Sucessão nas Forças Armadas entra na pauta
Enquanto na Marinha a escolha mais provável é o primeiro integrante do alto comando na ordem de antiguidade, no Exército e na Aeronáutica há mais questões que devem ser consideradas
Embora fora das discussões de campanha, umas das atribuições do novo presidente será a sucessão de comando nas Forças Armadas. Enquanto na Marinha a escolha mais provável é o primeiro integrante do alto comando na ordem de antiguidade, no Exército e na Aeronáutica há mais questões que devem ser consideradas. Na FAB, por exemplo, Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT) terão a oportunidade de empossar o primeiro comandante negro.
O perfil considerado ideal entre os militares para assumir o Exército, a Marinha ou a Aeronáutica, no atual momento do País, é de um oficial-general que tenha forte liderança e apetite político. Também precisa ter pulso para não permitir que a política volte aos quartéis, o que consideram inadmissível, assim como impedir qualquer tipo de interferência do governo nas forças e vice-versa. A observação vale para PT, que já tentou interferir em assuntos internos no passado, e para Bolsonaro, que, segundo os oficiais, se eleito, não ficará à frente de um governo militar.
Na Marinha, o atual chefe do Estado-Maior da Armada, almirante de Esquadra Ilques Barbosa Júnior, é o favorito. Mesmo próximo de ir para a reserva, o que não é impeditivo, é quem reúne o maior apoio entre colegas. A boa relação com o Exército também conta a seu favor para substituir o atual titular, almirante Eduardo Leal Ferreira. Mas a lista tríplice conteria ainda os nomes dos almirantes Paulo Cezar Küster, Comandante de Operações Navais, e Liseo Zampronio, Secretário-Geral da Marinha.
Já na Aeronáutica há divisões nas preferências internas. Quem hoje tem mais chances, segundo militares ouvidos pelo jornal O Estado De São Paulo, é o número dois na ordem de antiguidade, o atual chefe do Estado-Maior da Força Aérea, brigadeiro Raul Botelho. Caso escolhido, ele será o primeiro negro a assumir o posto. Conta a seu favor também a influência do seu colega de turma na FAB, coronel Braga Grillo, que está assessorando a campanha e trabalha há anos com o filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PSL), senador eleito pelo Rio.
O brigadeiro mais antigo, porém, é Antonio Carlos Moretti Bermudez, diretor do Departamento de Ensino da Aeronáutica (Depens). Ele também está próximo de ir para a reserva, mas ainda espera assumir o comando da Força. Recentemente, recusou um convite para uma vaga no Superior Tribunal Militar (STM) por acreditar que tem chances de comandar a tropa. A mesma vaga foi oferecida a Botelho, que também a recusou pela chance de chegar ao posto mais alto da carreira militar. Há ainda um terceiro nome na possível lista da FAB: o brigadeiro Antonio Carlos Egito do Amaral, que está no Comando de Preparo.
Além do comando da FAB há ainda outro posto pretendido pelos quatro estrelas da Aeronáutica: o de chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, hoje ocupado pelo almirante Ademir Sobrinho. A FAB pleiteia que seja chancelado rodízio no posto que, seguindo este critério, deverá ser ocupado agora por um tenente-brigadeiro. Neste caso, valeria a mesma lista de concorrência.
Exército. A sucessão mais delicada, porém, é a do Exército. Caso Bolsonaro seja o eleito, os quatro primeiros na linha de antiguidade foram companheiros de turma do capitão reformado na Academia Militar da Agulhas Negras (Aman): generais Edson Leal Pujol, Paulo Humberto, Mauro César Lourena Cid e Carlos Alberto Neiva Barcellos.
Os nomes considerados mais fortes são o do chefe do Estado-Maior do Exército, general Paulo Humberto César de Oliveira - número dois na linha de antiguidade -, e o comandante Militar do Sul, Geraldo Antônio Miotto.
Embora seja só o quinto mais antigo, Miotto é quem aparece como favorito. Seu perfil é considerado semelhante ao de Villas Bôas, além de ser ligado ao general Hamilton Mourão, vice na chapa de Bolsonaro. Na hipótese de vitória do presidenciável do PSL, Mourão e o general Augusto Heleno, cotado para o Ministério da Defesa, terão forte influência nesta escolha.
Haddad. Caso o eleito seja o candidato do PT, a avaliação é de que Haddad opte pelos primeiros nomes da lista de antiguidade, podendo haver um diferencial em relação ao Exército. Neste caso, há quem lembre que há possibilidade de que o general Marcos Antônio Amaro dos Santos possa ser o escolhido para o comando da Força. Chefe da segurança da presidente cassada Dilma Rousseff, ele foi fiel a ela durante o período em que esteve no Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.