Comissão ouve mais uma testemunha no “Caso Padre Henrique”
Crime ocorreu em 1969
A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) vai ouvir, nesta terça-feira (22), mais uma testemunha no Caso do padre Antônio Henrique. O ex-diretor de uma escola religiosa do Recife e uma das pessoas mais próximas do religioso, Irmão Orlando Cunha Lima, vai prestar um depoimento com objetivo de colaborar com as investigações da Comissão. O relator do caso é o advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados no Brasil/PE, Henrique Mariano.
Em 1969, com a criação da Comissão Judiciária de Inquérito, irmão Orlando acompanhou os trabalhos e testemunhou para ajudar nas apurações sobre a responsabilidade dos autores do assassinato do padre. O depoente também conviveu com Irmão Eduardo Orlando Aguiar Amorim, professor do Colégio Marista e amigo do Pe. Antônio Henrique. Em depoimento prestado à Comissão Judiciária de Inquérito, Irmão Eduardo Aguiar confirmou que, dias antes do crime, padre Henrique contou sobre o recebimento de uma carta com ameaças.
A sessão, que será aberta ao público, acontece a partir das 9h, no auditório do Ministério Público Federal, no Recife.
Entenda o Caso do Padre Henrique - Em 1969 o religioso foi torturado e morto a tiros. O corpo foi encontrado em um terreno baldio, na Cidade Universitária. Havia tiros na cabeça, cordas no pescoço e facadas. Na época, era auxiliar do então arcebispo Dom Hélder Câmara, um dos nomes mais expressivos da Igreja Católica. Em 1986, o caso foi arquivado por falta de provas.
A Comissão Estadual da Memória e Verdade revelou, em abril deste ano, documentos inéditos sobre o assassinato do padre Henrique e as manobras do aparelho estatal com objetivo de mascarar o caráter político do crime, que teria sido praticado para atingir diretamente o religioso Dom Helder Câmara. A interferência do Ministério da Justiça, sobre o trabalho de investigação realizado pelo Ministério Público de Pernambuco, à época, fica clara em documentos oficiais, que estão em posse da Comissão. Que também constatou o monitoramento do Estado na vida de Dom Helder Câmara, através de escutas das ligações telefônicas realizadas antes e depois do assassinato do Padre Henrique.