Marília: associação a Lula é 'natural' e de longa data
À imprensa, candidata comentou continuidade do apoio ao ex-presidente, críticas do PSB e seu desempenho nas pesquisas
Após deixar o palco de um Classic Hall lotado de apoiadores neste domingo (31), a candidata ao Governo de Pernambuco Marília Arraes (Solidariedade) repercutiu, junto à imprensa, questões relacionadas à consolidação da convenção que oficializou sua candidatura, e também os próximos passos da campanha que pretende expandir seu lugar no pleito pelo Executivo estadual.
Diferentemente dos seus adversários, Marília retornou com um discurso mais brando e não fez críticas diretas ao PSB em Pernambuco. A ex-deputada federal utilizou dados sobre a fome e o desemprego no estado para justificar a sua popularidade e a descrença da população na gestão atual. Por outro lado, voltou a mencionar que supostas estratégias antigas de ataque à sua imagem (em referência à corrida municipal contra João Campos, em 2020), voltaram a acontecer.
“O que os adversários falam é direito deles, eu vou respeitar esse direito e defender que digam o que quiserem. [...] O grande desafio é a gente conquistar, a cada dia, mais um. Mais uma mente, mais uma consciência, mais um coração”, disse a candidata, inicialmente.
Perguntada mais uma vez sobre as críticas entre os socialistas e mesmo entre os demais candidatos, que criticam a constante associação ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a dizer que não encara a oposição de forma negativa e que não deve seguir os mesmos padrões estratégicos.
“O discurso de ódio foi uma prática deles na última campanha e, na minha opinião, é um desrespeito ao povo, acima de tudo. No que depender de mim, a nossa campanha vai ter muito respeito aos nossos adversários. E vamos querer também o respeito às nossas opiniões, mas principalmente respeito à opinião do povo. Vamos lutar contra todas as perseguições, por gente que queria estar aqui, mas está sendo perseguida em suas cidades, em seus estados, assim como artistas que estão sendo perseguidos, como a própria Lia de Itamaracá, que teve os seus shows cancelados após declarar apoio a mim. Essas pessoas estão sendo oprimidas por quem acha que manda na vontade do povo”, continuou.
‘A mulher guerreira de Arraes e Lula’
O ex-governador de Pernambuco, um dos mais bem avaliados da história do país, e também avô de Marília, Miguel Arraes, faz parte do novo jingle e vídeo de campanha da pernambucana. O familiar divide o palanque da candidata com Lula, que mesmo não apoiando publicamente a campanha da ex-petista, é um dos principais pilares de seu discurso.
“A associação Marília-Lula é natural, porque é um posicionamento que eu tive por toda a minha vida. É quem eu defendo, é quem eu acredito que é o melhor para o Brasil, e é isso que a gente quer: é fazer o presidente Lula ser eleito com o maior percentual de votos que ele vai ter no país. Essa é a disputa, e não a de quem é ou não é o candidato de Lula”, disse.
O legado de Arraes foi abordado através do Programa Chapéu de Palha. A promessa não é nova: no ano passado, Marília já prometia que faria uma releitura da política pública criada por Miguel Arraes, na década de 1980. “O Chapéu de Palha é um programa muito importante, porque foi um dos primeiros programas sociais de transferência de renda no Brasil. A gente precisa reeditar, modernizar, adaptar o Chapéu de Palha para os novos tempos, inclusive, levando para a cidade a oportunidade de empreendedorismo, de acesso ao microcrédito e de qualificação profissional. Assim como na zona rural, para que os trabalhadores tenham mais acesso à assistência técnica, para que tenham também um reforço, para passar por períodos mais difíceis, ainda mais hoje, com o desenvolvimento estancado”, comentou Marília, ao LeiaJá.
A candidata, no entanto, demonstrou não ter interesse em basear sua campanha no legado de terceiros, mas utilizar o seu histórico político para um melhor entendimento do público sobre os seus ideais. “Nós estamos com novas ideias e com um novo jeito de caminhar, mas é necessário olhar para trás e saber de onde a gente veio, o que a gente representa, mas também é importante olhar para o futuro, pensar em qual estado vamos entregar aos nossos filhos. Diferente do que 'eles' têm feito, que é somente um monte de acordos, visando apenas ganhar a eleição”, completou.
Por fim, disse que está positiva sobre a campanha até outubro e que, mesmo liderando as pesquisas, não as utiliza como parâmetro de sucesso. Para Marília, só quem se importa com as pesquisas é quem está “atrás”. “Não olho para pesquisas. A gente está liderando hoje, mas eu não olho para elas. Olho para Pernambuco, para os desafios que a gente tem. Pesquisas são detalhes, são notícias que são dadas, e a gente não se guia por elas”, concluiu.
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