Morreu, aos 46 anos, a primeira guarda municipal trans do Brasil, Abby Silva Moreira. A servidora ingressou no efetivo em 2017, por meio de concurso público, e fez parte da instituição até o ano passado. Após ser empossada, se tornou símbolo da luta LGBTQIA+ em todo o país e passou a dividir espaços de ativismo em Pernambuco. Além de guarda, Moreira era formada em administração e análise de sistemas.
"É com muito pesar que recebemos a notícia da partida tão repentina de Abby Moreira, primeira guarda municipal trans de Pernambuco, e uma das únicas do Nordeste. Abby era uma ativista singular que vai fazer muita falta por toda a luta que ela representou. O corpo foi encontrado hoje pela manhã. Siga em paz, companheira", informou o amigo pessoal Rafael Negrão, que também integra grupos de luta antitransfobia no estado.
##RECOMENDA##Segundo colegas da guarda municipal, Abby foi encontrada sem vida em seu apartamento, em Jaboatão dos Guararapes, neste sábado (24). Colegas da Secretaria de Direitos Humanos da cidade teriam constatado a morte da servidora durante uma visita. A causa da morte não foi divulgada.
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Episódios de transfobia na guarda
Em 2022, o LeiaJá entrevistou Abby e divulgou alguns dos problemas enfrentados pela administradora na Guarda Municipal de Jaboatão. Ela denunciou ser vítima de transfobia e perseguição na instituição e chegou a precisar de afastamento para lidar com questões de saúde mental provocadas pela hostilidade e preconceito no ambiente de trabalho.
Também no ano passado, ela denunciou formalmente, à Prefeitura e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o comandante da guarda municipal Admilson de Freitas. Mesmo concursada, Abby teve as gratificações retiradas pelo então comandante. Segundo ela, ele tinha a intenção de forçar a sua exoneração.
Conforme apurado pelo LeiaJá, Admilson é um homem conservador, descrito por pessoas próximas como um "evangélico radical". Ele assumiu o comando da corporação graças à indicação do vereador Pastor Ginaldo (PSC), aliado político do ex-prefeito Anderson Ferreira (PL). A reportagem teve acesso ao ofício expedido pela Associação dos Guardas Municipais de Jaboatão dos Guararapes (ASGUAJG) para o Ministério Público em 1 de janeiro de 2022. No documento, Admilson é acusado de utilizar-se do efetivo para oferecer segurança particular a igrejas evangélicas.