Lindbergh e Aloysio Nunes trocam acusações
Senadores do PT e da oposição, principalmente os tucanos, travaram acalorados debates em plenário, tendo havido até um palavrão nas discussões
Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) trocaram acusações na tarde desta segunda-feira, 7, após o parlamentar petista ter chamado de "ilegal" a decisão do juiz Sérgio Moro que autorizou na sexta-feira a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lindbergh, que acusara a Operação Lava Jato de proteger os tucanos, disse que o PSDB "nunca gostou de investigação no Brasil" e disse que o chefe do Ministério Público Federal no governo FHC, Geraldo Brindeiro, era chamado de "engavetador-geral".
Senadores do PT e da oposição, principalmente os tucanos, travaram acalorados debates em plenário, tendo havido até um palavrão nas discussões. Enquanto os petistas reclamaram da arbitrariedade na ação contra o ex-presidente, os oposicionistas destacaram que a medida contou com respaldo judicial e que ninguém está acima da lei.
"Infâmia!", rebateu Aloysio, ao criticá-lo por repetir esse argumento o tempo todo. "Botou o Brindeiro lá", cutucou Lindbergh, ao citar que no governo FHC ocorreram 48 operações em oito anos. "Não havia uma organização criminosa comandando o Brasil, Senador Lindbergh", afirmou o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB). "Ah, que conversa, eu conheço vocês", ironizou o petista.
Da tribuna do Senado, Lindbergh partiu para o ataque e citou escândalos de corrupção que envolveram governos do PSDB. Citou o da máfia das merendas e o do cartel dos metrôs em São Paulo, chamando-os de "merendão" e "trensalão". "O senhor é um fanático. É um fanático caluniador. Essa que é a verdade", acusou Aloysio. "Discurso estercorário da tribuna. Está sujando a tribuna do Senado", completou.
Cássio Cunha Lima pediu a Lindbergh que tenha respeito pela trajetória dele de "cara pintada para não se transformar num cara lavada". O senador petista reclamou do que considera como partidarização das ações da Lava Jato ao insinuar que suspeitas levantadas em delações premiadas contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), não estaria sendo investigadas. O petista cobrou que Sérgio Moro obedeça a lei. "Olha, eu já disse: nós somos democratas, vamos resistir nas ruas; mas esse achincalhamento que querem fazer contra o nosso presidente Lula, contra a democracia brasileira, nós não vamos aceitar."
Ruas
Em outro momento posterior, o senador do PT acusou o PSDB de ter se aliado a "grupelhos fascistas" e de estar colado com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ele disse que os petistas não estão se "armando" para os protestos de rua marcados para o próximo domingo, 13. Cássio Cunha Lima rebateu-o: "E Vossa Excelência é colado com Collor", disse, numa referência ao ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL), que Lindbergh protestou pela sua saída, mas hoje é aliado do governo Dilma. "O senador Cássio está mentindo. Você sabe que eu e Collor, aqui, a gente mal se cumprimenta", treplicou.
O ânimo da discussão exaltou a ponto que o líder do PSDB falou fora do microfone - embora o áudio tenha sido captado. "Fascista é a p. que pariu", disse. O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), pediu que a "baixaria" que o tucano expressou fosse retirada dos anais. O pedido foi atendido pela Mesa Diretora.