Deputados destituídos recebem diplomação na Alepe

Alepe empossou 25 deputados estaduais destituídos dos cargos durante a ditadura militar de 1964 até 1986

qui, 21/06/2012 - 01:27
Fernando Alvarenga

A Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe) realizou um ato simbólico nesta quarta-feira, que empossou 25 deputados estaduais destituídos dos cargos eletivos durante a ditadura militar de 1964 até 1986, por meio de atos constitucionais. Na cerimônia de homenagem a Alepe restituiu o diploma aos mesmos que estiveram presentes e aos familiares dos 11 que já faleceram.

A mesa da solenidade foi presidida pelo vice-governador João Lira Neto (PDT), o presidente da casa, Guilherme Uchoa (PDT), a secretária de direitos humanos da prefeitura, Amparo Araujo e os diplomados, Liberato da Costa Junior e Egídio Ferreira Lima. “Em razão de um governo autoritário e repressor essas pessoas foram afastadas, mas hoje estamos realizando algo simbólico, restituindo diplomas aos que sofreram perseguição política e tiveram seus mandados cassados”, comentou Uchoa.

O idealizador do ato, o líder do governo na casa Joaquim Nabuco, Valdemar Borges (PSB), ressaltou as ações antidemocráticas que ocorreram na época. “A democracia que foi construída com tantas adversidades precisa ser valorizada, consolidando uma consciência que não permita um retrocesso com mandatos cassados, pessoas sumidas e condenadas sem direito a defesa. Assim, repudiamos o passado obscuro e resgatamos a memória histórica combatendo a tirania e um estado animalesco”, falou Borges.

Já o ex-deputado Egídio Ferreira Lima, que na época da ditadura passou pela destituição do seu cargo, se mostrou crente e confiante na democracia brasileira. “Atualmente o país vive caminhos produtivos de aproximação de classes, sinto minha velhice mais lúcida com a unificação do povo brasileiro. Quando frequentei essa casa me sentava quase sempre na quarta cadeira e lutava em favor de um estado e país que acredito e continuo confiando. O dia de ontem foi pior do que o de hoje, e o dia de amanhã será melhor, o futuro está nas mãos dos homens”, discursou Egídio.

Quem também participou da solenidade foi o coordenador do Instituto Ser Educacional, Sérgio Murilo Júnior, filho do ex-deputado federal Sérgio Murilo Santa Cruz (PMDB), que ao proferir um discurso contra o golpe militar no prédio da Alepe, sofreu um cerco da força policial. O “Cerco Branco”, como foi noticiado pelos jornais na época, impediu que o parlamentar assumisse o cargo de deputado estadual, levando-o preso sobre a acusação de atividades subversivas.

“É um momento histórico para minha família, ficamos emocionados com a iniciativa do deputado Valdemar ao resgatar esse momento difícil da história política do Estado, um momento de muita dor para a família. Principalmente para minha mãe que presenciou todo esse período que meu pai foi cassado e preso 11 vezes durante a ditadura. Por isso esperamos que esse passado sirva de exemplo e que não se repita nas próximas gerações“, declarou Sérgio Murilo Júnior.

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