Beirute: Já estão confirmados 27 mortos e 2.500 feridos
"Os hospitais da capital estão todos cheios de feridos", afirmou o ministro da Saúde, Hamad Hassan
Duas violentas explosões registradas no porto de Beirute nesta terça-feira (4) deixaram 27 mortos e 2.500 feridos, segundo estimativas preliminares anunciadas pelo ministro da Saúde, Hamad Hassan.
"É uma catástrofe em todos os sentidos do termo", lamentou Hassan, em declarações a várias emissoras de televisão após visitar um hospital na capital libanesa.
"Os hospitais da capital estão todos cheios de feridos", acrescentou, pedindo que as outras vítimas sejam levadas para estabelecimentos nos arredores da cidade.
Antes, o diretor da Segurança Geral, Abbas Ibrahim, havia dito que as explosões poderiam ter sido causadas por "materiais altamente explosivos confiscados há anos", mas acrescentou que uma investigação determinará a "natureza exata do incidente".
No entanto, os responsáveis terão que "prestar contas", disse o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, que pediu ajuda aos "países amigos" do Líbano.
"Faço um apelo urgente a todos os países amigos e irmãos que amam o Líbano que se coloquem do nosso lado e nos ajudem a curar nossas feridas profundas", acrescentou.
Vídeos transmitidos nas redes sociais mostraram uma primeira explosão seguida por outra que causou uma gigantesca nuvem de fumaça.
As deflagrações sacudiram os edifícios vizinhos e fizeram com que vidros se quebrassem a vários quilômetros de distância.
O presidente Michel Aoun convocou uma "reunião urgente" do Conselho Superior de Defesa e o primeiro-ministro decretou um dia de luto nacional para a quarta-feira.
"É uma catástrofe. Existem corpos no chão. Ambulâncias estão pegando os corpos", disse à AFP um soldado próximo ao porto.
A imprensa local divulgou imagens de pessoas presas nos escombros, algumas cobertas de sangue.
"Pareceu um terremoto e, em seguida, uma grande deflagração e os vidros quebraram", contou à AFP uma libanesa no centro de Beirute.
Um navio atracado no porto estava em chamas, constataram jornalistas da AFP. Um oficial pediu a jornalistas que se afastassem do setor, temendo a explosão do combustível do navio.
- "Arremessados" -
O setor portuário foi isolado pelas forças de segurança, que só permitem a passagem da Defesa Civil, de ambulâncias e dos bombeiros, constataram jornalistas da AFP na entrada do porto.
Nos arredores, há muitos danos e destruição.
Duas horas após a explosão, chamas ainda podiam ser vistas na área. Um helicóptero carregava água do mar para apagar os incêndios.
"Vimos um pouco de fumaça e depois uma explosão. E então um cogumelo (de fumaça). A força das explosões nos arremessou para dentro do apartamento", diz um morador do bairro Manssouriyeh, que viu a explosão de sua varanda, a vários quilômetros do porto.
Após as explosões, muitos moradores, alguns deles feridos, andavam pelas ruas em direção aos hospitais.
Em frente ao centro médico de Clémenceau, dezenas de feridos, incluindo crianças cobertas de sangue, aguardavam atendimento, constatou um jornalista da AFP.
Quase todas as vitrines das lojas dos bairros Hamra, Badaro e Hazmieh estouraram, assim como os vidros dos carros. Nas ruas havia veículos abandonados com airbags acionados.
Segundo testemunhas, as deflagrações foram ouvidas até mesmo na cidade costeira de Larnaca, no Chipre, a mais de 200 km da costa libanesa.
Em 14 de fevereiro de 2005, um atentado realizado com uma van cheia de explosivos foi perpetrado contra o comboio do então primeiro-ministro Rafic Hariri, matando 21 pessoas e deixando mais de 200 feridos.
A deflagração provocou chamas com vários metros de altura e quebrou as janelas de prédios localizados em um raio de meio quilômetro.
Na sexta-feira, o Tribunal Especial do Líbano (TSL), com sede na Holanda, planeja anunciar o veredicto após o julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do poderoso movimento libanês Hezbollah, acusado de ter participado do assassinato de Rafic Hariri.
O Líbano passa pela pior crise econômica em décadas, marcada por uma depreciação cambial sem precedentes, hiperinflação e demissões em massa que alimentam a agitação social há vários meses.