Kim Jong Un atravessa a China para reunião com Trump

O segundo encontro está previsto para os dias 27 e 28 de fevereiro

dom, 24/02/2019 - 14:57
Jewel SAMAD Policial vietnamita passa por outdoor sobre encontro Trump-Kim Jewel SAMAD

O trem blindado do líder norte-coreano atravessava a China neste domingo em direção ao Vietnã, onde Kim Jong Un celebrará sua segunda reunião de cúpula com o presidente americano, Donald Trump, na próxima semana.

O comboio atravessou no sábado à noite a ponte que liga a Coreia do Norte à cidade chinesa de Dandong, informaram a agência de notícias sul-coreana Yonhap e o site especializado NK News. As forças de segurança impediram a aproximação dos jornalistas da via férrea.

A agência oficial norte-coreana KCNA anunciou neste domingo que Kim Jong Un saiu de Pyongyang para o segundo encontro de cúpula com Trump, após a histórica reunião de junho do ano passado em Singapura.

O segundo encontro está previsto para os dias 27 e 28 de fevereiro.

Enquanto isso, o presidente americano considerou neste domingo que a Coreia do Norte pode se tornar uma das "grandes potências econômicas" do mundo se renunciar ao seu arsenal nuclear.

Em uma série de tuites antes de sua viagem para Hanói, Trump elogiou a China e a Rússia por estabelecer sanções contra Pyongyang.

Ao mesmo tempo, insistiu que tem uma "grande relação com o presidente Kim".

"O presidente Kim sabe, talvez melhor que ninguém, que sem armas nucleares, seu país poderia rapidamente se tornar uma das grandes potências econômicas do mundo. Por causa de sua localização e de seu povo, tem mais potencial para um rápido crescimento do que qualquer outra nação!", escreveu.

Trump indicou ainda que ele e Kim esperam que continue "o progresso alcançado na primeira cúpula em Singapura. Desnuclearização?"

O líder norte-coreano é acompanhado por seu braço direito, o general Kim Yong Chol, que se reuniu com Trump na Casa Branca em janeiro, e por outros dirigentes.

O hermetismo mais absoluto cerca a agenda do líder norte-coreano antes da reunião com Trump.

Várias fontes vietnamitas que pediram anonimato afirmaram que Kim Jong Un deve seguir de trem até a estação vietnamita de Dong Dang, na fronteira com a China, e depois prosseguir a viagem de carro até Hanói.

Soldados vietnamitas estavam posicionados na rodovia que segue da fronteira até a capital, um trajeto de 170 km. As autoridades do país já anunciaram o fechamento total ao tráfego, habitualmente muito pesado, na terça-feira entre 6H00 e 14H00 locais, o que permite supor a passagem do líder norte-coreano neste período.

"O Vietnã quer contribuir para a paz mundial e para esta reunião. O Vietnã garantirá a máxima segurança e proteção a todos os convidados distintos ao país", disse o primeiro-ministro vietnamita, Xuan Phuc.

Viajar de trem de Pyongyang até a fronteira da China com o Vietnã representa para Kim Jong Un um périplo de quase 4.000 km, ou quase 60 horas de trajeto para um comboio blindado que dificilmente supera 60 km/h.

O trem demoraria 13 horas para chegar a Pequim, mas não havia sinais de segurança reforçada na estação da capital chinesa, o que permite pensar que o norte-coreano não deve parar na cidade durante a ida.

Kim Jong Un poderia utilizar o mesmo método de viagem no retorno, o que possibilitaria uma escala em Pequim para uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, durante a qual abordaria como aconteceu o encontro com Donald Trump.

Para o encontro em Singapura, Kim viajou em um avião chinês e uma semana depois visitou Pequim para uma reunião com Xi.

Mas viajar de trem permitiria ao norte-coreano mostrar "independência" a respeito de Pequim.

O itinerário ao longo do território chinês será um desafio logístico.

A viagem de trem também tem uma carga simbólica para Kim Jong Un, ao retomar a tradição de seu avô Kim Il Sung e de seu pai, Kim Jong Il, quem em 2001 viajou desta maneira até Moscou.

O encontro de cúpula de Kim e Trump deve apresentar mais detalhes sobre o programa de desmantelamento do arsenal nuclear da Coreia do Norte.

No primeiro encontro em Singapura, os dois governantes assinaram um documento com um texto vago no qual Pyongyang se comprometia com a desnuclearização.

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