Debate é marcado por acusações entre os candidatos

Em meio a muitas acusações, poucas propostas foram apresentadas ao público

qui, 16/10/2014 - 20:41
Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo Presidenciáveis não pouparam ataques durante debate exibido pelo SBT Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

O segundo debate entre os candidatos à Presidência da República, que disputam o segundo turno das eleições, foi marcado pela falta de apresentação de propostas e muitas acusações. Temas como o escândalo da Petrobras, o aeroporto de Claudio e a economia do país foram os mais citados por Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). 

Divido em três blocos e mediado pelo jornalista do SBT, Carlos Nascimento, o encontro teve aproximadamente uma hora e meia de duração. O primeiro bloco já começou com acusações e as novas denúncias divulgadas pela imprensa sobre a Petrobras. Dilma voltou a se defender afirmando que no seu governo as denúncias puderam ser investigadas pela Polícia Federal, diferente do que acontecia nos governos tucanos. A petista também lembrou escândalos envolvendo o partido como a compra de votos para a reeleição e o Metrô de São Paulo. 

Na área da educação, Aécio afirmou não ser contra a construção de escolas técnicas, e que alguns programas implantados pelo governo federal tiveram como inspirações projetos de governos estaduais e prefeituras governadas pelo PSDB, e disparou: “O PT tem uma mania de achar que é dono dos programas. Ninguém é dono do Brasil”. 

A petista negou que o país esteja enfrentando inflação. Ela comparou o tema com a Copa do Mundo no Brasil, evento que era visto com desconfiança antes da realização. Com a inflação, ela afirmou que os pessimistas dizem estar alta, mas não verdade o que está acontecendo é uma falta de chuvas, que é passageira. A presidente aproveitou o tema para alfinetar os tucanos “Eu não vou combater a inflação com os métodos do senhor: desempregar, fazer arrocho salarial e promover a falta de investimentos”. 

Um dos temas mais delicados foi a contração de parentes na gestão pública. Dilma acusou Aécio de ter no governo de Minas irmã, Andrea Neves, primos e tios. O tucano se defendeu afirmando que a irmã trabalha de maneira voluntária, sem receber salários, e acusou um irmão de Dilma de ter sido nomeado pelo Prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), para um cargo na prefeitura, mas nunca foi ao trabalho. 

O segundo bloco do embate começou com o foco na corrupção. Dilma cobrou explicações sobre a participação do ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, em um esquema para esvaziar uma CPI. Aécio afirmou que o partido quer investigação de todos, independente, de partidos ou pessoas. Já a petista voltou a acusar os tucanos de engavetar processos e “jogar a sujeira” para baixo do tapete.  

Questionado sobre segurança pública, Aécio se comprometeu em liderar uma política nacional de segurança e garantir que todos os recursos destinados a área sejam realmente gastos. Ele se mostrou favorável à mudança do código penal e a modificação na fiscalização das fronteiras. Já Dilma apresentou os centros integrados de segurança, implantados na Copa do Mundo, e se comprometeu a expandir para todo o Brasil. 

O terceiro e último bloco também começou com os ânimos acirrados. Dilma questionou o tucano sobre a Lei Seca. Aécio achou que foi uma provocação pelo fato dele já ter sido parado por uma blitz e ter se negado a fazer o teste e disse: “Seja correta e séria, candidata. Insinuar ofensas como essa é indigno de uma presidente candidata. Sua campanha mente candidata nas redes sociais e na internet. Fale a verdade”. 

As acusações e supostas mentiras no guia foram discutidos no encontro. “Candidato, quem mente é o senhor”, disse Dilma e completando que Aécio deixou de investir bilhões na saúde e educação de Minas Gerais, enquanto governador.  Em sua defesa, o tucano leu uma decisão do Tribunal de Contas de Minas Gerais afirmando que a gestão dele deixou as contas do estado em dia. 

O aeroporto de Claudio e a corrupção voltaram à pauta no final do debate. Aécio, novamente, falou que a obra foi feita em uma área desapropriada e respondeu ironicamente que a petista deveria se candidatar ao Governo de Minas ou a Prefeitura de Belo Horizonte depois do dia primeiro de janeiro, quando estiver desempregada. A presidente respondeu que teria muita honra em se candidatar a um dos cargos, mas que o tucano precisa explicar a construção do aeroporto e voltou a criticar Aécio: “o senhor se acha acima de qualquer critica ou qualquer avaliação. É errado colocar um aeroporto feito com dinheiro público dentro da fazendo de um tio isso é feio.

Nas considerações finais, Dilma frisou que, diferente do que aconteceu em governos anteriores, a gestão dela olhou para todos os brasileiros e que o país vive um momento de crise internacional, mas o Brasil passou sem desemprego. Ela afirmou que quer garantir saúde e educação de qualidade para a população, caso seja reeleita. 

Já o tucano disse que pretende ser um presidente para combater a inflação, a criminalidade. Ele também disse querer ser o presidente da integração nacional, do Nordeste, e que respeita a verdade. Ele criticou a petista pontuando que as mesmas ofensas que foram dirigidas a Eduardo Campos e Marina Silva estão sendo dirigidas a ele. 

Ao término do debate, enquanto concedia entrevista, Dilma Rousseff (PT) teve uma baixa de pressão e precisou ser amparada pela produção da emissora. 

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