Autoridades rivais na Líbia anunciam fim dos combates

Imediatamente após a divulgação das declarações, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi, cujo país considerou enviar tropas para a vizinha Líbia, saudou o anúncio das autoridades rivais

sex, 21/08/2020 - 09:41
Etienne LAURENT Nesta foto de 29 de maio de 2018, Khalifa Haftar, Aguila Saleh e Fayez al-Sarraj participam de um Congresso Internacional sobre a Líbia em Paris Etienne LAURENT

As autoridades rivais na Líbia anunciaram, nesta sexta-feira (21), o fim dos combates em todo o território e a organização de eleições num futuro breve, um "entendimento" saudado pela ONU.

Fayez al-Sarraj, chefe do Governo de União Nacional (GNA) com sede em Trípoli e reconhecido pela ONU, pediu a realização "de eleições presidenciais e parlamentares em março do próximo ano, tendo uma base constitucional resultante do consenso de todos os líbios", segundo um comunicado publicado no Facebook.

Por sua vez, Aguila Saleh, presidente do Parlamento com sede no leste do país, anunciou, em um comunicado distinto, eleições, sem citar uma data, e pediu que todas as partes respeitem "um cessar-fogo imediato e acabem com todos os combates em território líbio".

Imediatamente após a divulgação das declarações, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi, cujo país considerou enviar tropas para a vizinha Líbia, saudou o anúncio das autoridades rivais.

"Saúdo as declarações do Conselho Presidencial da Líbia e da Câmara dos Representantes pedindo um cessar-fogo e o fim das operações militares em todo o território líbio", disse Sissi no Twitter.

Desde a queda do regime de Muammar Khadafi em 2011, a Líbia está mergulhada em vários conflitos e numa disputa por influência entre duas autoridades rivais: o GNA, e um poder personificado pelo marechal Khalifa Haftar, um homem forte do leste do país que conta com o apoio de parte do Parlamento eleito e em particular do seu presidente, Aguila Saleh.

O GNA, apoiado pela Turquia, conseguiu repelir uma ofensiva do marechal Haftar lançada em abril de 2019 contra Trípoli, retomando o controle de todo o noroeste do país em junho.

Depois de mais de um ano de combates mortais, Sarraj "ordenou a todas as forças armadas um cessar-fogo imediato e o fim de todas as operações de combate em todo o território líbio", a fim de criar zonas desmilitarizadas em Sirte (norte) e na região de Joufra, mais ao sul, atualmente sob o controle de combatentes pró-Haftar.

No comunicado de Aguila Saleh, divulgado nesta sexta-feira pela Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (Manul), Saleh não menciona, porém, a desmilitarização de Sirte e Joufra, mas propõe a instalação de um novo governo em Sirte, local de nascimento do ex-ditador Muammar Khaddafi, então reduto do grupo Estado Islâmico (EI).

Por seu lado, a Manul acolheu "calorosamente o entendimento nas declarações de hoje do primeiro-ministro (Fayez) al-Sarraj e do presidente Aguila (Saleh), apelando a um cessar-fogo e a retomada do processo político".

O GNA, apoiado por Ancara, conseguiu repelir uma ofensiva do marechal Haftar lançada em abril de 2019 contra Trípoli, retomando o controle de todo o noroeste do país em junho passado.

Após 14 meses de combates mortais, os pró-Haftar retiraram-se para Sirte, uma cidade costeira 450 km a leste de Trípoli.

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