Angola decreta fechamento de todos os templos da Universal
A organização religiosa é investigada por supostos crimes de fraude fiscal e associação criminosa
A justiça angolana ordenou o fechamento e apreensão de todos os templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola. O encerramento vem sendo realizado de forma gradual, em diferentes regiões do país. Segundo a agência portuguesa Lusa, que realiza cobertura das comunas vinculadas a Portugal, policiais encerraram nesse domingo (20) as atividades nos prédios das comunas de Kilamba, Estalagem, KM 30 e Samba.
“Por ordem do Ministério Público, todos os templos da IURD em Angola estão apreendidos e encerrados, mas o processo de conclusão será feito de forma gradual”, disse a fonte policial a Agência Lusa, acrescentando que existem 211 templos só na capital angolana, Ruanda.
Em Agosto, a PGR angolana apreendeu sete templos da IURD em Ruanda (Alvalade, Maculusso, Morro Bento, Patriota, Benfica, Cazenga e Viana), no âmbito de um processo criminal por alegados crimes de associação criminosa, fraude fiscal e exportação ilegal de capitais.
A IURD em Angola disse no domingo (20) ter ficado surpresa com a ordem de fechar quatro dos seus templos durante o serviço, dizendo que nenhum deles se encontrava nos sete edifícios apreendidos pela Procuradoria-Geral da República em agosto e classificou a operação policial como “desproporcional e excessiva”. A igreja alegou ainda que os oficiais não apresentaram qualquer mandado ou documentação de apoio.
Este é o primeiro fim de semana em que os cultos religiosos são retomados em Luanda desde março, quando o estado de emergência foi declarado em Angola devido à pandemia de Covid-19.
A IURD esteve envolvida em várias polêmicas em Angola depois que um grupo de dissidentes se retirou da liderança brasileira em novembro do ano passado. As tensões aumentaram em junho com a tomada de templos pela ala reformista, formada em uma Comissão para a Reforma dos Pastores Angolanos, com uma troca de acusações mútuas de atos ilícitos.
Os angolanos, liderados pelo bispo Valente Bezerra, disseram que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola chefiada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo, se deveu às práticas contrárias à religião, como a exigência do exercício da vasectomia, castração química, práticas racistas, discriminação social, abuso de autoridade, além de evasão de divisas para o exterior.
As alegações são negadas pela IURD Angola, que por sua vez acusa os dissidentes de ataques xenófobos e agressões a pastores, e que também instaurou processos judiciais contra os dissidentes.