Bilhete liga esquema no Esporte a governador do DF
Bilhete foi encontrado na casa do policial militar João Dias Ferreira
O depoimento de uma testemunha, narrando em detalhes como teria entregue R$ 256 mil de propina a Agnelo Queiroz, em agosto de 2007, e um bilhete encontrado na casa do policial militar João Dias Ferreira, dono da ONG Febrak (Federação Brasiliense de Kung Fu), manuscrito "300 mil Agnelo", ligam o esquema de desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, ao atual governador do Distrito Federal e ex-ministro do Esporte.
Por conta desses indícios, dos depoimentos e das acusações formalizadas, o inquérito iniciado pela Polícia Civil, na Operação Shaolin, em abril passado, e que envolve Agnelo Queiroz, saiu da Justiça Federal e foi encaminhado na terça-feira da semana passada para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), como noticiou hoje o jornal Folha de S. Paulo. Agnelo Queiroz tem foro privilegiado. No STJ, o processo tramitará sob a relatoria do ministro Cesar Asfor Rocha.
No inquérito da Operação Shaolin, a testemunha Geraldo Nascimento de Andrade disse ao delegado Giancarlos Zuliani que sacou nos dias 7 e 8 de agosto de 2007 cerca de R$ 330 mil em uma agência do Banco de Brasília (BRB). A testemunha disse que colocou R$ 256 mil numa mochila e participou pessoalmente de uma operação de entrega do dinheiro, na cidade satélite de Sobradinho, a Agnelo Queiroz. Ele disse ainda que Eduardo Pereira Tomaz, assessor do PM João Dias nos projetos do Segundo Tempo que recebiam o dinheiro público, presenciou tudo.
Segundo Nascimento, Eduardo entregou a mochila com o dinheiro a um homem que estava dentro de um carro preto. "O local onde ocorreu a suposta entrega possuía boa iluminação, razão pela qual o declarante pode afirmar com convicção que Agnelo Queiroz foi a pessoa que recebeu a mochila contendo R$ 256 mil", diz o relatório da polícia, assinado pelo delegado Giancarlos Zuliani Jr.
Segundo o depoimento, o ex-ministro teria despejado o dinheiro no chão do carro, conferido e separado R$ 1 mil que foram dados a Eduardo como gorjeta. Em reportagem publicada em maio passado, a revista Época, teve acesso ao inquérito e detalhou as acusações que agora estão no STJ.