Líder do MTST afirma que sua prisão foi “política”
''Cada vez mais há uma tentativa de desmoralizar os movimentos descaracterizando a luta por direito'', disse Guilherme Boulos
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos conversou com a imprensa, ainda na delegacia, após ser preso na manhã desta terça (17) durante a reintegração de posse da Ocupação Colonial, em São Paulo. Ele disse que o delegado responsável pelo caso ainda ouvirá outros policiais militares e ainda não informou quais serão as medidas a serem tomadas. “Eu vou ter que aguardar aqui até essa definição da Polícia Civil”, explicou.
Boulos disse que sua detenção teve fins políticos. “Foi uma prisão política, evidente. Não teve nenhuma razão. Alegaram incitação à violência e agressão. Eles despejam 700 famílias com violência e eu que incitei. É uma prisão descabida. Depois que os fatos ocorreram, atribuíram a mim coisas que não aconteceram. O MTST estava lá nessa ocupação para buscar garantir o direito das pessoas que estavam sendo despejadas. Buscar uma saída negociada e pacífica”.
Ele contou a sua versão. “A tropa de choque avançou, jogou bombas e querem encontrar um culpado. É o que estão tentando fazer. O grupo de policiais da tropa de choque me cercaram e me conduziram à viatura dizendo que eu estava sendo preso”.
Guilherme declarou que episódio desta terça é mais um “capítulo” da luta do movimento e que acredita que não será o último. “O que eu vejo é que há no país uma ofensiva de criminalização dos movimentos sociais. Isso é notório e as pessoas percebem. Cada vez mais há uma tentativa de desmoralizar os movimentos descaracterizando a luta por direito. Essa desmoralização prepara o terreno para uma criminalização, para uma violência de Estado contra os movimentos sociais. O despejo de hoje é mais uma expressão disso e essa prisão também”, declarou.
Ainda definiu a reintegração de posse ocorrida nesta manhã como absurda e injusta. “Têm pessoas nas ruas jogadas na calçada, no meio da chuva, e que também estão indignados com uma prisão política que é, evidentemente, uma medida da Polícia Militar de São Paulo de criminalização dos movimentos sociais”.