'Violenta e injusta', diz Luciana sobre impugnação de Lula
Para a presidente nacional do PCdoB, a decisão do TSE se deu em “consonância com o padrão de parcialidade e perseguição política que marcou todo o processo da sua condenação e prisão”
Presidente nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos emitiu uma nota, na manhã deste sábado (1º), criticando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de indeferir o registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando do Palácio do Planalto. No texto, a dirigente comunista diz que a decisão do TSE se deu em “consonância com o padrão de parcialidade e perseguição política que marcou todo o processo da sua condenação e prisão”.
“Os ministros do TSE, em vez de fazerem valer a Justiça com base na Constituição Federal, deliberadamente fecharam os olhos para o fato de que os julgamentos, em primeira e segunda instâncias, se deram pela prática de um verdadeiro Estado de Exceção, uma vez que Lula foi condenado sem provas e apenas com base em declarações de criminosos confessos, beneficiados pela lei das delações premiadas”, salientou Luciana, que é candidata a vice-governadora de Pernambuco na chapa que busca à reeleição do atual governador Paulo Câmara (PSB).
O PCdoB deve ocupar o lugar de vice na coligação assim que os imbróglios jurídicos sejam concluídos. Apesar do TSE ter dado o prazo de 10 dias para a substituição do candidato, o PT disse que vai recorrer da decisão e a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) não deve assumir neste mesmo prazo o posto de vice.
Ainda na nota, Luciana Santos aponta que a Justiça Eleitoral ignorou “o próprio texto da Lei da Ficha Limpa, que afirma que inelegibilidade pode ser suspensa enquanto houver recurso plausível a ser julgado” e recrimina a postura de proibir que Lula apareça nas propagandas na televisão.
Falando em “violenta e injusta impugnação”, a presidente do PCdoB também ponderou que a resposta do indeferimento virá das urnas. “A luta política e jurídica prossegue, mas a resposta que o povo brasileiro certamente dará a essa violência contra a democracia sairá de uma vigorosa campanha eleitoral para eleger, em 7 de outubro, a chapa presidencial liderada por Lula, com ele candidato ou não”, frisou.
Veja a nota na íntegra:
A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por maioria, de excluir o candidato favorito para vencer as eleições presidenciais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se deu em consonância com o padrão de parcialidade e perseguição política que marcou todo o processo da sua condenação e prisão. Consequentemente, este dia 1º de setembro de 2018 entra para a história brasileira como mais uma data de ultraje à democracia e de violência contra a soberania do voto povo popular.
A decisão de impugnar a candidatura de Lula, da coligação PT-PCdoB-Pros se deu com o único voto dissidente do ministro Luiz Edson Fachin. Os demais ministros seguiram o relator, Luiz Roberto Barroso, que desqualificou por completo a decisão cautelar do Comitê de Direitos Humanos (CDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) de manifestar expressamente a defesa dos direitos políticos do ex-presidente, o que inclui a candidatura presidencial. Ignorou, ainda, o próprio texto da Lei da Ficha Limpa, que afirma que inelegibilidade pode ser suspensa enquanto houver recurso plausível a ser julgado.
A maioria da corte eleitoral também ignorou os pronunciamentos de um conjunto de juristas e outras personalidades representativas, em âmbitos nacional e internacional, a favor do cumprimento das normas do Estado Democrático de Direito.
Os ministros do TSE, em vez de fazerem valer a Justiça com base na Constituição Federal, deliberadamente fecharam os olhos para o fato de que os julgamentos, em primeira e segunda instâncias, se deram pela prática de um verdadeiro Estado de Exceção, uma vez que Lula foi condenado sem provas e apenas com base em declarações de criminosos confessos, beneficiados pela lei das delações premiadas.
Uma vez mais se desrespeitou o devido processo legal. Isso ficou patente na recusa do TSE de assegurar à defesa o direito de cinco dias para fazer as alegações finais sobre o processo, prerrogativa admitida até pela presidenta da corte, ministra Rosa Weber.
Ao indicar as consequências da violenta e injusta impugnação, a maioria dos ministros, como argumentou a defesa, desconheceu, de forma casuística, o precedente de mil e quinhentos casos de candidatos que, de 2010 para cá, mesmo sub judice, concorreram até o final do processo eleitoral, participando inclusive do horário eleitoral no rádio e na televisão. Às pressas, se instituiu um novo entendimento sobre o que é um candidato sub judice e, de pronto, o ex-presidente Lula teve a sua candidatura cassada. E como candidato não poderá participar da propaganda no rádio e na televisão, mesmo tendo direito a recursos. Neste quesito, houve o voto divergente da ministra Rosa Weber.
A luta política e jurídica prossegue, mas a resposta que o povo brasileiro certamente dará a essa violência contra a democracia sairá de uma vigorosa campanha eleitoral para eleger, em 7 de outubro, a chapa presidencial liderada por Lula, com ele candidato ou não.
Recife, 1º de setembro de 2018
Luciana Santos – presidenta do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)