PF apreende fuzis em clube de tiro ilegal em Caruaru
A operação apura o uso de CACs falsas, comércio ilegal e crimes como organização criminosa
Na manhã desta sexta-feira (21), a Polícia Federal (PF), em parceria com a Receita Federal, cumpriu mandados e apreendeu armas de fogo, munições e equipamentos em um clube de tiro em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. O inquérito apura uma série de crimes envolvendo comércio ilegal de arma de fogo, porte ilegal, falsidade ideológica, uso de documento falso, organização criminosa e incitação ao crime.
As investigações iniciaram em 2021 com objetivo de apurar a atividade do grupo empresarial responsável pelo Clube de Tiro do Agreste ou CTA Clube de Tiro, suspeito de fraudar a fiscalização de órgãos públicos com CACs falsas. O certificado flexibiliza o uso de arma de fogo a pessoas físicas registradas como colecionadores, atiradores desportivo ou caçadores.
O grupo teria forjado a documentação e oferecia cursos, conserto, manutenção e customização de armas de fogo. Segundo a PF, os funcionários não possuíam licença para atuar como armeiros, mas produziam habilitações falsas com o nome de armeiros credenciados sem nenhum vínculo com eles.
Fundado em 2014, o Clube de Tiro do Agreste possui arena e lojas em Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Nas redes sociais, seus perfis divulgam produtos e produzem vídeos para estimular o uso indiscriminado de armas de fogo.
Em diversas publicações, o presidente Diego Soares faz acusações sem fundamento contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ex-presidente Lula (PT). Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), ele chegou a custear santinhos de campanha de candidatos alinhados ao presidente e disponibilizou as duas sedes para um 'adesivaço gratuito' até a véspera do segundo turno. O LeiaJá entrou em contato com os telefones do clube de tiro, mas não foi atendido.
A operação Zona Cinza foi batizada para caracterizar o "espaço enevoado e turvo" gerado pela falsa percepção de legalidade conferida aos crimes com uso de documento falso. "É comum associar a venda legal de armas à cor branca, e a ilegal, à cor preta", pontuou a PF.
A Justiça Federal expediu quatro mandados de prisão preventiva, 37 de busca e apreensão, 11 ordens de sequestro de bens e suspensão de atividade econômica, além do bloqueio de 14 perfis nas redes sociais com conteúdo ilegal para serem cumpridos em Pernambuco, Alagoas e São Paulo. Somadas os crimes, as penas podem alcançar até 30 anos de reclusão e multa.