Tópicos | Literatura

Ler O planeta dos Macacos, do francês Pierre Boulle (1963). Sempre que tive oportunidade de comprá-lo, adiei. Jeito agora é baixar na internet ou adquirir o romance no original, em inglês ou espanhol (creio que as edições em nosso idioma estão fora de catálogo). Se é bem escrito, não sei, mas os temas que propõe – a intolerância, em especial – seguem atualíssimos. As críticas sempre deram conta de um texto atraente, distópico, mais ficção do que científico (as explicações desenvolvidas são bem superficiais). Quem sabe se, com o novo filme, as editoras não preparam lançamento? Já que deve pintar de tudo, de chaveiros a suportes para bolsas, custava recolocar o livro nas prateleiras?

Ver O planeta dos Macacos: a origem. O longa-metragem está em cartaz nos cinemas, com história que se passa antes de os macacos vencerem os humanos e dominarem o planeta Terra. Opiniões têm chegado entusiasmadas, elogios ao enredo e aos efeitos especiais, que parecem mesmo fantásticos. Além do que é o tipo de filme que faz realmente diferença ver na tela grande.

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Ir ao lançamento das Memórias de Gregório Bezerra (Boitempo Editorial, R$ 74,00, 648 páginas), autobiografia do líder camponês. Mais de três décadas após a primeira publicação, o livro retorna em noite disputada: está previsto um debate com as presenças do governador Eduardo Campos, do prefeito João da Costa, de Fernando Freire (presidente da Fundaj), Ivana Jinkings (editora) e Jurandir Bezerra (filho de Gregório). Essa é intenção mesmo, porque suspeito que o lugar estará abarrotado de gente.

Fechar o evento/programa de TV NotaPE, que, finalmente, tem data e hora para acontecer: terça-feira, 6 de setembro, no Teatro Arraial, na Rua da Aurora. Será um talk show, com participação da platéia (entrada franca). Confirmados José Paulo Cavalcante (em papo sobre Fernando Pessoa), Lucila Nogueira (que foi homenageada no A Letra e a Voz, além de estar com livro novo), Wilson Freire (escritor e cineasta que recentemente lançou A Mulher Que Queria Ser Micheliny Verunschk), além da dupla Wellington de Melo e Rogério Robalinho (produtores que trocarão ideias sobre a Bienal, a Freeporto e outros eventos literários). Espero todos por lá!

Os escritores Homero Fonseca e Marco Polo (recentemente homenageado no Festival A Letra e a Voz, aqui no Recife) recebem como convidado do Sarau Plural o escritor, compositor e cineasta Wilson Freire, para compor a mesa de discussão. O encontro literário será na Galeria Arte Plural, no Recife Antigo, às 19h, e é gratuito.

Na ocasião, ele conversa sobre sua obra e apresenta trechos de seus textos, a partir do tema “O elogio da mistura”. O músico Geraldo Maia fica responsável pela trilha sonora do encontro.

O grupo também lerá textos dos escritores Gilberto Freyre, Mário de Andrade, Darcy Ribeiro, Homero Fonseca, Jorge de Lima, Amadeu Kazunde (Moçambique), Arlindo Barbeitos (Angola), Fernanda Dias (Macau), Jorge Barbosa (Cabo Verde), José Craveirinha (Moçambique) e Manuela Margarido (São Tomé e Príncipe).

Serviço

Sarau Plural, com Wilson Freire
Onde: Galeria Arte Plural (Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Quando: Terça-feira, 30 de agosto, às 19h
Entrada gratuita

A abertura do 9º Festival de Literatura – A Letra e a Voz, que ocorreu neste domingo com o show “Pirata solitário”, fez a alegria de todos que lotaram as muitas poltronas do Teatro Santa Isabel. O show foi uma homenagem de oito músicos ao poeta, jornalista, cantor e compositor Marco Polo Guimarães, front man da banda Ave Sangria nos anos 1970, e um dos homenageados desta edição do festival, junto a amiga e também poetisa Lucila Nogueira.
Tagore, Rogerman, Natália Meira Lins (Dunas do Barato), Catarina Dee Jah, João Menelau (Semente de Vulcão), Silvério Pessoa, Ylana Queiroga e Cannibal deram o tom da festa, que também contou com a participação do parceiro de banda de Polo, Almir de Oliveira. A apresentação terminou triunfalmente com todos em palco cantando a “famigerada” Geórgia, A Carniceira, relembrando o show “Perfumes e Baratchos”, de 1974, que ocorreu no mesmo palco do Santa Isabel.
Ao longo desta semana, o público poderá conferir seminários, debates, lançamentos de livros, oficinas e mostra audiovisual especialmente montada para o evento, que conta com as participações de Julian Fucks, Michel Laub, Zé Paulo Cavalcanti, Joca Reiners Terron, Contardo Calligaris, Ivana Arruda Leite, Ricardo Lísias e Nelson de Oliveira.
 
