Raquel Dodge defende manter prisão de Geddel

Para a procuradora-geral da República, em prisão domiciliar o ex-ministro poderia "manter contatos, receber visitas, dar ordens e orientações que podem frustrar os objetivos das medidas cautelares nesta investigação"

qui, 19/10/2017 - 20:06
Marcos Corrêa/PR Para Dodge, a prisão preventiva do ex-ministro é "imprescindível" para a continuidade das investigações Marcos Corrêa/PR

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considerou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima "parece" ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa. Para ela, a prisão preventiva do ex-ministro é "imprescindível" para a continuidade das investigações.

Geddel foi preso em julho por tentativa de obstrução de justiça, mas colocado em prisão domiciliar dias depois. No último dia 8 de setembro, o ex-ministro foi novamente preso preventivamente após a Polícia Federal encontrar o equivalente a R$ 51 milhões atribuídos a ele em um apartamento em Salvador (BA), na operação Tesouro Perdido.

Para Raquel Dodge, Geddel "fez muito em pouco tempo". "A sua defesa não tem razão quando afirma que a apreensão destes quase R$ 52 milhões não é causa suficiente para um novo decreto de prisão. Não há registro histórico no Brasil de apreensão maior de dinheiro e, ao que tudo indica, dinheiro público desviado e ocultado ilicitamente", escreveu Raquel. Segundo ela, o "valor monumental" indica a gravidade do crime.

"A elevada influência desta organização criminosa evidencia-se, aos olhos da nação, em seu poder financeiro: ocultou cinquenta e dois milhões de reais em um apartamento de terceiro, sem qualquer aparato de segurança, em malas que facilitaram seu transporte dissimulado. Este dinheiro seria apenas uma fração de um todo, ainda maior e de paradeiro ainda desconhecido."

Nas palavras da procuradora-geral, está sendo investigada uma "poderosa organização criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da Administração Pública, e que seria integrada, segundo indícios já coligidos, por um ex-ministro de Estado e o ex-presidente da Câmara dos Deputados". A investigação que levou ao dinheiro escondido no apartamento em Salvador apura desvios na Caixa Econômica Federal, com suposta participação de Geddel e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A manifestação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) após as defesas de Geddel e do advogado Gustavo Ferraz, suposto aliado do peemedebista, entrarem com pedido de liberdade. Fachin manteve Geddel preso, mas substituiu a preventiva de Ferraz por prisão domiciliar e pagamento de fiança.

A manutenção da prisão de Geddel gera apreensão no Planalto, que teme que o ex-ministro admita a delação premiada como estratégia de defesa e implique a cúpula do PMDB. Geddel foi ministro do presidente Michel Temer e considerado um aliado no Planalto.

A procuradora-geral da República apontou que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal chegaram ao apartamento a partir da afirmação do delator Lúcio Funaro de que entregou mais de R$ 11 milhões em espécie a Geddel, "que seriam dinheiro público". "Logo, a soma do dinheiro apreendido é muito superior às entregas de Funaro", escreveu Raquel, que defendeu em manifestação que as investigações sobre o ex-ministro precisam prosseguir.

Para a PGR, em prisão domiciliar Geddel poderia "manter contatos, receber visitas, dar ordens e orientações que podem frustrar os objetivos das medidas cautelares nesta investigação".

Decisão

Fachin também determinou, em sua decisão, a prisão domiciliar para Job Ribeiro Brandão, secretário parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel. Brandão também ficará afastado da função na Câmara e deverá usar tornozeleira eletrônica.

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