Furacão Delta perde força e toca terra na costa mexicana
Cerca de 41.000 turistas foram evacuados de seus hotéis na terça-feira (6) para refúgios nos balneários de Cancún, Puerto Morelos e Isla Mujeres, segundo Roberto Cintrón, presidente da associação hoteleira local
O furacão Delta tocou terra nesta quarta-feira (7) pela manhã na costa caribenha do México como furacão de categoria dois, com ventos de até 175 km/h, sem registro de vítimas até o momento.
O ciclone, que chegou a alcançar a categoria quatro, entrou nesta madrugada pela Península de Yucatán, perto da cidade de Puerto Morelos, entre os balneários turísticos de Cancún e Playa del Carmen, segundo o Centro Nacional de Furacões, com sede em Miami.
"Não notificamos (...) nenhuma morte provocada por essa passagem do furacão", destacou Luis Alberto Ortega, da Proteção Civil do México.
O Delta causava chuvas torrenciais nos estados de Yucatán e Quintana Roo, assim como nos vizinhos Campeche e Tabasco.
O governador de Quintana Roo, Carlos Joaquín, informou que metade do balneário de Cancún "está sem energia elétrica, muito menos do que se esperava para este momento", enquanto relatou a queda de uma grande quantidade de árvores e de fiação elétrica.
- Turistas a salvo -
Cerca de 41.000 turistas foram evacuados de seus hotéis na terça-feira (6) para refúgios nos balneários de Cancún, Puerto Morelos e Isla Mujeres, segundo Roberto Cintrón, presidente da associação hoteleira local. Destes, 85% são mexicanos e o restante estrangeiros, principalmente americanos.
"Estávamos com 35% de nossa capacidade. Para prevenir o contágio da covid-19, nos refúgios foram tomadas as mesmas medidas que nos hotéis, como uso de álcool em gel e máscaras", acrescentou Cintrón.
Em Cancún, o maior destino turístico do México, mais de 160 albergues foram habilitados.
"Não conseguimos fazer muito. Viemos para relaxar um pouco com toda essa questão do coronavírus e estar em locais abertos", comentou na terça-feira à AFP Jonathan Rogers, no hotel Aquamarina Beach.
Rogers, de 30 anos, viajou junto com familiares da Cidade do México para Cancún após meses de confinamento pela pandemia de covid-19.
Segundo a previsão, o furacão percorrerá Quintana Roo e o vizinho Yucatán nesta noite para retornar ao mar pelo Golfo do México e seguir para os Estados Unidos.
Embora não esteja previsto um impacto no território de Cuba, o governo declarou "alarme ciclônico" para Pinar del Rio, Artemisa e o município especial Isla de la Juventud.
- Recorde de ciclones -
Nas primeiras horas desta quarta-feira, os ventos do Delta e a chuva que o acompanha foram sentidos em Cancún, onde as ruas estavam desertas, constatou uma equipe da AFP.
Os comércios já estavam fechados desde terça-feira à noite. Os aeroportos de Cancún e Cozumel suspenderam seus serviços no final da tarde.
No fim de semana, a tempestade tropical Gamma e outra frente fria provocaram intensas chuvas em grande parte da região, com um saldo de seis mortos e cerca de 600.000 afetados no sul e sudeste do México.
Essa situação representa um novo golpe para o Caribe mexicano, o principal destino turístico do México, que observou uma queda dramática na chegada de visitantes devido à pandemia.
O turismo representa mais de 8% do PIB do México, o quarto país do mundo mais enlutado pelo coronavírus com 82.348 mortes e 794.608 casos confirmados.
Os balneários do Caribe mexicano não são atingidos por um grande furacão desde 2005, quando o Wilma, de categoria 4, chegou à terra também em outubro. Porém, devido ao seu deslocamento lento, ficou praticamente parado por quase 72 horas entre Cozumel e Cancún.
Os moradores de Cancún se abasteceram com alimentos, água potável e tábuas de madeira, além de reunirem documentos importantes para sua proteção.
O Delta é a 26ª tempestade com nome, em uma temporada de furacões no Atlântico excepcionalmente ativa. Vários recordes já foram batidos este ano.
Entre eles, a lista de nomes previstos para os ciclones esgotou, e os meteorologistas começaram a identificá-los com o alfabeto grego.
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