Último debate mantém críticas e propostas em destaque

Ambos quiseram reforçar o eleitorado e conquistar o voto dos indecisos

sab, 25/10/2014 - 00:28
ERBS Jr. e Marcos de Paula/Estadão Conteúdo Dilma e Aécio enfrentam o segundo turno das eleições no domingo ERBS Jr. e Marcos de Paula/Estadão Conteúdo

Sem abrirem mão das críticas e acusações, os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) abordaram algumas das propostas de governo no último debate deste segundo turno, realizado na noite dessa sexta-feira (24) pela Rede Globo. O objetivo de ambos foi expor os pontos fracos do adversário e ressaltar as próprias atuações políticas e êxitos na gestão, para reforçar o eleitorado e conquistar o voto dos indecisos.

Com a presença, na plateia, de 70 eleitores indecisos selecionados pelo Ibope, o debate teve um tom mais ameno nos blocos em que os candidatos respondiam às perguntas dos convidados, inclusive com abordagens mais voltadas para as ações que desejam colocar em prática caso sejam eleitos. Já nos blocos em que houve confronto direto, os postulantes mantiveram a postura crítica ao falarem sobre corrupção, inflação, investimento e gestão, dentre outros assuntos.

Para Dilma o país avançou nos últimos 12 anos e deve continuar o ritmo de crescimento. “O Brasil que nós estamos construindo é o Brasil das oportunidades, que valoriza o trabalho e a energia empreendedora, que quer crescer e melhorar de vida e faz isso com muita autoestima. É um país que cresce e que faz todas as pessoas crescerem, mas como um olhar especial para as mulheres, para os negros e para os jovens”, frisou. “Nós que lutamos tanto para melhorar não vamos permitir que nada nem ninguém tire de você o que você conquistou”, completou a petista, falando direto aos eleitores durante o debate.

Já Aécio ressaltou a necessidade de mudança. “Eu chego ao final dessa campanha de pé, honrado pelo apoio e manifestações de carinho e de confiança no nosso projeto. Eu não sou mais o candidato de um partido político. Eu sou o candidato da mudança que você e sua família querem ver no país. Mudança de valores, da eficiência do estado. Há 30 anos, acompanhando meu avô Tancredo, fez a mesma caminhada pelo Brasil. Ele, infelizmente, não teve o privilégio de assumir a Presidência da República. Se eu merecer a sua confiança, subirei a rampa do Palácio do Planalto com a mesma coragem e determinação. Travei o bom combate, falei a verdade e jamais perdi a minha fé”, ressaltou.

Acusações

Os dos presidenciáveis dirigiram críticas à campanha eleitoral adversária. Aécio Neves disse que esse pleito vai entrar para história “como um dos mais vergonhosos, com acusações sórdidas e calúnias”. “Em várias cidades, foram distribuídos boletins apócrifos contra a minha candidatura. Recebi relatos de que carros de som estavam circulando nas cidades, dizendo que se as pessoas votasse 45 seriam desligadas do Bolsa Família”, acusou Aécio.

Dilma rebateu. “A sua campanha é extremamente agressiva. Fez e faz sistemática difamação a mim, mas não apresenta nenhuma prova. Vocês têm o habito de tentar dar golpe às vésperas das eleições. Fizeram em 2002, 2006, 2010 e agora 2014, mas o povo não é bobo”. Para ela, a delação premiada de Paulo Roberto Costa, que fez denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras e vários integrantes do PT e de partidos aliados, está sendo manipulada. “Irei à Justiça para defender-me”, garantiu.

A economia também estava no centro das discussões, com o tucano dizendo que o Brasil é mal visto pela comunidade internacional como “um cemitério de obras abandonadas, inflação alta, falta de investimento e aparelhamento dos bancos públicos”. Já a petista questionou a competência de gestão do PSDB “por ter quebrado o Banco do Brasil e a Caixa quando estavam no governo” e por não terem conseguindo se “planejar tendo nas mãos o estado mais rico do país”, em referência à crise hídrica enfrentada em São Paulo.

Como fez nos outros debates, Aécio cobrou um posicionamento de Dilma em relação ao mensalão e Dilma acusou os tucanos de “engavetarem os processos de corrupção envolvendo políticos do partido”.

Propostas

Nos blocos das perguntas aos eleitores, os candidatos destacaram as propostas para o país. Aécio disse que pretender ampliar o programa Minha Casa, Minha Vida e aprimorá-lo especialmente na faixa de renda até três salários mínimos. “Faremos parcerias mais ágeis com os municípios e estados. Esses são programas da sociedade brasileira e ninguém tem o monopólio dele”, disse. Dilma defendeu a condução atual da ação, que já entrou 1,8 milhão de moradias e contratou outras 1,8 milhão. “Não acredito que vocês vão manter os subsídios para sustentar esse programa, porque vocês sempre foram contra isso”, disparou Dilma.

O tucano disse ainda que, se eleito, quer “ser lembrado como o presidente que revolucionou a educação no Brasil”.  “Se não enfrentarmos com coragem a situação da baixíssima qualidade das nossas escolas não vamos a lugar algum”, considerou. Ele ainda defendeu uma política nacional de segurança pública, reformulação do ministério da agricultura e desoneração das empresas de saneamento, para que o serviço seja estendido a todo o país.

A presidente e candidata à reeleição elencou as propostas de combate à corrupção e a impunidades. “Propus transformar em crime eleitoral o uso de caixa dois. Além disso, acredito que o funcionário publico que enriqueça ilicitamente deva perder o bem e ser criminalizado, criando inclusive uma instância especial para julgar os crimes com foro especial”, explicou. Ela também defendeu o estreitamento das parcerias da União com estados e municípios e a integração das forças de segurança especialmente para o combate ao crime organizado.

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