Corrêa usava email com nome de santa para negociar propina
Pernambucano, ajustava os detalhes do repasse das verbas desviadas da Petrobras usando um endereço eletrônico com o nome de Nossa Senhora Aparecida
O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP) negociava as propinas dos contratos da Petrobras com o doleiro Alberto Youssef através de um email em nome de Nossa Senhora Aparecida. A santa, vista pela igreja católica como padroeira do Brasil, intitulava uma consultoria criada pelo ex-parlamentar após ter tido o mandato cassado em 2006. A informação foi revelada pelo ex-assessor do pernambucano, Ivan Veron, em depoimento ao Juiz Sérgio Moro na última quarta-feira (26).
A ferramenta eletrônica "nsa.c@uol.com.br" foi citada por Veron como a forma encontrada por Corrêa para tentar maquiar os acordos firmados com Youssef para o pagamento das verbas desviadas. Segundo o ex-assessor, antes de perder o mandato o progressista usava um endereço eletrônico com o nome dele.
Segundo as investigações da Polícia Federal e os autos do processo impetrado pelo Ministério Público Federal, Pedro Corrêa “recebeu para si, direta e indiretamente, a quantia aproximada de R$ 35,4 milhões correspondente a 118 repasses de R$ 300 mil mensais, no período de 14 de maio de 2004 a 17 de março de 2014, pulverizados e estruturados em valores menores, acrescida de uma quantia de R$ 5,3 milhões paga no primeiro semestre de 2010, o que totaliza a soma de R$ 40,7 milhões de vantagem indevida”.
O ex-assessor parlamentar, inclusive, foi um dos defendidos por Corrêa também na última quarta. Em depoimento à Justiça Federal, o pernambucano disse que seus filhos, a ex-deputada Aline Corrêa (PP-SP) e Fábio Corrêa, a nora Márcia Danzi e Ivan Vernon não têm qualquer envolvimento com os fatos investigados no Lava Jato. “Estou sendo acusado com outras pessoas, e eu quero dizer que essas outras pessoas não têm nenhuma responsabilidade nos fatos. Eu assumo a responsabilidade de todos os fatos”, assumiu o ex-deputado.
Delação premiada
O ex-deputado federal estaria negociando um acordo de delação premiada com o MPF. A opção por colaborar com as investigações pode amenizar a pena do pernambucano, caso seja condenado. Se for aceito como delator, Pedro Corrêa será o primeiro político preso pela Operação Lava Jato a colaborar com a revelação do esquema de corrupção.
Em julho, uma especulação de que Corrêa havia proposto delação foi negada pelo advogado de defesa Michel Saliba. Procurado pelo Portal LeiaJá, Saliba não atendeu as ligações desta vez.
Preso pela Operação Lava Jato desde abril, o pernambucano já cumpria pena por condenação do Supremo Tribunal Federal no caso do Mensalão. A expectativa é de que além de detalhes do esquema na Petrobras, Corrêa também fale da ligação com o escândalo do Mensalão que gerenciou a troca de apoios entre parlamentares e o PT durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula (PT).