Estudo aponta que não houve fraude nas eleições de 2018

Material foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco junto à Universidade de Oxford

por Vitória Silva sex, 16/09/2022 - 13:13
José Cruz/Agência Brasil/Arquivo Urna eletrônica José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

Uma nova pesquisa, assinada por estudiosos das Universidades Federal de Pernambuco, no Nordeste brasileiro, e Oxford, na Inglaterra, apontou para a inexistência de irregularidades nas eleições presidenciais de 2018. Os autores realizaram cinco testes matemáticos diferentes e não encontraram qualquer anomalia na contagem de votos para presidente. Metodologia será aplicada na análise dos resultados das eleições de 2022. 

A pesquisa foi revisada por pares e publicada em 7 de setembro no periódico científico Forensic Science International: Synergy, dedicado à ciência forense, campo do saber voltado à investigação de crimes e assuntos legais a partir de conhecimentos técnicos e científicos. Ela faz parte de um projeto de pós-graduação e é de autoria dos pesquisadores Dalson Figueiredo Filho, Lucas Silva e Ernani Carvalho. 

Os métodos 

De acordo com o estudo, foram analisados dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições presidenciais brasileiras de 2018, a fim de avaliar padrões suspeitos de contagem de votos, utilizando cinco técnicas comumente usadas para detectar fraudes: o teste da lei de Benford de segundo dígito; a média do último dígito; análise de frequência dos últimos dígitos 0 e 5; correlação entre o percentual de votos e a taxa de participação; e Densidade de Kernel reamostrada da proporção de votos. 

“Desenvolvemos uma abordagem metodológica unificada que combina a aplicação de testes de dígitos, técnicas de regressão e análise estatística de padrões de votos válidos. Não encontramos irregularidades na apuração dos votos das eleições presidenciais de 2018. Todos os parâmetros estão dentro da expectativa teórica de contagem justa. Essas inferências são robustas para os dois turnos e para diferentes níveis de agregação de dados -seção/cidade”, disse Dalson Figueiredo, co-autor. 

Na introdução da pesquisa, os autores alegam que, apesar de ter saído vitorioso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi responsável por criar uma onda de instabilidade e deslegitimidade entre a população que vota e o sistema eleitoral do Brasil.  

“Tais declarações causaram enorme desconforto e impacto negativo na credibilidade das urnas eletrônicas. Essa atitude aumenta significativamente a possibilidade de uma crise institucional, uma vez que o Judiciário é o responsável pela governança eleitoral e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é sempre um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF)”, diz o artigo. 

Resultados 

Os resultados mostram que as distribuições de segundo dígito para os três candidatos mais votados – Jair Messias Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) – estão de acordo com a lei de Benford. Também foi descoberto que as médias do último dígito e a frequência do último dígito estão dentro dos parâmetros normais, não indicando irregularidades. 

Da mesma forma, o gráfico da impressão digital indica um coeficiente de correlação consistente com a expectativa teórica de uma eleição considerada justa. A densidade do Kernel reamostrada sugere que a contagem de votos foi realizada sem distorções estatisticamente significativas. Esses resultados são robustos em diferentes níveis de agregação de dados (sessão de voto e município). 

 

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