Quarentena termina em Hubei mas o medo persiste

Moradores acreditam que o novo coronavírus continua sendo um perigo

qui, 26/03/2020 - 07:39
Noel Celis Funcionários de restaurante, de máscara, aguardam clientes em Huanggang, na província de Hubei (China), em 26 de março de 2020 Noel Celis

Apesar do fim do confinamento e do isolamento de dois meses, em Huanggang, cidade da província chinesa de Hubei, berço da pandemia, os moradores acreditam que o novo coronavírus continua sendo um perigo.

A vida começa a voltar à normalidade aos poucos em Hubei, onde os mais de 50 milhões de habitantes estavam de fato em quarentena desde o fim de janeiro.

Este é o caso de Huanggang, uma das cidades mais afetadas pela pandemia, onde os 7,5 milhões de habitantes estão novamente autorizados a fazer deslocamentos, inclusive fora da província.

Em uma rua comercial decorada decorada com lanternas vermelhas, um grupo de entregadores aguarda os pedidos na frente de um restaurante. Mas há poucos clientes e, de todas as maneiras, não é permitido comer dentro do estabelecimento.

Uma vendedora de panquecas afirma à AFP que voltou a trabalhar depois de dois meses de confinamento. "Me sinto mais livre por poder sair de casa", afirmou a mulher, que não quis revelar seu nome. A vendedora lamentou que os negócios "não vão tão bem como antes".

Chen Wenjun, uma farmacêutica de 22 anos, comemora a possibilidade de sair de casa, mas continua atenta e usa uma máscara. "Muitos lugares reabriram, mas temos que continuar muito atentos", explica a mulher, acompanhada por dois amigos ao lado de uma barraca de comida.

Huanggang fica 75 quilômetros ao sudeste de Wuhan, a capital da província, que tem o maior número de vítimas fatais da Covid-19 no país (mais de 2.500).

A atividade demora a ser retomada. Muitos hotéis estão fechados e apenas alguns deles registram poucos hóspedes. Nas ruas, muitos cartazes oficiais alertam que a epidemia não chegou ao fim.

"Uma reunião para jogar cartas é um suicídio", afirma uma das faixas vermelhas pendurada em uma rua, em referência a uma das atividades preferidas dos aposentados chineses. "Se você não usa máscara, o vírus pode se apaixonar por você", afirma outra mensagem oficial.

Desde o surgimento do vírus em dezembro em Hubei, quase 3.000 pessoas foram contaminadas em Huanggang e 125 morreram, de acordo com as autoridades locais. Aproveitando o fim das restrições de viagens, muitos moradores tentam sair da cidade ou da província.

Os habitantes de Wuhan, a capital provincial onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez em dezembro, terão que esperar até 8 de abril pelo fim da quarentena. Na estação de Huanggang, vários agentes trabalham para evitar que os passageiros se aproximem uns dos outros. Mas algumas áreas de espera estavam lotadas.

Correspondentes da AFP conseguiram sair da estação, mas apenas depois que colocaram a segunda máscara cirúrgica sobre a primeira, obedecendo as ordens da polícia ferroviária. Apesar de melhor, a situação em Huanggang "ainda é perigosa", afirma um agente.

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