Confira a programação completa do festival:

Segunda-feira | 22

9 às 12h

LOCAL: Auditório do Centro de Educação/UFPE
Seminário Leitura e memória: o desafio da sustentabilidade

9h Abertura do Seminário

9h30 Literatura e Memória: Maria Aparecida Lopes Nogueira / Antropóloga do CFCH

10h30 A importância do ambiente nas bibliotecas

Palestrantes:
Adriana Ferrari / Biblioteca do Estado de São Paulo
Volnei Canônica / Instituto C&A

11h – Debate
Coordenação: Carmen Lúcia Bezerra Bandeira

14 às 17h

LOCAL: Laboratório do Departamento de Ciência da Informação / UFPE
Oficina: Automação de acervos de bibliotecas – PHL: Lourival Pereira Pinto

LOCAL: Biblioteca do Centro de Educação / UFPE
Oficina: Classificação por cores para acervos literários: Cida Fernandez – CCLF

LOCAL: Biblioteca Popular de Casa Amarela
Uma tarde infantil na biblioteca

LOCAL: AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA

15h às 16h30
Oficina: A Arte da Editoração
Com Rodrigo Sushi
17h às 18h30
Painel: Literatura e memória
As peripécias de um biógrafo
Com José Paulo Cavalcanti (PE)
Mediador: Paulo Sérgio Scarpa (Jornal do Commercio)

19h às 21h
A letra e a voz do autor
Com Lucila Nogueira (PE)
Mediador: Thiago Soares (UFPB)

Terça-feira | 23

9 às 12h

LOCAL: AUDITÓRIO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO / UFPE             
Seminário Leitura e memória: o desafio da sustentabilidade

9h Informação e Educação: possibilidades de conexão
Lourival Pereira Pinto – CAC

9h40 – Rede de bibliotecas e acesso público à leitura: possibilidades e desafios
Palestrantes:
Gabriel Santana - Rede de Bibliotecas Comunitárias do Recife
Isabel C. Vasconcelos - Rede de Bibliotecas Escolares
Tereza Marinho - FCCR - Rede de Bibliotecas Populares

11h- Debate
Coordenação: Lourival Pereira Pinto – CAC

14 às 17h

Local: Laboratório do Departamento de Ciência da Informação / UFPE
Oficina: Automação de acervos de bibliotecas – Alexandria: Raquel Mattes (SP)

Local: Biblioteca Popular de Afogados
Uma tarde infantil na biblioteca

Local: Museu Murillo La Greca
Mesa-redonda / participação da autora Adriana Veiga, da Profª. Nelma Azevedo / Literatura Infantil – Fafire
Coquetel literário
Exposição bibliográfica e interação educativa comemoração aos 80 anos do Sítio do Picapau Amarelo (2 a 31 de agosto de 2011)


LOCAL: AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA

15h às 16h30
Oficina: A Arte da Editoração
Com Rodrigo Sushi

17h às 18h30
Painel: Literatura e memória
Amnésia e construção da identidade
Com Joca Reiners Terron (SP)
Mediador: Hugo Viana (Folha de Pernambuco)

19h às 21h
A letra e a voz do autor
Com Ivana Arruda Leite (SP)
Mediador: Paulo Floro (Revista O Grito)

LOCAL: Espaço MUDA
19h
Lançamento: Revista Eita! 6
Lançamento: Coletânea Antônio Maria de Crônicas - Vol.2

Quarta-feira | 24

Seminário Leitura e memória: o desafio da sustentabilidade

9 às 12h

LOCAL: AUDITÓRIO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO /UFPE
9h Sociedade e Leitura: o desafio da sustentabilidade
Palestrantes:
Ana Dourado – Plano Nacional do Livro e da Leitura
Maria Elisa Machado – Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas
10h Rede de Leitura do Nordeste: Um panorama da leitura na Região
11h Debate
Coordenação: Cida Fernandez – CCLF


15h – Encerramento
Local: HALL DO CAC - UFPE
Sarau poético-literário
Lançamento do livro Caminhos diVersos, de José Benedito de Brito

LOCAL: AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA

15h às 16h30
Oficina: Memória e amnésia dos gêneros: transformações das práticas literárias à luz dos códigos genéricos
Com Saulo Neiva

17h às 18h30
Painel: Literatura e memória
Memórias das coisas que não vivi
Com Julián Fuks (SP)
Mediador: Paulo de Carvalho (Diario de Pernambuco)

