Assad não quer a Turquia como 'inimigo'
'Devemos nos assegurar de não transformar a Turquia em um inimigo', disse Al-Assad em entrevista à TV estatal
O presidente sírio, Bashar al-Assad, declarou nesta quinta-feira (31) que não quer tornar a Turquia um "inimigo", apesar da presença de forças turcas no norte do país.
"Devemos nos assegurar de não transformar a Turquia em um inimigo", disse Al-Assad em entrevista à TV estatal. "Aqui é onde entra o papel dos (países) amigos", como Rússia e Irã.
Mas Al-Assad avaliou que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, é um "inimigo" devido a sua política hostil com Damasco.
Durante a guerra na Síria, que causou mais de 370 mil mortes desde 2011, a Turquia apoiou os grupos rebeldes.
O Exército turco e as milícias sírias que o apoiam realizam operações militares no norte da Síria contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e contra as forças curdas que Ancara qualifica de "terroristas".
A ofensiva lançada em 9 de outubro permitiu à Turquia controlar uma faixa de 120 km em detrimento da principal milícia curda na Síria, as Unidades de Defesa Popular (YPG).
A operação militar foi suspensa graças a dois acordos concluídos entre as autoridades turcas e Washington e Moscou.
Ancara quer uma "zona de segurança" de 30 km de largura no território sírio para impedir a emergência de um embrião de Estado curdo em sua fronteira, suscetível de avivar as reivindicações desta minoria étnica na Turquia.
A ofensiva lançada por Ancara deu a Damasco a oportunidade de ocupar, pela primeira vez desde 2012, vários setores do norte da Síria, após os curdos pedirem a ajuda de Damasco, diante da saída das tropas americanas da zona.
"A entrada do exército sírio (no norte) significa a entrada do Estado", disse Al-Assad na entrevista, acrescentando que a recuperação da soberania nacional nestas áreas e o eventual desarmamento das forças curdas se fará "progressivamente".
Sobre o acordo entre Ancara e Moscou que prevê patrulhas conjuntas turco-russas ao longo da fronteira entre Síria e Turquia, Al-Assad qualificou de algo "temporário". "É preciso distinguir entre os objetivos estratégicos (...) e os enfoques táticos".
Al-Assad também falou da situação na região de Idlib (noroeste), objeto de um acordo entre Rússia e Turquia. "Libertaremos Idlib (...) gradualmente através de operações militares".
A região de Idlib é o último grande bastião hostil ao regime de Al-Assad.