Exposição mostra o trabalho dos Médicos sem Fronteiras
Teatro Estação Gasômetro, em Belém, recebe mostra de fotografias da organização humanitária internacional que já recebeu o prêmio Nobel da Paz
A exposição “Da Ação à Palavra”, da Organização Internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), abriu as portas em Belém. A mostra apresenta 15 fotografias da atuação da MSF desde a origem, na guerra de Biafra (conflito separatista na Nigéria, no fim dos anos 60, que provocou um milhão de mortes), até as crises atuais no Iêmen e no Mediterrâneo. A exposição está no Teatro Estação Gasômetro e vai até 25 deste mês, sempre de terça-feira a domingo, das 9 às 18 horas.
Além da exposição, o MSF abriu um calendário de atividades na capital, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado do Pará (Secult) e a Cargosoft. A mostra clareia crises esquecidas e realidades em que a ajuda humanitária é a única forma de populações terem acesso a cuidados de saúde. “Falar sobre isso é uma missão do MSF, porque o silêncio diante dessas situações pode significar a morte de milhares de pessoas. Muitas vezes é preciso falar sobre as crises esquecidas e negligenciadas para atrair mais ajuda a essas pessoas”, disse Diogo Galvão, coordenador de eventos de MSF.
Segundo Diogo, a proposta do MSF é, além de salvar vidas e aliviar o sofrimento da população, dar voz e divulgar abusos. “Na nossa essência está a comunicação. A gente desenvolve diversas iniciativas nessa área, entre elas atividades como exposições. A proposta é trazer a comunicação sobre as principais crises humanitárias em que a gente atuou. Belém esteve na nossa rota. A gente faz esse tipo de atividade pelo país todo. Identificamos que seria muito interessante essa parceria com a cidade, com a Secretaria da Cultura, receber a exposição”, explicou o coordenador.
No mesmo dia da abertura da exposição (31), o MSF promoveu uma sessão de cinema com o filme “Fogo nas Veias”, de Dylan Mohan Gray, no auditório do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). Após o filme houve debate sobre o documentário. “Ele fala (o filme) da luta do médico sem fronteira para tornar os medicamentos contra HIV disponíveis para uma população altamente vulnerável. A gente percebe que durante muitos anos o HIV só podia ser tratado por pessoas que podiam pagar pelo remédio e existia uma grande dúvida em relação à necessidade e à possibilidade de as pessoas mais pobres terem acesso ao tratamento”, explicou Rafael Sacramento, médico infectologista que trabalhou enfrentando o HIV em Moçambique, com os médicos sem fronteiras, e debatedor.
Segundo Rafael, o bom resultado da atuação do MSF, que começou em 1996, é fruto da luta pela quebra de patente para tornar os medicamentos disponíveis para as pessoas que não podiam pagar. “O que a gente vive hoje, as pessoas vivendo com HIV, a gente considerar o HIV uma doença crônica, é tudo fruto disso, e esse filme retrata o processo histórico que a gente precisou enfrentar, lutando contra o monopólio das indústrias farmacêuticas, lutando contra essa visão da doença da pessoa como lucro”, afirmou o médico.
Rafael explica que o Médicos sem Fronteiras continua na luta com a campanha de acesso aos medicamentos. “A gente sabe que existe um comércio dos medicamentos. Os medicamentos vão para as prateleiras das farmácias custando muito mais do que o necessário para produzi-los”, disse.
O MSF é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Existe deste 1971, quando foi criada por jovens médicos e jornalistas, na França. Os criadores da MSF atuaram como voluntários no fim dos anos 60 em Biafra, na Nigéria, onde perceberam as limitações da ajuda humanitária internacional.
A organização associa ajuda médica e sensibilização do público sobre o sofrimento de seus pacientes, para dar visibilidade a realidades que precisam de atenção e mudança emergencial. Em 1999, o MSF recebeu o prêmio Nobel da Paz e está presente em mais de 70 países. Conta com mais de 45 mil profissionais de diversas áreas e nacionalidades e 96% de seu financiamento vêm de doações de indivíduos e da iniciativa privada.
Profissionais de jornalismo e estudantes de comunicação também participaram do seminário “Comunicando Crises Humanitárias – Como cobrir conflitos armados, desastres naturais e epidemias”, na manhã de sábado (1), no Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). “O seminário mostrou o trabalho de produção de conteúdo de MSF nesses contextos, falou do tipo de comunicação e cuidados com as mensagens sobre essas populações mais vulneráveis, além de trazer ao público depoimentos em vídeo de profissionais de imprensa que estiveram em campo realizando a cobertura de algumas crises humanitárias”, explicou o coordenador de Imprensa de MSF, Paulo Braga.
O seminário contou ainda com a sessão “Talk-Show com MSF”, que foi conduzido por Renata Ferreira, jornalista e professora da UNAMA - Universidade da Amazônia, e teve como entrevistados Rafael Sacramento, o médico infectologista, e Junia Cajazeiro, pediatra. Ambos são profissionais de MSF e atuaram em projetos da organização na África, Oriente Médio e Ásia.
Quem tiver interesse m conhecer mais sobre a Organização, basta acessar o site https://www.msf.org.br/
Serviço
Exposição "Da Ação á Palavra".
Local: Teatro Estação Gasômetro – Avenida Magalhães Barata, 830 - São Brás, Belém. Data: de 31/05 (sexta-feira) a 25/06 (terça-feira). Horário: Terça a domingo, das 9h às 18h (horários podem variar conforme agenda de atividades do teatro). Entrada: gratuita.