Facebook: ex-funcionária denuncia esgotamento psicológico
The Intercept expôs depoimento da mulher, que fazia parte da equipe de moderação da rede social
Na tarde desta segunda (25), o The Intercept Brasil publicou o depoimento de uma ex-funcionária da Arvato, terceirizada a qual presta serviço para o Facebook, que denuncia as condições de trabalho dos moderadores, isto é, dos trabalhadores responsáveis por assistir e remover os conteúdos impróprios da plataforma. A mulher, que preferiu não se identificar diz ter testemunhado “crises de choro, colapsos emocionais e ataques de fúria” de outros trabalhadores, submetidos a grande desgaste psicológico.
“Quando eu avaliava postagens em uma página ou grupo, não via os comentários – e isso deixava as coisas um pouco mais tranquilas. Ainda assim, lidei por muito tempo com conteúdos extremamente gráficos. Desmembramento, assassinato, suicídio, estupro e coisa pior. Abuso infantil ou animal eram os piores. E tinha bastante”, relata a mulher.
Em outro trecho da reportagem, a mulher menciona até registros de homicídio compartilhados na rede social. “Vídeos de execução também eram foda, porque geralmente contavam com muitos detalhes – e, nos últimos anos no Brasil, tem-se produzido muitos desses vídeos, em especial nos presídios. Facções criminosas inundam a plataforma com essa prática e diversos grupos e indivíduos compartilham esses vídeos e imagens. É uma forma de demonstrar poder, e o Facebook é a plataforma ideal para aumentar a imagem desses grupos”, acrescenta.
Também é dito que os moderadores estão expostos a baixos salários, assédio moral e desrespeitos trabalhistas. Em março de 2020, o Facebook fechou um acordo para pagar 52 milhões de dólares em indenizações a moderadores norte-americanos os quais adquiriram transtornos mentais em decorrência do trabalho. A empresa segue respondendo a processos por danos à saúde mental de moderadores de conteúdo.