Senado dos EUA enterra reforma eleitoral de Biden
Democratas e ativistas pelos direitos do sufrágio defendiam o projeto de lei como uma resposta necessária aos esforços republicanos para restringir o voto, especialmente entre negros e latinos
Senadores dos Estados Unidos deram um golpe fatal nesta quarta-feira (19) ao projeto de reforma eleitoral promovido pelo presidente Joe Biden para defender o direito de voto para minorias.
Diante de um bloqueio republicano, os democratas não conseguiram promover dois projetos de lei já aprovados pela Câmara de Representantes e desistiram de ativar um procedimento especial que lhes permitiria submeter ambos os textos a votação na Câmara Alta apesar da rejeição da oposição.
"Estou profundamente desapontado que o Senado não tenha defendido nossa democracia. Estou desapontado, mas não dissuadido", escreveu Biden no Twitter.
"Continuaremos avançando na legislação necessária e pressionando por mudanças nos procedimentos do Senado que protegerão o direito fundamental ao voto", acrescentou.
Democratas e ativistas pelos direitos do sufrágio defendiam o projeto de lei como uma resposta necessária aos esforços republicanos para restringir o voto, especialmente entre negros e latinos.
"Eu sei que não é 1965. É isso que me deixa tão indignado. É 2022 e eles estão descaradamente removendo mais locais de votação de condados onde negros e latinos estão super-representados", reclarou o democrata de Nova Jersey Cory Booker no Senado.
"Não estou inventando isso. É um fato", comentou.
Estados governados por conservadores passaram o ano passado aproveitando as alegações infundadas do ex-presidente Donald Trump sobre fraude eleitoral nas eleições de 2020 para introduzir uma série de regulamentos que complicam o exercício do voto.
O projeto promovido por Biden teria garantido o direito ao voto pelo correio, nas urnas e pelo menos duas semanas de votação antecipada, além de tornar o Dia das Eleições um feriado nacional.
Também procurava impedir a prática de redistritamento em favor do partido no poder e exigiria que estados com histórico de discriminação obtivessem autorização federal para alterar as regras eleitorais.
Mas todos os 50 senadores republicanos votaram contra as reformas, argumentando que restrições como limitar a votação por correspondência e insistir na identificação do eleitor eram apenas senso comum.
"A preocupação é equivocada. Se você olhar para as estatísticas, os eleitores negros estão votando em uma porcentagem tão alta quanto os demais nos Estados Unidos", disse o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, a repórteres antes da votação.
"Em uma pesquisa recente, 94% dos americanos acharam que era fácil votar. Isso não é um problema. A participação aumentou. É a maior participação desde 1900", disse ele.
O Senado está dividido igualmente entre 50 republicanos e 50 democratas e, em caso de empate, a vice-presidente Kamala Harris decide.
Sem senadores republicanos quebrando fileiras, os democratas não conseguiram ultrapassar o limite de 60 votos necessário para levar o projeto a votação.