19h às 21h
A letra e a voz do autor
Com Marco Polo (PE)
Mediador: Paulo Marcondes (UFPE)

LOCAL: Espaço MUDA
19h Lançamento das seletas de Lucila Nogueira e de Marco Polo

Quinta-feira | 25

LOCAL: AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA

15h às 16h30
Oficina: Memória e amnésia dos gêneros: transformações das práticas literárias à luz dos códigos genéricos
Com Saulo Neiva

17h às 18h30
Painel: Literatura e memória
Autobiografia e literatura
Com Christiano Aguiar (PE)
Mediador: Thiago Corrêa (PE)

19h às 21h
A letra e a voz do autor
Com Ricardo Lísias (SP)
Mediador: Schneider Carpeggiani (Jornal do Commercio)

Sexta-feira | 26

LOCAL: AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA

15h às 16h30
Oficina: Ficção narrativa contemporânea e memória
Com Cristhiano Aguiar

17h às 18h30
Painel: Literatura e memória
Memória e narrativa - Diário de uma queda
Com Michel Laub (SP)
Mediador: Talles Colatino (Folha de Pernambuco)

19h às 21h
A letra e a voz do autor
Com Nelson de Oliveira (SP)
Mediador: Conrado Falbo (PE)

Sábado | 27

LOCAL: AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA

15h às 16h30
Oficina: Ficção narrativa contemporânea e memória
Com Cristhiano Aguiar

17h às 18h30
Roda de poesia, com Wellington Melo, Cida Pedrosa e Pedro Américo (PE)
Mediador: Andre Dib (Diario de Pernambuco)

19h às 21h
A letra e a voz do autor
Com Contardo Calligaris (Itália)
Mediador: Cristiano Ramos (Faculdade Maurício de Nassau)

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De Quarta a Domingo | 25 a 28 de agosto

Festa do livro – Espaço Mauro Mota
Local: Paço Alfândega
14h às 21h
Com a participação de 32 livreiros e editoras
Venda de livros de literatura, poesia urbana e cordel

Programação especial no domingo 28 de agosto:
Contação de histórias para crianças
15h às 17h
Local: Paço Alfândega – térreo


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Programação da Mostra Cinema e Literatura
De Segunda a Sexta-feira | 22 a 26, nos SESC’s

Programação
Programa 1: Caramujo-flor (20 min.), roteiro e direção: Joel Pizzini
Dedicatórias (15 min.), direção: Eduardo Vaisman , roteiro: Flávia Lins
 
Programa 2 : Machado de Assis, um mestre da periferia (25min.), roteiro e direção: Daniel Augusto
Clandestina Felicidade (15 min.), roteiro e direção: Marcelo Gomes e Beto Normal
 
Programa 3: Oficina Cinema e Literatura, abordando um conto Nelson Rodrigues ( da coletânea A vida como ela é ), com alunos de arte cênica do SESC (50 min.).
 
Programa 4 : Assaltaram a Gramática (13 min.), direção: Ana Maria Magalhães, roteiro: Charles Peixoto e Ana Maria Magalhães.

O Cheiro Azul do Livro (20 min.), roteiro e direção Tuca Siqueira.
Soneto do Desmantelo Blue, (9 min.), direção: Cláudio Assis, roteiro: Cláudio Assis e Vital Santos.
O Dono da Pena (10 min.), roteiro e direção: Cláudia Nunes.
 
Programa 5: Amor e Companhia (70 min.) roteiro e direção: Helvécio Ratton. Análise do conto Alves e Companhia de Eça de Queiroz em parceria com as bibliotecas do SESC.
 
Locais e horários da programação:
 
LOCAL    Dia 22/08/11    Dia 23/08/11    Dia 24/08/11    Dia 25/08/11    Dia 26/08/11
Sesc Casa Amarela    Programa 4    Programa 5    Programa 1    Programa 2    Programa 3
Sesc Cais Santa Rita    --------------    Programa 1    Programa 2    Programa 3    Programa 4
Sesc Santo Amaro    Programa 1    Programa 2    Programa 3    Programa 4    Programa 5

Horários das exibições:
- Sesc Santo. Amaro: 16:30h
- Sesc Santa Rita: 12h
- Sesc Casa Amarela: 19h

Lançadas em momentos distintos, duas citações de um mesmo conto – A espera da volante, do Faca, de Ronaldo Correia de Brito – sugerem reflexão sobre estilo em literatura. A primeira, em evento, o autor da coluna reconheceu logo, era uma de suas preferidas. A segunda, tempo depois, foi lida por um professor, seguida de genérica afirmação, que “O Ronaldo tem uma escrita afiada, seca e muito original”. Este se referia a julgamento mais cuidado, considerando toda a obra do escritor? Porque, baseando-se no excerto que acabara de ler, que abre o livro, essa lâmina não parecia tanto nova, seca e cortante:

