Cardeal Pell apela da condenação por pedofilia

O cardeal australiano, de 78, foi arcebispo de Melbourne e Sydney nos anos 1990

ter, 17/09/2019 - 10:40
Con Chronis (Arquivo) O cardeal George Pell, na cidade australiana de Melbourne Con Chronis

O cardeal George Pell, ex-número três do Vaticano, apresentou oficialmente nesta terça-feira (17) ao Tribunal Supremo australiano seu último recurso contra a condenação por pedofilia - anunciaram fontes judiciais em Canberra.

No mês passado, o Tribunal Supremo de Victoria, sul da Austrália, rejeitou a apelação contra a condenação de seis anos de prisão do religioso por abusos contra dois coroinhas em 1996 e 1997.

O cardeal australiano, de 78, foi arcebispo de Melbourne e Sydney nos anos 1990.

Pell, que alega inocência, é o principal nome da Igreja Católica condenado por pedofilia e está preso atualmente.

Em dezembro, ele foi considerado culpado de cinco acusações, incluindo ter forçado um garoto de 13 anos a fazer sexo oral em 1996 e de ter-se masturbado, esfregando-se em outro jovem.

Os eventos ocorreram na sacristia da Catedral de São Patrício, em Melbourne, da qual Pell foi arcebispo, e onde as duas vítimas haviam se escondido para beber o vinho da missa.

Dois meses depois, Pell colocou um dos adolescentes contra a parede e tocou seu órgão genital.

Os advogados do cardeal encaminharam 13 objeções à decisão de primeira instância, incluindo a de que era "fisicamente impossível" que os supostos atos tenham acontecido em uma catedral lotada.

Também questionaram os períodos em que as agressões sexuais teriam ocorrido, alegando ser "impossível", se considerados os deslocamentos dentro da catedral.

Também afirmaram que a pena imposta era questionável, porque se baseava no depoimento de uma única vítima sobrevivente. Uma delas morreu de overdose em 2014 sem nunca ter revelado publicamente os abusos.

O sobrevivente, agora adulto e cujo nome não pode ser divulgado por motivos legais, afirmou que os "estressantes quatro anos de batalha legal o levaram a lugares dos quais temia não conseguiu retornar".

O homem disse que a morte do amigo por overdose o motivou a quebrar o silêncio.

Em uma nota, o Vaticano afirmou que Pell tinha o direito de apresentar o recurso de apelação.

- Ascensão -

Antes da queda em desgraça, Pell viveu uma rápida ascensão. Foi nomeado arcebispo de Melbourne, posteriormente de Sydney e, em 2003, entrou para o poderoso Colégio de Cardeais. Isso permitiu que votasse nos conclaves que escolheram os papas Bento XVI e Francisco.

Em 2013, Francisco o selecionou para integrar o conselho de nove cardeais (C9) responsável por ajudá-lo a reformar a Cúria.

E, em 2014, o pontífice o nomeou secretário de Economia, o que transformou o australiano no número três da Santa Sé.

Durante o julgamento, a Santa Sé aproveitou uma ordem que estabelecia o silêncio dos meios de comunicação sobre o processo para afastar Pell de suas funções, sem apresentar explicações.

Após a condenação, o australiano foi destituído do cargo de secretário de Economia do Vaticano e perdeu o posto no C9.

O Vaticano também abriu uma investigação sobre as ações do cardeal.

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