Uma noite para celebrar a produção audiovisual, regada a homenagens a nomes influentes do estado. O segundo dia da 19° edição do Festival Audiovisual de Pernambuco – Cine PE, contou com um público fiel, que lotou a plateia do Cinema São Luiz, neste domingo (3). Na programação do evento, três curtas-metragens participaram da mostra competitiva. Xiré, dirigido por Marcelo Pinheiro, e Salu e o Cavalo Marinho, de Cecília da Fonte, foram os títulos pernambucanos que integraram a mostra. No âmbito nacional, o curta de Hsu Chien Hsin, intitulado Alegria, representou o Paraná na competição.
“Desde 2006, acompanho o Cine PE. É um evento importante para o cenário audiovisual do estado. Ele consegue unir nomes novos e tradicionais no mesmo festival. É uma ótima opção para os amantes do cinema”, afirmou a administradora Natália Albuquerque.
##RECOMENDA##Há 15 anos, a atriz Beth Mendes prestigia o Cine PE. Ela já integrou o corpo de jurados e agora é convidada de honra do festival. Beth reconheceu a importância do evento para a produção audiovisual. “O Cine PE é um evento consagrado no meio, que traz uma contribuição importante para o cenário audiovisual. Participo do evento há muitos anos e posso perceber uma evolução a cada edição. Ao mesmo tempo em que ele pode ser visto como porta de entrada para o meio, ele serve de inspiração para quem deseja seguir carreira nesse mercado”, ressaltou a atriz.
Após a exibição dos curtas, foi dada a largada a rodada de homenagens. O escritor Ariano Suassuna e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ambos falecidos no ano passado, foram lembrados nesta edição do festival. De acordo com o diretor do Cine PE, Alfredo Bertine, a entrega da comenda Calunga de Ouro simboliza a gratidão àqueles que tiveram compromisso com a cultura pernambucana. “Eduardo e Ariano deram contribuições importantes não só para Pernambuco, mas para o país. Esta é uma homenagem justa e merecida para quem teve compromisso com a cultura de Pernambuco. Muito nos honra poder entregar aos seus respectivos familiares a honraria máxima do festival”, comentou Bertine.
Um vídeo com trechos da vida e obra de Ariano Suassuna introduziu as homenagens ao escritor. Representado pelas irmãs Mariana e Isabel Suassuna, além dos netos, Ariano foi contemplado com o trofeu Calunga de ouro. “Estamos muito comovidos, pois é uma forma de manter viva a obra de Ariano. Ele era muito ligado ao cinema. Assistir filmes era um dos prazeres do meu irmão. Era um misto de diversão e trabalho, porque a dramaturgia pode ser tida como objeto de inspiração. Estamos muito felizes de estar aqui e receber essa bela homenagem”, declarou Mariana Suassuna.
Um misto de gratidão e emoção. Assim, definiu Renata Campos, viúva do ex-governador, o sentimento em relação a homenagem póstuma a Eduardo Campos. “É Sempre bonito ver o reconhecimento de uma trajetória. Ele era um admirador da nossa cultura, então receber uma homenagem vinda de um festival de cinema tão importante como o Cine PE é uma alegria, uma mistura de gratidão e emoção muito grande. Que a vida dele continue inspirando a gente”, agradeceu Renata.
Um breve vídeo antecedeu a entrega da condecoração. Mas um episódio constrangeu a organização do evento. Em meio aos aplausos após a conclusão do vídeo, vaias eram entoadas ao fundo do teatro. Apesar da apresentadora do Festival, Graça Araújo, repudiar o ato, solicitando o respeito a família do político que ali estava para receber a homenagem, o grupo não se conteve e voltou a vaiar. No entanto, foram surpreendidos pelos aplausos de pé por parte da maioria da plateia. O político foi representado pelo irmão, João Campos, por Renata e pelos filhos, João, Pedro, Maria Eduarda e Miguel. Apenas o pequeno José não compareceu a cerimônia. João Campos fez as honras e comandou o discurso de agradecimento em nome da família.
“É muito gratificante está recebendo esta homenagem. Estando à frente do Governo do Estado, ele pôde ajudar a cena cultural pernambucana, conquistando incentivos e parcerias para esse setor que é tão importante para Pernambuco. É com muita alegria para que eu e minha família estamos recebendo esta homenagem hoje”, afirmou João, ressaltando que a parceria entre a máquina pública e o setor audiovisual é um compromisso que deve ser cultivado por todos que defendem a cultura.
Algumas autoridades do estado prestigiaram a cerimônia. Dentre elas o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, e os secretários de Cultura e Turismo do estado, Marcelino Granja e Felipe Carreras, respectivamente.
Em entrevista, Paulo Câmara comentou a importância do Cine PE para a produção audiovisual do estado. “O festival já faz parte da programação cinematográfica brasileira. Ele tem revelado muitos talentos, muitas pessoas que vivem e produzem arte. Pernambuco promove este festival de forma competitiva, reunindo nomes do Brasil inteiro e apresentando o que há de bom no cinema brasileiro”.
A representatividade do audiovisual foi lembrada pelo prefeito do Recife. De acordo com o gestor do executivo municipal, o audiovisual revela os talentos locais para o mundo. “O audiovisual é muito importante para a nossa cultura, para a nossa gente. O talento do povo recifense é colocado para o Brasil inteiro através do audiovisual. É uma cena importante para a nossa cultura. O Cine PE é um grande exemplo disso e a cada ano vem m mostrando que é um grande sucesso”, concluiu Geraldo Julio.
Para encerrar a programação deste domingo, foi exibido o filme O Vendedor de Passados, estrelado pelo ator Lázaro Ramos e dirigido por Lula Buarque. Baseado no livro do autor angolano José Eduardo Agualuza, o longa é um misto de suspense e romance, que narra a história de um homem que ganha a vida vendendo passados para as pessoas que desejam modificar sua história.