Calouros vivem angústia com indefinição na vida acadêmica

Novos alunos do ensino superior devem administrar emoções para conseguir bom desempenho nas aulas remotas

qua, 05/05/2021 - 15:18
Arquivo pessoal Psicólogo Raimundo Neto alerta para sintomas e recomenda terapia Arquivo pessoal

A pandemia da covid-19 afetou diretamente estudantes de todo o Brasil. Impôs ensino remoto e desorganizou o planejamento curricular. A situação potencializou expectativas e disparou quadros de ansiedade em calouros de faculdades e universidades, aprovados no início deste ano.

Desde o resultado, com a divulgação dos listões, até as comemorações, tudo o que se relaciona com o vestibular precisou ser alterado em 2021. As faculdades privadas e públicas quebraram tradições para se adequar à realidade da pandemia que já matou milhares de pessoas no Estado.

O psicólogo Raimundo Neto explica que o vestibular faz parte de um ritual brasileiro e as modificações na celebração e no formato das aulas afetaram indivíduos que sempre sonharam com aulas presenciais no ambiente acadêmico. Segundo Neto, muitos estudantes enfrentam o desânimo. “Há uma possibilidade, esse desânimo. É possível que nós tenhamos outras pessoas que consigam ingressar na faculdade e se sintam tão realizadas como se tivessem feito todo o processo de passagem de modo presencial. Então, realmente dependerá da subjetividade de cada um”, afirmou.

Esses fatores podem acionar sintomas de ansiedade nos estudantes, seja pela autoexigência ou preocupação com o curso escolhido. O psicólogo analisa a ansiedade pelos sintomas que cada pessoa apresenta e diz que respiração, meditação e tarefas de lazer ajudam a enfrentar o quadro. “Também é necessário acompanhamento junto a um profissional de saúde mental para que possa ser feita uma avaliação, além de terapias”, acrescentou Neto.

Hiago Rocha, calouro de Direito na Universidade Federal do Pará (UFPA), diz que as expectativas quanto às aulas o deixam ansioso por causa das dificuldades do ensino remoto, principalmente pela indefinição de aulas híbridas (remotas e presenciais) e as datas para o início do curso. O estudante relata que a pandemia também mudou sua percepção de comemoração do vestibular.

“Embora eu estivesse bastante feliz com o resultado, por estar realizando parte do meu sonho, que é entrar em uma universidade, o contexto que a gente está vivendo atualmente, toda essa situação de desamparo humanitário, nos puxa pra uma realidade que não conseguimos nos sentir confortável em festejar", relatou.

Pedro Albuquerque, que passou em Economia na UFPA, teme um mau rendimento em comparação com alunos anteriores que tiveram aulas presenciais. "O processo de vestibular de 2020 foi extremamente turbulento", completou.

O psicólogo Raimundo Neto ressalta a importância de administrar as emoções. Segundo ele, as angústias podem ser decorrentes do início das aulas e também do medo de contaminação – com a possível volta de aulas presenciais. "Há muitas influências nessas expectativas. Elas podem, de alguma forma, ser mais prejudiciais ou mais benéficas. É necessário fazer uma administração", finalizou.

Por Quezia Dias.

 

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