Poloneses se preparam para eleger presidente
O presidente Andrzej Duda, que concorre a um segundo mandato, visitou Washington esta semana, onde ouviu palavras de encorajamento de seu colega americano Donald Trump
Os poloneses elegem no domingo (28) um novo presidente em eleições com resultados incertos que foram adiadas pelo coronavírus e que são cruciais para o futuro do governo nacionalista conservador.
O presidente Andrzej Duda, que concorre a um segundo mandato, visitou Washington esta semana, onde ouviu palavras de encorajamento de seu colega americano Donald Trump, que o parabenizou por seu "excelente trabalho".
Trump vê Duda, apoiado pelo partido governista Lei e Justiça (PiS), como um importante aliado europeu. Além disso, a visita do presidente polonês à Casa Branca foi a primeira de um líder estrangeiro desde o início da pandemia.
Mas os parceiros europeus da Polônia estão atentos para as reformas do governo populista polonês, particularmente do sistema judicial, considerando que prejudicam a democracia apenas três décadas após a queda do comunismo.
As pesquisas apontam Duda como favorito no primeiro turno, mas no segundo turno, em 12 de julho, a diferença seria mínima para seu provável rival, o liberal Rafal Trzaskowski, prefeito de Varsóvia.
Duda prometeu defender os benefícios sociais introduzidos pelo partido no poder, como o auxílio social por filho e o aumento das pensões, um fator-chave para a vitória dos populistas nas últimas legislativas de outubro.
O presidente também apoiou os ataques do PiS aos direitos das pessoas LGBT e valores ocidentais, no que muitos analistas veem como uma tentativa de desviar a atenção das suspeitas de corrupção de autoridades do partido na gestão da crise do coronavírus.
Os ataques de Duda à comunidade gay provocaram uma onda de protestos na Polônia e no exterior.
Por sua vez, com o lema "Estamos cansados!", o principal rival do atual presidente, Rafal Trzaskowski, prometeu restaurar os laços com Bruxelas.
Desde que chegaram ao poder em 2015, Duda e o PiS adotaram uma postura radical na política polonesa, alimentando tensões com a UE e expandindo sua influência por meio de empresas estatais e emissoras públicas.
Um novo mandato de cinco anos para Duda indubitavelmente permitirá que o PiS faça mudanças ainda mais controversas, enquanto sua derrota colocaria em risco a influência do partido.
Os problemas do dia a dia pesam no moral dos poloneses, num momento em que os estragos econômicos da pandemia levarão o país à sua primeira recessão desde o fim do comunismo.
No entanto, na cidade de Godziszow, no leste da Polônia, com uma população de 2.200 habitantes, não há dúvida sobre o vencedor. Quase 90% dos eleitores apoiaram o PiS nas eleições de outubro, seu melhor resultado em todo o país.
"Daria ao PiS um 'A' por seus gastos sociais", disse Magda Ciupak, 33 anos, professora de inglês, vereadora e mãe de dois filhos.
"Como conservadora, também é importante para mim que o presidente Duda seja um orgulhoso católico; ele é um de nós", diz Ciupak, que também administra uma fazenda com o marido.
Anna Konieczna, proprietária de uma pequena empresa na rica cidade de Poznan, no oeste da Polônia, vai votar em Trzaskowski.
Para ela, é "escandaloso" que o governo gaste as receitas tributárias geradas por pequenas empresas para pagar pelos benefícios sociais aprovados pelo partido no poder.
Originalmente agendada para maio, a eleição foi adiada devido à pandemia de coronavírus. A Polônia, com 38 milhões de habitantes, registrou mais de 33.000 casos e cerca de 1.400 mortes.