Estudo estima 4,2 milhões já contaminados no Brasil
Dados sobre a Covid-19 são do Imperial College de Londres
Cerca de 3,3% da população do Estado de São Paulo, 3,35% do Rio e 10,6% do Amazonas já devem ter se infectado com o novo coronavírus, aponta estimativa divulgada na sexta-feira, 8, pelo Grupo de Resposta à Covid-19 do Imperial College de Londres. Para São Paulo, isso representa cerca de 1,5 milhão de pessoas. No Rio, 582 mil; no Amazonas, cerca de 448 mil contaminados.
A estimativa, feita para 16 Estados com mais casos até o momento, é de que cerca de 4,2 milhões de pessoas já foram contaminadas (com margem de erro entre 3,48 milhões e 4,7 milhões). O dado ajuda a dar uma ideia do quanto a doença ainda é subdimensionada no País. "Isso inclui uma parcela significativa de pessoas que nunca desenvolvem sintoma, mas contribuem para a propagação da infecção", explicou ao Estadão o estatístico brasileiro Henrique Hoeltgebaum, um dos principais autores do trabalho.
"Como sabemos que no Brasil praticamente somente os casos graves são testados, era esperado que o número de infectados superasse bastante o de casos confirmados. Em nosso estudo, avaliamos diferentes cenários sob diferentes níveis de subnotificação", disse.
O estudo, elaborado por pesquisadores ingleses e brasileiros, avaliou a situação do País em relação à taxa de transmissão da doença - parte do número oficial de mortes para, em retrospectiva, estimar a parcela da população infectada.
Os pesquisadores afirmam que intervenções de isolamento foram capazes de derrubar em 54% o número de reprodução do coronavírus (para quantas pessoas uma contaminada é capaz de transmitir), mas a epidemia ainda está ativa e crescendo.
Segundo os autores, o número de reprodução mais alto hoje é observado no Pará, de 1,90. Em São Paulo, a taxa é de 1,47.
"Apesar de medidas tomadas até agora terem reduzido o número de reprodução, dados sugerem que a epidemia continua em aumento exponencial em todos os 16 Estados analisados", afirmou o médico Ricardo Schnekenberg, doutorando da Universidade de Oxford, que também assina a análise.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.