Venezuelanos que vivem aglomerados ganham lar provisório
Ao todo, 127 refugiados foram removidos para três casas no Recife concedidas pela prefeitura por meio de aluguel social
Venezuelanos da etnia Warao, que vivem em situação vulnerável no Recife, pedindo ajuda nas ruas, ganharam uma moradia provisória e alimentos para se isolarem e evitar o contágio pelo novo coronavírus. Ao todo, 127 venezuelanos foram divididos em três casas no Recife.
A aglomeração é uma das grandes preocupações da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 (CBNE2), instituição que tem assessorado e acolhido os imigrantes no Estado e foi responsável por conseguir as moradias. As casas, cedidas pela Prefeitura do Recife por meio do aluguel social, estão divididas com 25, 47 e 55 pessoas.
Segundo Neilda Pereira, secretária regional da CBNE2, viver em grandes grupos é uma característica dos próprios waraos. "Inicialmente nossa proposta seria um diálogo com a prefeitura para alugar várias casas. Mas faz parte da cultura deles, a gente tem que entender os costumes, não pode forçar", diz.
Na terça-feira (29), a CBNE2 foi informada que um idoso de 95 anos morreu em uma das casas. Ele não apresentou sintomas da Covid-19, mas será realizado um teste para confirmar. "Seria importante que eles aceitassem se dividir por causa do coronavírus, mas dizem que já enfrentaram coisa pior", pontuou Neilda.
As mudanças foram feitas na sexta-feira (24) e no sábado (25). A CBNE2 tem garantido alimentos e produtos de limpeza. Além do acompanhamento permanente, a instituição também tem conscientizado os venezuelanos para que não saiam de suas casas. "Estamos garantindo que chegue a alimentação. Tendo a alimentação em casa, não tem necessidade de sair às ruas e pedir nos sinais. Mas eles têm uma necessidade também de enviar dinheiro para a Venezuela. Acabam pedindo ajuda para mandar para os parentes que ficaram lá", explica a secretária.
A instituição estuda a construção de um conjunto de ações para essa população. Em conversas com os refugiados, foi notado o interesse em atividades relacionadas à pescaria e construção de canoas. "Eram atividades que eles faziam na Venezuela porque moravam próximos a rios", diz Pereira. A CBNE2 quer discutir a possibilidade das famílias reconstruírem suas vidas em outras regiões do Estado.
O Convento Nossa Senhora da Glória, no Recife, faz campanhas e organiza os alimentos a serem distribuídos para os imigrantes. Interessados em fazer doações podem telefonar para a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 no telefone (81) 98223-1741 ou entrar em contato por meio das redes sociais da organização.