Tia de Remís diz que réu se mostrava preocupado com sumiço
Antes do corpo ser encontrado perto da casa do ex-namorado, a tia lembra que o acusado ligava para saber se Remís havia aparecido
Nesta terça-feira (9), Paulo César de Oliveira Silva é julgado pela morte da ex-namorada Remís Carla, morta aos 24 anos nas vésperas do Natal de 2017. Familiares e amigos acompanham a audiência no Fórum Thomaz de Aquino, área Central do Recife, e lembram que o réu fingia estar preocupado pelo desaparecimento da estudante.
"A gente vê as fotos e parece que ela ainda tá viva", lamenta a tia Luzinete da Silva. Após esperar quatro anos pelo julgamento, ela descreve o momento como "muito doloroso" e considera o réu "frio" e "um perigo para a sociedade". Por isso, espera que seja sentenciado à pena máxima por feminicídio.
"Até então ele aparentava ser uma pessoa que não é", apontou. "Só depois que houve a morte de Remís foi que ficamos sabendo de tudo que ele fazia, porque até então ele era uma pessoa dócil, só vivia sorrindo, tratava todo mundo bem. Inclusive meu pai [avô da vítima] que estava acamado e gostava muito dele", relatou momentos antes do início do julgamento.
Nos seis dias de buscas em que Remís ficou enterrada a cerca de 400 metros da casa do namorado, ele costumava ligar para a família para mostrar preocupação. "Ele fez até depósito na conta dela para tirar a Polícia. Ele já tinha matado e enterrado e ainda depositou dinheiro", lembra Luzinete.
Acompanhante de Remís na Delegacia da Mulher para denunciar Paulo um mês antes da amiga ser asfixiada, Jéssica Alves entende que, na verdade, ele queria disfarçar a autoria do crime. A queixa não foi compartilhada com a família, que nem desconfiava da agressividade do companheiro.
"Ele agiu o tempo inteiro de forma fria como se tivesse procurando por ela assim como a gente, compartilhando o cartaz de desaparecida nas redes sociais, querendo se engajar nas buscas. Se colocando como se também não soubesse o que tinha acontecido", identificou.
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Desaparecimento registrado sem que o namorado tivesse conhecimento
No entanto, o interesse do ex-namorado levantou suspeita das pessoas que sabiam do seu comportamento, já que a estudante havia desaparecido após um fim de semana na sua casa.
A amiga tinha acolhido Remís em outras agressões e sabia que seu namorado era 'violento e perigoso', tanto que o boletim de desaparecimento foi prestado sem que ele soubesse. "Ele só ficou sabendo quando a policia foi buscá-lo para depor", confirmou.
A tia de Remís reformou que os familiares não tinham conhecimento do perfil agressivo do acusado. "Inclusive teve uma briga na casa da mãe dela, ele bateu com a cabeça dele, quebrou o celular dela, quebrou até o guarda-roupa, a gente ficou sabendo depois", disse Luzinete, que ainda pontuou que Paulo César chegou a confessar o crime, mas sequer pediu desculpas à família da jovem.
Com informações de Vitória Silva