Kátia Abreu diz que Brasil pode ser alvo de sanções
Para a senadora, a imagem ambiental que o Brasil passou a nutrir internacionalmente também passou a comprometer a sua entrada na OCDE
Presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) afirma que o Brasil já sente as consequências internacionais da política ambiental promovida pelo governo Bolsonaro e que, em breve, essas restrições poderão se converter em sanções econômicas.
"É uma situação extremamente grave essa em que o País se encontra na área ambiental. Isso tem um custo altíssimo para o Brasil lá fora e deverá acarretar em sérios prejuízos econômicos", disse a senadora. "Sanções poderão vir muito rapidamente. Os Estados Unidos têm um governo pragmático, que vai cobrar medidas. Temos 160 produtos que vão para os Estados Unidos. Eles podem, por exemplo, taxar esses produtos."
Na avaliação de Kátia Abreu, o presidente Jair Bolsonaro fez "um bom aceno" ao governo americano com a carta enviada, nesta quinta-feira (15), ao presidente Joe Biden. No próximo dia 22, os Estados Unidos realizam a Cúpula do Clima, por videoconferência, com diversos países, entre eles o Brasil.
"Foi uma carta boa, apesar de muito longa. O governo americano não é um governo falastrão. Diante dessa crise toda, o que o Brasil precisa é transformar seus discursos em coisas concretas", afirmou Abreu.
Ao comentar sobre o desempenho de Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, Kátia Abreu disse que a permanência ou saída do ministro é uma decisão que cabe ao governo, mas afirmou que o titular da pasta se encontra em "uma situação muito delicada". A senadora também criticou a posição do governo, de cobrar repasses financeiros para cumprir metas de proteção ao meio ambiente.
"É preciso ter alguém com boa interlocução. E essa ideia de pedir dinheiro é uma estratégia totalmente equivocada. Todos sabem que isso só vem com tarefa cumprida. Os Estados Unidos não estimulam nem premiam o crime. É preciso mudar agora para premiar depois", disse.
Na avaliação da presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a imagem ambiental que o Brasil passou a nutrir internacionalmente também passou a comprometer a sua entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne os países mais ricos.
"Se o governo tem realmente vontade de entrar na OCDE, tem que saber que essa postura na área ambiental inviabiliza a entrada do Brasil. É preciso reduzir o desmatamento urgentemente. Só com isso vamos fechar acordos internacionais. Esse assunto é igual a 'fogo de munturo', como se diz no interior. Vai queimando devagarinho e por baixo. Quando você vê, já levou tudo."