Lula critica Lira e diz que deputado age como 'imperador'
Ex-presidente acusou líder da Câmara, aliado de Bolsonaro, de tentar levar semipresidencialismo à Casa congressista
Em evento do Solidariedade nesta terça-feira (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou críticas contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Segundo Lula, Lira age com “poder imperial” em vias de criar o “semipresidencialismo” como sistema de governo brasileiro.
“Ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara e ele aja como se fosse o imperador do Japão. Ele acha, inclusive, que pode mandar administrando o Orçamento. O Orçamento é aprovado pela Câmara, pelo Congresso, e tem que ser administrado pelo governo, que é pra isso que o governo é eleito. E é o governo que decide cumprir o Orçamento aprovado pela Câmara, em função da realidade financeira do Estado brasileiro”, disse o ex-presidente, citando as emendas de relator-geral (RP9).
O Japão, cujo sistema de gestão foi usado como exemplo por Lula, é uma monarquia constitucional parlamentar, com chefe de governo (primeiro ministro) e de Estado. Atualmente, o posto mais alto é ocupado pelo imperador Naruhito, que assumiu em maio de 2019 e possui função cerimonial, representando a nação e a unidade do povo japonês.
"Se a gente ganhar as eleições e o atual presidente da Câmara continuar com o poder imperial, ele já está querendo criar o semipresidencialismo”, acrescentou Lula. O petista também contemplou em seu discurso a inflação, a Petrobras e sua disputa com Jair Bolsonaro (PL).
O ex-presidente, que apesar de ter congelado nas pesquisas, ainda é apontado como favorito para outubro, afirmou ainda que irá viajar o Brasil em sua campanha e que ela não será só pelas redes sociais. "Tem gente que acha que não precisa mais fazer campanha com comício, é só pela rede social. Quem quiser ficar na rede social, que fique. Eu vou viajar o Brasil, quero conversar com o povo brasileiro", disse. Ele também prometeu priorizar a geração de empregos, o que chamou de nova “obsessão”.
O petista participou em São Paulo de ato da executiva nacional do Solidariedade em apoio à pré-candidatura dele à Presidência. A nova aliança ocorre após um burburinho ocorrido em abril, quando o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, foi vaiado em evento com Lula e sindicalistas. No evento, o petista estava acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato a vice.