para os pais adotivos pedindo para ser resgatada.

As imagens do circuito interno do edifício onde mora, em Rio Doce, Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR), mostram a garota saindo por volta das 5h, da última terça-feira (21), com apenas uma mochila nas costas. Segundo o delegado, Júlia levou consigo apenas um pacote de biscoito, R$ 10 e o celular do pai, que tomou um susto ao acordar e não encontrar a filha. Ela foi adotada junto com o irmão mais velho, há cerca de dois anos. "Ela esperou a mãe sair para trabalhar e o pai, ao acordar, percebeu que ela não estava, só tava o irmão", disse Frederico.

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Segundo a Polícia Civil, a garota não se desentendeu com a família e, aparentemente, não sofre maus tratos. A princípio, havia a suspeita que o desaparecimento estivesse relacionado com tráfico internacional, mas os pais garantiram que o uso das redes sociais era supervisionado. Sem muita precisão, Júlia não deu esclarecimentos sobre o motivo da sua fuga. "Como uma criança de nove anos, ela simplesmente diz 'eu não queria deixar meus pais tristes'", reforça o delegado.

Ela conta que caminhou em direção à orla de Olinda e se manteve através de doações, até ser abordada por uma família de carroceiros que mostrou-se preocupada com a condição enfrentada pela menina. Júlia mentiu ao dizer que havia fugido de um abrigo e recusou ser levada de volta pelo casal, que a convidou para seguir com eles até a cidade vizinha.

Após cerca de três dias desaparecida, já em Boa Viagem, a menina ligou para os pais e informou que estava na altura da Avenida Domingos Ferreira. "Quando nós chegamos ao local, a criança já havia sido resgatada. Estava bem, assustada, mas aparentemente não tinha sequelas físicas", explicou o delegado.

Júlia já está em casa, ao lado dos pais, e o inquérito será concluído após o resultado dos exames traumatológico e sexológico. "A gente não descarta [um possível envolvimento dos pais]. O relatório que a gente tem não aponta indício de maus tratos", complementou.

No fórum de Olinda, em julgamento presidido pela juíza Flávia Fabiane Nascimento Figueira, o júri popular considerou Eduardo Olímpio Cotias Cavalcanti culpado pelo homicídio de seus pais adotivos. O bispo da Igreja Anglicana do Recife, Edward Robinson de Barros Cavalcanti, de 68 anos, e a esposa dele, Miriam Cavalcanti, 64, foram mortos no dia 26 de fevereiro de 2012

Por meio de nota, a assessoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informou que "o réu foi condenado a 57 anos e quatro meses de reclusão, pelo duplo homicídio, com as qualificadoras de motivo fútil e sem possibilidade de defesa das vítimas".

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Na época do crime, a polícia informou que o filho adotivo do casal era o principal suspeito de ter cometido o duplo homicídio. Os agentes acreditavam ser um crime premeditado, já que no mesmo dia da tragédia o suspeito foi visto na frente da residência amolando uma faca, a mesma utilizada para assassinar os pais. O objeto também foi utilizado por Eduardo na tentativa de tirar a própria vida. A suspeita era de que Eduardo teria consumido droga associada a medicamentos antes de cometer o crime.

Agora, depois de julgado e condenado, o cumprimento inicial da pena deve ser em regime fechado, no presídio Barreto Campelo. A sessão de julgamento aconteceu nesta segunda (30), tendo início por volta das 10h. A defesa recorreu da sentença em plenário.

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