“A notícia merecia fé, mesmo tendo sido trazida por Irineia, doida varrida para todos, mas sempre tão sã para o Velho. A volante policial vinha vindo, deixando o rastro de gemidos e desfeitas. Os soldados buscavam apenas três homens, mas, no caminho, alimentavam sua fúria de perseguidores maltratando qualquer um que houvesse dado guarida, por inocência ou interesse, aos perseguidos”.

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Os itálicos foram aqui inseridos para rápidas observações: mesmo em trecho curto, há locuções, repetição de conjunções e outras construções enfáticas pouco sutis. E o autor preferiu não colocar uma vírgula possível após “perseguidores”, além de quebrar a frase “que houvesse dado guarida aos perseguidos”. Ou seja, o mesmo poderia ter sido narrado de maneira mais linear e objetiva, mais “seca” e “afiada” (se com essas palavras o professor argumentava que o texto ia direto ao ponto, com bastante simplicidade, sem floreios).

Nessas frases, pelo menos, não é possível encontrar o “mais estrito comedimento” apontado no posfácio de Davi Arrigucci Jr. Seria a escrita de Ronaldo Correia de Brito caudalosa, cheia de conjunções, advérbios, substantivos adjetivados, locuções, repetições, inversões e quebras? Ou o professor, teria lido um parágrafo pensando em outros? Ele apenas repetia coisas ditas sobre o autor de Faca?

Há também a questão da novidade. Espaço desta coluna não permite esclarecer detalhes do conto, mas ali não existe inovação temática ou formal. Enredo, personagens, cenário e modo de contar são convencionais. Assim como acontece em outra obra de Ronaldo – o premiado romance Galiléia – que teria dado “frescor” às histórias ambientadas no Sertão, “revolucionado” a literatura nordestina, e outras bobagens. Para justificar assertivas, os críticos e resenhistas apresentaram alegorias, referências bíblicas e a presença de elementos modernos nas paisagens, como motocicletas e lan houses.

Ora, poucas coisas são tão presentes nos sertões de nossa literatura quanto as alegorias e as referências bíblicas. E o tempo talvez não nos permita notar, naturalizou o uso, mas romances como os do pernambucano Gilvan Lemos traziam cidades que começavam a receber fios elétricos, refrigerantes, índios vestidos de shorts e tênis. Décadas adiante, provavelmente, os leitores não perceberão esses dados modernos que Ronaldo inseriu na narrativa, porque eles parecerão tão antigos quanto os utilizados por Gilvan.

Rigorosamente, nenhum enunciado é igual a outro, nenhum texto é igual a outro. A situação muda, tempo e leitores são diferentes, todos os elementos de contextualização da obra são variáveis. Nesse sentido, Ronaldo seria bastante original. No entanto, todos seriam, não haveria razão para lhe ressaltar a característica. O que geralmente a crítica busca é individualizar o autor, mapear o que lhe é característico, ainda que não seja através de alguma exclusividade temática ou formal. Daí, não raramente, os escritores findam encaixotados, rotulados e enviados aos leitores com clichês como essa “linguagem afiada e seca”, como o tal “domínio da narrativa”, ou a “ruptura com a literatura praticada hoje”(?).

A crítica tem se fetichizado mais celeremente do que as literaturas que acusa de pasteurizadas. Seus lugares-comuns e suas lentes viciadas desenham igualdades onde há diferenças, mesmo quando querem sublinhar o que existe de original nas obras. Suas tentativas de objetividade, seus métodos, toda a aparelhagem vai se consumando em umas sete chaves-mestras que teriam a capacidade de iluminar os textos. Hoje, mais do que para os escritores, é válido para os críticos aquele alerta de Borges, que “dizer demais uma coisa é tão inábil quanto não dizê-la inteiramente, e que a descuidada generalização e intensificação é uma pobreza”.

O recado soa oportuno para esta coluna, também e sobretudo, que tem generalizado a crítica e insistido em colocá-la em discussão. O preço para legitimar a proposta da Redor da Prosa é o olhar vígil, que as ressalvas sobre clichês não se transformem em lugares-comuns tão perigosos quanto, em outras muletas. E que, finalmente, a literatura seja ainda e sempre literatura, para além de todo esse joio. Arte, irredutível a breves citações.

Como a omissão não é pecado menos grave, contudo, segue ainda o primeiro trecho aqui lembrado do A espera da volante – cuja reflexão não chegaria descabida também se os temas fossem os que elencamos nos parágrafos acima:

“A vida do homem é perigosa, porque a morte se planta em lugares incertos. Andando, ele esbarra com ela, emboscada no meio do caminho. Parado, ela vem ao seu encontro, trajada em muitos disfarces. Há sinais que guardam a revelação do perigo. Viver é a ciência de decifrar sinais”.

Estão abertas até o próximo dia 31 de agosto, as inscrições para o 13º Concurso de Poesia, promovido pela Biblioteca Popular de Afogados.

Com o tema livre, os textos devem estar em língua portuguesa e estarem nas categorias juvenil (de 15 a 18 anos) ou adulto (acima de 18 anos).  As inscrições podem ser feitas pessoalmente na biblioteca ou pelos Correios (Rua Jacira, s/n, CEP 50.770)

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O Concurso de Poesia da Biblioteca Popular de Afogados homenageia nesta edição a escritora e contadora de histórias, Lenice Gomes.

Serviço

Inscrições para o 13º Concurso de Poesia

Quando: até o dia 31 de agosto

Onde: Na Biblioteca Popular de Afogados (Rua Jacira s/n –Afogados)

Informações:81 3355-3122/3123 | bibliotecapopulardeafogados.blogspot.com

Faltando três meses para a VII Festa Internacional Literária de Pernambuco (Fliporto), os organizadores  já começam a definir a programação do evento, realizado de 11 a 15 de novembro, em Olinda.  Foi confirmada na última semana a participação da atriz global Maria Paula. A ex-casseta vem ao Estado para lançar o seu novo livro  "Liberdade Crônica" na Feira de Livros, e também baterá um papo com o público na Fliporto Nova Geração, programação do evento voltada para os novos leitores.

Na pauta da conversa, os processos de criação de um autor. Liberdade Crônica traz uma compilação de histórias e crônicas dividida tematicamente em três partes – atitude cidadã, atidude familiar e atitude feminina. Ao longo de seus textos, a autora aborda questões sóciopolíticas e relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade.

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O resultado é uma partilha de experiências sobre suas crenças na cultura e na religiosidade dos povos, principalmente do oriental. Além disso, ela fala da mulher, analisando o seu papel ao longo dos tempos e das diferentes facetas da sua feminilidade. 

Redor da Prosa, porque esta coluna é reservada não só à ficção, mas também aos livros de filosofia, sociologia, política, história etc. Ou, lembrando frase do saudoso Luiz Carlos Monteiro (enviada por e-mail, pouco antes de seu encantamento), coluna dedicada aos “universos que se desdobram através da palavra escrita, plantando insônias ou revoluções”.

Redor da Prosa, também, porque depõe sobre a crítica que tentarei (entre tantas possíveis). Redor é o trabalhador das salinas, aquele que leva água salgada até os viveiros para que, sob o sol, seja coalhada até que reste o ouro branco de nossos alimentos. Assim como acontece com o redor, cabe ao crítico oferecer caminhos, suas opiniões estão a serviço das obras-águas. Estas, iluminadas pela atenção do leitor, tornam-se a especiaria que, bruta ou refinada, sempre muda o sabor de tudo que nos chega, ou, não menos importante, conserva-eterniza o que já temos como essencial. 

Mas, como sabemos impossível o exercício de crítica quase diária, também faremos da coluna Redor da Prosa um espaço para divulgar encontros, lançamentos, concursos, sites e blogs dedicados à leitura; enfim, veicular informações úteis aos leitores – esses navegantes que, apesar dos anúncios frequentes de morte dos livros ou da literatura, estão sempre à espera de maré que os convide aos oceanos infindáveis da palavra. 

Para fechar esta apresentação, recordo a abertura do primeiro livro que, há um bocado razoável de tempo, deixou-me a certeza de que um texto pode realmente nos tirar o sono ou revirar tudo em volta, o Moby Dick, de Melville:

Chamai-me Ismael. Faz alguns anos – não importa quantos, precisamente –, tendo na bolsa escasso ou nenhum dinheiro e nada que particularmente me interessasse em terra, achei que devia velejar um pouco e ver a parte aquosa do mundo.

Call me Ishmael. Some years ago—never mind how long precisely—having little or no money in my purse, and nothing particular to interest me on shore, I thought I would sail about a little and see the watery part of the world.     

Espero que Redor da Prosa funcione como modesto chamamento a essas águas que, para tantos, são o verdadeiro sal da terra!

*Dedicado a Luiz Carlos Monteiro, que faleceu em 25 de julho último, no município de Arcoverde.

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